– Emma
Nos dias seguintes, vários olhares foram trocados entre Emma e Ashton. De vez em quando, quando a rapariga saía da casa de banho pública, lá estava ele, a observá-la como se conseguisse ver a sua alma.
O mais impressionante de tudo era o facto de Emma nem se sentir amedrontada por ele. Seria esse o objectivo de Ashton? Se sim, não iria resultar.
A adolescente encontrava-se, como sempre, na biblioteca. As pontas dos seus dedos percorriam as doces páginas de um dos seus livros preferidos. Ela lia sobre pessoas que nunca poderia ser e aventuras que nunca poderia ter.
Remexeu-se na pequena cadeira que sempre a acolhera. Situava-se num espaço escondido, tapado por estantes. Mais parecia que ninguém sabia da existência do mesmo, uma vez que a rapariga já tinha ficado fechada neste lugar, por ter perdido a noção do tempo.
O livro que ela se encontrava a ler falava sobre algo cativante. Emma já o tinha lido imensas vezes, mas parecia não se cansar da história. A adolescente, sempre que lia estes grandes pedaços de papel, gostava de criar outros tipos de finais na sua mente, porém, com este livro, ela estava mais do que satisfeita com a forma de como acabou.
A personagem principal era um rapaz denominado de Aaron, que trabalhava num café chamado Belo Tok. Vulgar? Talvez. Mas não era apenas isso. Este rapaz era namoriscador, podia-se dizer. Contudo, respeitava as raparigas.
Num dia normal como os outros, algo de diferente aconteceu. Uma rapariga, Heather, colocou-se à porta do estabelecimento pertencente ao rapaz de vinte e um anos.
Ela defendia os direitos femininos. Era uma feminista. Porém, estava a interromper o negócio de Aaron com a distribuição de panfletos.
Quando a viu, o rapaz sentiu-se quase que admirado pela beleza dela. Os seus olhos cor-de-mel eram esbugalhados e as suas pestanas longas faziam-nos sobressair. As feições que lhe pertenciam eram bem definidas e o seu cabelo estava prendido num rabo de cavalo formal.
Tiveram um mau começo. Aaron tentava namoriscar e Heather ficava cada vez mais irritada. As raparigas eram seres humanos tal como os rapazes. Não eram algo para se conquistar; – e Heather explicou-lhe isso ao longo do tempo.
As pessoas não nasciam ensinadas, e se ela quisesse menos um rapaz ignorante neste Mundo, teria que o fazer. Aaron começou a adorar ouvi-la falar dos seus princípios, com um brilhozinho nos olhos. Era fascinante. A forma de como iria fazer gestos com as mãos e colocar o cabelo por trás da orelha enquanto falava. Era tão fascinante que ele próprio tirava, de vez em quando, folgas, para a poder ver e ouvir. Não se fartava disso.
Esta história ensina-nos algo. A maioria ensina, – seja bom ou mau. Não devemos insinuar algo sem saber os princípios das pessoas. Nem todos pensam da mesma forma que nós, pois não tiveram a oportunidade de ser informados. E esse é o papel que temos em alguns desses casos, – dar-lhes a oportunidade de conhecer a informação desconhecida. Partilhá-la.
Foi isso que Aaron e Heather fizeram, e, como acabou a sua história? Essa parte ficaria para outra altura.
Emma fechou o livro cautelosamente e levantou-se num lento movimento. Colocou o objecto no buraco que havia na estante e um suspiro escapou-lhe dos finos e hidratados lábios.
O seu olhar viajou por cada canto da bem construída biblioteca e a rapariga sorriu quando reparou num rapaz que lhe era familiar. Sendo a curiosa adolescente que é, foi até ele e deixou-se sentar na cadeira ao seu lado, como se essa fosse a coisa mais normal à face da Terra. O tímido rapaz inclinou um pouco a cabeça, de modo a poder observá-la. Levantou uma sobrancelha e suspirou pesadamente, cruzando os braços ao peito.
"O que queres de mim?" – arfou ele, ajeitando a camisola de tecido quente sobre os largos ombros.
Emma tinha que admitir, –– ele intimidava-a um pouco, com aquele olhar de desprezo e linha do maxilar bem definida. Mas, mesmo assim, arranjou coragem dentro de si e esboçou um sorriso amigável, perguntando-lhe depois:
"Qual é o teu nome?"
"Ashton. Era só isso que querias?" – ele respondeu-lhe com uma simplicidade imensa.
"O que estás a ler?" – Emma aproximou-se um pouco dele para poder espreitar – "Oh, esse é um dos meus preferidos" – disse ela assim que conseguiu ver a capa.
"Deves ter imensos livros preferidos" – Ashton afirmou, com alguma amargura presente na voz.
"Não consigo escolher apenas um. Tu consegues?" – franziu o sobrolho, apoiando o queixo nas costas das mãos.
"Não" – o adolescente admitiu. Os lábios de Emma curvaram-se num pequeno sorrisinho.
"Já descobriste o porquê de quereres estar sempre sozinho?" – inquiriu a rapariga de cabelos castanhos escuros.
"Gosto de me isolar. Tu não?" – Ashton, pela primeira vez, decidiu fazer contacto visual com a rapariga, que foi apanhada de surpresa. Tentou compor-se. Não queria parecer estranha por estar de olhos arregalados e lábios entreabertos a olhar para a vista do rapaz à sua frente. Ia responder-lhe, mas o seu telemóvel começou a vibrar no bolso das calças. Colocou o indicador à frente do rosto, como se lhe estivesse a dizer para esperar um segundo, e atendeu a chamada.
"Sim?" – murmurou, devido ao facto de estar na biblioteca – "Não, pai" – revirou os olhos – "Sim, sim, daqui a dez minutos já estou em casa. Podes ficar descansado" – fez uma breve pausa – "Está bem. Amo-te" – e desligou.
Emma tinha o hábito de relembrar as pessoas do quanto as amava. Foi algo que o seu pai lhe ensinara desde pequenina. Se alguma vez amares alguém, diz-lhes. Então, ela fazia-o.
"Tenho que ir" – falou num tom baixo, dirigindo-se a Ashton, que a observava com um olhar suspeito. Ele assentiu, engolindo em seco, e voltou a focar-se no livro à sua frente.
"Vejo-te depois" – sorriu-lhe abertamente, como despedida. Levantou-se segundos depois e começou a caminhar, mas, antes de sair do estabelecimento, não se esqueceu de olhar para trás, querendo dar uma última olhadela em Ashton, que já estava a fitá-la.
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Sweaters ➤ Ashton Irwin [Dropped]
Fanfic☁ ☁ ☁ ❝ Costumava odiar a vida antes de te conhecer. Pensava que quanto mais queria desaparecer, mais preso aqui ficava. Contudo, tu fizeste-me perceber que existem coisas boas neste Mundo. Passei a amar as camisolas quent...