Okay, acabei de beijar e até desejar uma garota! Nada de pânico. Victoria, mostre ser o mais natural possível, nada de espanto ou repulsa. – Ai Meu Deus!!– penso – Pra quê tanto drama. Ela é linda, simpática, inteligente, linda, linda... Vamos ver no que dá. – Como assim no que dá? Calma Victoria! – se bem que nunca tive repulsa quanto a isso... – penso.
– E se eu começar a gostar de você?– pergunto-a com a intenção de ver a sua reação,
– Para quem não ficou com nenhuma garota, você gostou muito.– ,ela ri e continua.- Isso não pode acontecer! Não pode!-, diz e me parece ficar brava e inquieta. – Eu não quero te machucar. Eu gosto de você-. Afirma a garota.
– Parece que isso foi meio rápido, né?- Ela balança a cabeça em sinal de sim.
*– Meio rápido? Foi completamente, rapidamente, rápido. E olha que eu nem sei se essa palavra "rapidamente" se encaixa gramaticalmente, mas apenas quem se importa é minha professora, então deixa ela como está. – Até porque um pouco de drama e exagero não pode faltar.– penso.*
Ela volta a selar nossos lábios. Suas mãos agora no meu rosto, fazem carinho. Meu coração voltou a acelerar freneticamente, senti uma adrenalina me correr o corpo inteiro. – Que beijo bom.– , penso e rio de mim mesma.
*Mas que coisa chata! Para de pensar assim mente!– ,penso.*
"Ella" interrompe o beijo e diz "Eu te amo", o que me deixou sem reação. Meu coração parecia que ia explodir.A sensação de ouvir essa palavra é tão diferente, ninguém nunca me disse antes. Quer dizer, ninguém que eu me importasse, que me fizesse feliz, ou algo assim.
E então acordo de uma vez e sento na cama. Coço os olhos e vejo que "Ella" estava dormindo, longe de mim. Estava de costas, recolhida.
*Não acredito!!! Foi apenas um sonho!!!–, penso e deixo minha indignação exalar.– Provavelmente, eu deva estar enlouquecendo.*
Eu estava naquele colégio sozinha há alguns meses, acho que isso fez com que eu ficasse frágil e sensível. Meus sentidos estão bagunçados, não estou tendo controle sobre meu pensamento.
*Como posso sentir falta de uma coisa que nunca tive? Deve ser por nunca ter tido, que estou assim, com esses pensamentos e vontades.– penso.*
Ela se mexe ficando de frente para mim, mas não dura muito e ela volta a virar-se. O cheiro de seu cabelo invade o meu espaço. A olho com desejo,- Eu preciso para com isso! Será que sou lésbica???? Meu Deus!-,balanço a cabeça para tentar tirar o pensamento. Chego mais perto de seu corpo, o que não é muito difícil. Passo a mão sem lhe tocar. Como se tivesse sentido, ela pega em minha mão e envolve em sua cintura. Sinto o calor de seu corpo,- Caramba!!!! Eu sou lésbica...! Mas por que o espanto Victoria? Não é regra nascer hétero, não existe isso. Então que se dane, eu já não tenho mais nada a perder mesmo! Ela pode ser a minha chance de ser feliz. De experimentar o amor. Porém, a conheci hoje. Controle-se!–, mais pensamentos vem. E ela é tão perfeita. De uma forma que nunca observei antes, é como se eu tivesse acabado de acordar de algum sonho, no qual eu já estivesse vivido algo do tipo e já fosse normal. Não apenas a beleza, mas sim todo o resto.
O despertador nos acorda,– Há não! Eu não vou sair da cama, amor!-,"Ella" me abraça sem abrir os olhos.
* Mais uma situação na qual preciso anotar, ou até mesmo pensar bastante sobre. – penso.*
"Ella" me chamou de amor. Okay eu disse que esse é meu "nome", mas porque isso me deixou nervosa?!–,penso. Se bem que depois de ontem, qualquer coisa que ela disser vai me deixar sem graça.
– Então não vamos levantar. Estou morrendo de sono ainda.-, a abraço e fecho os olhos.
Meia hora depois... Alguém bate à porta.
– Victoria está ai?–, uma voz feminina,mas com um tom grave me chama.
– É a diretora! Eu preciso me esconder!–, "Ella" se joga da cama e cai no chão, rapidamente se esconde embaixo da mesma.
– Nossa, você está bem?–, me preocupo, pois com o barulho que ela fez ao cair, fez parecer que algum de seus ossos romperam-se com a queda. Sem falar nada, ela me manda ir abrir a porta.
– Victoria?! Eu sei que está ai. Abra a porta agora!-, a Diretora parece estar sem paciência.
Levanto-me de um pulo e corro para abrir a porta. Eu a impeço de quase arrombar a porta do meu quarto.
– O que a Senhora quer?!-,arrumo o cabelo e bocejo.
– Quero saber o porque de a senhorita ainda está com esses tragues repugnantes e com essa cara de sono! Não sabes que tem aula?–, o tom de sua voz ecoa no quarto. – Fique sabendo mocinha que esse colégio não é como os outros que certamente você estudou. Aqui não se tolera atrasos!-,ela continua.
– Desculpa, perdi o horário. Vou me arrumar para a próxima aula.–. Dou um sorriso de lado. O olhar da Diretora parece que vai me fuzilar, porém me mantenho firme,– pois qualquer movimento brusco, adeus Victoria.– Me concentro para não rir com meu próprio pensamento.
Não satisfeita, mas impedida por seu celular tocar, ela vai embora.