Capítulo 21

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Capítulo 21

Pouco antes das onze e meia da manhã, o conde e a condessa de Storr estavam sentados no salão azul do Castelo. O velho conde, que havia sido um homem muito bonito, lia em voz alta o jornal Morning Post para a esposa.

-- Não está prestando atenção, Emily – ele disse.

-- Estava sim, querido – a condessa respondeu, levantando os olhos do bordado.

-- Então, o que é que eu estava dizendo? – o conde de Storr perguntou.

Ela deu uma risada leve e juvenil, apesar dos cabelos grisalhos. – Está bem, querido, você me pegou, como Elizabeth costumava dizer. Eu estava pensando em Thomas.

-- Nós dois não fazemos outra coisa esses últimos dias – o lorde de Storr resmungou.

-- Ele não está feliz, Arthur.

-- Não está feliz! – o conde exclamou. – E por que não? Demos a ele tudo o que precisava, não? E ele mesmo se recusou a ir passar uns tempos em Londres, apesar da sua promessa de apresenta-lo à rainha.

-- Ele chora todas as noites até adormecer – lady Storr disse, tristonha. – A sra. Danvers me contou. Disse que é horrível ouvir o rapaz chorar, mas não quero força-lo a me contar o que é. Talvez, depois de ganhar mais confiança em nós, nos conte a razão dessa tristeza.

-- O que poderá ser? – o conde indagou. – Não posso acreditar que tata infelicidade tenha sido causada só pela morte do pai. – Ele fungou e resmungou irritado.

-- Ora, vamos, Arthur! – sua mulher ralhou. – Mas, o que pode ser?

-- Eu sei, eu sei – ele disse depressa. – Não vou falar nada sobre aquele poeta, para não perturbar Thomas. Que por sinal tem umas maneiras muito esquisitas, meio afetadas, na minha opinião. Mas... não vou julgar ninguém pelos gostos particulares. E depois fico pensando no tempo que aquele poetinha manteve minha filha e meu neto afastados de mim tenho vontade de amaldiçoa-lo.

-- A culpa foi sua, querido. Sabe que não se esforçou para encontrar Elizabeth logo que eles fugiram. E depois, quando resolvemos investigar, eles haviam desaparecido sem deixar vestígio.

-- Está bem, foi minha culpa – ele se penitenciou. – Mas, agora que temos Thomas conosco, afetado ou não, quero que seja feliz. Quero dar a ele tudo o que quiser, Emily, tudo! Nunca fui um homem preconceituoso. E se Thomas quiser se refugiar aqui por causa dos gostos que parece que tem, farei desse castelo seu oásis. Estou muito velho para ter certos pudores.

-- Claro, querido. Faremos tudo que estiver em nosso poder – seu tom de voz era suave.

A porta se abriu e o mordomo entrou. – Lorde Menvil chegou, milorde. Pede para ser recebido. Disse que é urgente.

-- Lorde Menvil! – o conde estava surpreso. – Mande entrar, Newman. E sirva-nos o melhor vinho do porto.

-- Pensei que ele nunca vinha ao campo – a condessa comentou. – Que era muito boêmio e deixou sua propriedade um pouco abandonada esses últimos anos.

-- Lorde Menvil! – o mordomo anunciou, tornando a abrir a porta.

Lady Storr levantou-se para recebe-lo. Estava vestido com extrema elegância e ela não estava velha demais para admirar a beleza e elegância de uma pessoa seja homem ou mulher. Ao cumprimenta-la lhe deu um sorriso charmoso.

-- Estou contente por vê-lo, Menvil – o conde disse. – Perdoe se não me levanto, mas essa maldita gota. Uma das agruras da idade, que todos temos de enfrentar em seu devido tempo.

Domando o Barão (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora