Quem diria que eu estaria escrevendo uma história de "nerd e popular", mas aqui estamos, e acho que vocês vão se surpreender.
Espero que gostem e boa leitura!
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— Você não está de olho nele, está? — perguntou Valentina, abraçada com seus livros de história, geografia e matemática. Ela os usava quase como um escudo.
— Hm... — murmurou Ana Luísa, desviando o olhar do garoto para o chão, sentindo as bochechas esquentarem.
— Eu já falei, não perde seu tempo. Daqui a pouco vai ficar igual a Juliana.
— Como assim igual?
— Ué, ela começou a gostar dele. Em segredo, né. E foi assim que nem você. Ficava olhando, daqui a pouco estava procurando perfil dele no Facebook, fuxicando nas fotos do perfil... Cuidado, viu.
Ana deu uma risada baixa. — Relaxa, eu não vou me apaixonar. Já sei que ele nunca me olharia... Olha o tanto de menina bonita que fica perto dele. — Indicou com o queixo, e ambas notaram que o garoto desaparecera.
— Pois é... — Valentina arregalou os olhos, de repente, agarrando o braço da amiga. — Você não percebeu nada diferente no grupinho deles?
— Não. — Deu uma breve olhada para lá. — O quê?
— Está faltando alguém.
Analisando cuidadosamente, Ana Luísa contou os integrantes do grupo. Desde que os notara, sempre viu cinco pessoas. Hoje, porém, haviam quatro.
— Viu? — A garota sorriu, travessamente. — Eu ouvi alguns papos de que o Beto estava ficando com a menina do grupo, e ontem e hoje ela não está entre eles. Ou seja...
— Eles brigaram — supôs, erguendo uma sobrancelha.
— Provavelmente. A pista está livre para a próxima. Quer se candidatar? — brincou, lhe dando uma cotovelada.
— Até parece. Eu não consigo me imaginar naquele grupo, sendo observada por todo mundo da escola... Não deve ser legal.
— Não se você gosta de atenção...
— Nossa, eu esqueci meu celular na sala — interrompeu Ana, tateando os bolsos da calça, desesperadamente.
— A sala está fechada, não precisa se preocupar. Ninguém vai roubar.
— Eu não posso perder ele. Minha vida toda está naquele pedaço de metal — disparou. — Vamos lá comigo.
— Você ouviu o que eu falei? A sala está fechada.
— Eu sei, mas não custa dar uma olhada. De qualquer jeito, é melhor ficar lá e esperar o professor aparecer.
— Eu vou terminar de comer. Depois te encontro lá.
Começando a suar frio, Ana Luísa colocou a mochila nas costas e correu para o prédio dois. Subiu as escadas e andou rapidamente até a última sala, notando que a porta estava entreaberta. Respirou aliviada e a empurrou, entrando, arregalando os olhos ao ver Beto erguendo-se da mesa do professor, no susto. Ele segurava uma caneta, e o diário de classe estava aberto sobre o tampo.
Os dois se encararam, alarmados.
— O que está fazendo aqui? — Beto perguntou, tentando disfarçar seu medo.
— E-eu só vim pegar meu celular... — gaguejou Ana, paralisada.
Desconfiado, Beto concordou. — Tá. Você não me viu aqui.
Afirmando rapidamente, Ana direcionou-se até sua carteira, agachando ao seu lado e encontrando o celular no compartimento inferior da mesa. Assim que o pegou, andou em direção à porta com o olhar baixo.
— Ei — chamou Beto, fazendo a garota paralisar no lugar, prestes a pegar a maçaneta da porta. Ela se virou para olhá-lo. — Escutou, né? Bico fechado.
— Sim... Eu não vou falar nada... O que você está fazendo...?
— Se eu falar, você jura guardar segredo? — Voltou a curvar-se sobre a mesa.
— Juro.
— Tô tentando mudar a minha nota da última prova, pra não me ferrar no final do semestre.
— Não é mais fácil você estudar para ir bem na recuperação?
— Você vai me ajudar, por acaso? — ironizou, lhe dando uma olhada rápida.
O rosto de Ana corou e, infelizmente, Beto notou. Largou a caneta da mesa e se aproximou, fazendo a garota dar um passo para trás e bater contra a porta, agarrando o celular com as duas mãos em frente ao peito.
— Eu percebi que você é cdf. Mal chegou e tirou dez em todas as provas. Bem que você poderia me ajudar a estudar.
— Por quê...?
— Ué, porque sim. Você é inteligente, entende da matéria... Com certeza deve conseguir me ensinar alguma coisa — disse devagar, levando a mão direita até os cabelos ondulados de Ana, puxando os fios para trás de seus ombros, a fazendo corar ainda mais. Um sorriso de canto apareceu em seu rosto. — E aí?
Ana encarou a estampa da camiseta do garoto, sem saber o que fazer.
— Eu posso ficar aqui o dia inteiro. Só vou sair se você aceitar.
— T-tá. Tudo bem. E-eu te ajudo. Com uma condição.
— Hm... Qual?
— Ninguém pode saber.
— Por que não? Está com vergonha de andar comigo?
— E-eu não quero fazer parte do seu grupo, não quero que as pessoas reparem em mim.
— Não consigo entender o porquê disso.
— Porque não quero e pronto. É a minha condição — retrucou, querendo sair logo daquela situação.
— Tá bom. Ficamos fora do alcance de todo mundo. Feliz? — Ana não respondeu. — Como vamos nos falar?
— Eu te mando uma mensagem no Facebook.
— Deixa eu adivinhar. Não vou poder nem te adicionar, né?
— Não.
Beto suspirou, dando um riso forçado. — Tudo bem. Combinado, então. Me manda mensagem assim que chegar em casa.
Concordando e sem mais nada a dizer, Ana virou-se e saiu da sala. Ao alcançar o portão do prédio, o sinal tocou, indicando o fim do intervalo.
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Entre Galáxias
RomanceAna Luísa não vê outra alternativa a não ser ajudar Beto, um dos garotos populares da escola, já que ele não estava indo muito bem nas provas. Como ela era tímida, sua única condição era que ninguém os visse juntos, para que continuasse no anonimato...