8 - Tentativa número 2

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Minha mãe me ligou na manhã seguinte, repreendendo-me pelo que Taylor estava espalhando sobre mim

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Minha mãe me ligou na manhã seguinte, repreendendo-me pelo que Taylor estava espalhando sobre mim. Tudo o que Charlottie me dissera foi repetido, e eu fiquei ainda mais calado, apenas sentindo tudo o que eu precisava sentir. Além de sofrer por ter descoberto que minha ex não mede esforços para aparecer, eu tinha que ouvir o mesmo discurso intenso, de duas pessoas diferentes. Minha mãe disse que eu sou exatamente como meu pai, que a traiu pouco depois do meu aniversário de 12 anos. Uau, que ótima comparação! Muito animador! E muito real! Inferno! Não é como se eu fosse uma cópia do meu pai, ou como se eu escolhesse ser como ele. Eu não quero ser assim. E eu posso escolher não ser como ele. Você não é ditado pelo que seus pais fizeram. A vida é sua sabe? Ninguém pode escolher nada por você. Isso vale para qualquer situação.

De qualquer forma, meus pais já não me conheciam da forma que costumavam, pois eu mudara muito durante e após a faculdade. Meu pai pode ter cometido um erro, e fugido depois, mas eu não fugiria se cometesse um erro como o dele. Fugir não resolve nada, pois você só se prende à culpa pelo resto de sua vida. Meu pai sempre dizia que eu era louco por repetir isso, e que eu mudaria de ideia quando alguém destruísse meu coração. Claramente ele errou. Eu não parei, e os erros dele (ou os da minha mãe, após a separação) não me moldaram. Mesmo que eles tivessem tentado ditar meu futuro (vocês me imaginam como um advogado?), e mesmo que tivessem tentado fazer uma sombra sobre meus ideais de vida, eu consegui me libertar. Consegui permanecer vivo... Ao contrário de minha mãe, que não estava mais viva, e também não morria. Bem, eu não vou explicar o que isso significa, porque estragaria a simbologia.

A verdade é que eu fiquei perdido quando eles se separaram, nisso Taylor estava certa. Era como se eu tivesse uma venda nos olhos, que me impedisse de seguir minha trilha. Ainda assim, consegui progredir, mesmo que lentamente. Aliás, acho que só estou começando a progredir agora. Mesmo com meu destino fora de visão. Se bem que ninguém sabe qual o seu destino, então estamos todos cegos para isso. Não muda nada. A luz da ilusão é cegante demais para que tentemos decifrar qual nosso verdadeiro futuro, então preferimos sonhar com o que pode acontecer. No entanto, eu estou pronto para o que vier. É bom meus pais estarem prontos também. E Taylor. É certo que tudo o que fazemos volta para nós.

Mas não vamos ficar muito presos nisso.

Eu precisava falar com Charlottie, e já combinara o lugar.

Localizado na esquina entre a rua Water e Cambie, no bairro de Gastown, está o Steam Clock, um relógio que funciona a vapor, um dos poucos desse tipo existentes no mundo. Construído em 1977 como parte dos projetos de revitalização de Vancouver, ele fica ao ar livre em uma área histórica da cidade, repleta de prédios e postes com várias lâmpadas. Apita a cada 15 minutos, arrancando sorrisos de turistas que esperam ansiosos pelos sons ao seu redor. Área gostosa para caminhar. Lembra um pouco o Big Ben em aparência.

Gastown é um distrito renovado da cidade, situado a cinco minutos a pé de Canada Place, de onde eu viera, inclusive. Com bares, cafés, armazéns convertidos e lojas interessantes, é uma escala agitada e importante no percurso dos turistas. Até onde sei, foi aqui que a cidade nasceu, pelo menos é o que os prédios antigos mostram. Eu estava observando o funcionamento do relógio quando ouvi algumas explicações.

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