15- "As melhores das intenções"

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Louis POV:

Estou perdido em um nevoeiro. Eu me sinto como se tivesse sido operado também. Uma cirurgia para me alienar da realidade, do vaivém cotidiano e contínuo da minha existência.

Como um idiota, tirei uns dias de licença, porque não conseguia me concentrar no trabalho. Mas agora eu tenho muito tempo livre nas mãos. Eu deveria ter ido para a biblioteca de qualquer jeito, para me manter ocupado; mas, em vez disso, estou em casa, perambulando pelo apartamento, tentando recriar na minha imaginação todas as coisas que Harry e eu fizemos juntos. Se eu conseguir mergulhar nas maravilhosas lembranças da vida e da sensualidade sublime, talvez possa mandar para longe os pensamentos a respeito do que está para acontecer, ou talvez já aconteceu com ele.

Não consigo nem ao menos encontrar conforto no fato de estar sofrendo pelo meu amado me tirar o apetite e, assim, eu perder um pouco de peso. Justamente o contrário. A geladeira é uma constante tentação, e finalmente eu saio do apartamento e me afasto dela, andando sem destino pelas ruas, sem um objetivo estabelecido, encarando os passantes e as vitrines das lojas, porém vendo somente Harry, Harry, Harry.

Finalmente, eu acabo assistindo a um episódio de Plantão Médico que passava durante o dia, ao qual eu pretendia não assistir... e perco o controle. Eu não me importo com o que ele possa dizer. Tenho de ir até ele. Bem lá no fundo mantenho a certeza de que ele me deseja ali. Ou pelo menos é o que eu fico repetindo para mim enquanto disco o número do Waverley Grange Hotel e peço para falar com a única pessoa que sei que pode me dizer em qual clínica ou hospital ele está internado.

— Annie Guidetti – diz uma voz cálida e agradável, que imediatamente me faz quase ficar cheia de lágrimas de tanto alívio. Não é o Harry, mas alguém que o conhece, alguém que tem o sangue dele.

— Oh, hã, olá, você não me conhece, mas eu sou uma amiga do seu primo Harry Styles, e eu fiquei pensando se você saberia dizer como ele tem passado.

— Louis? É você? Eu estava a ponto de telefonar. Mas que coincidência.

Ela me conhece? Ela estava a ponto de me telefonar? Um sombrio temor se apossa de minhas entranhas. Eu desabo na cadeira.

— Sim, sou eu. Harry e eu andamos... bem, saindo juntos. Eu estive no Waverley semana passada. – Eu sinto que estou perigosamente a ponto de entrar em pânico e de começar a chorar, e faço um esforço imenso para me controlar. – Sei que ele vai ser operado, ou já foi, e ele disse que era para não entrar em contato com ele, mas só preciso saber como ele está passando, mesmo que ele não queira que eu saiba.

A minha voz soa desesperada e ridícula, à beira da histeria, mas Annie Guidetti fala com delicadeza.

— Harry é um homem brilhante, porém, neste caso, é um idiota completo. E é muita crueldade da parte dele não deixar você por dentro da situação. Eu falei isso, mas ele é como uma mula, e tão estoico, determinado a fazer as coisas do próprio jeito... – Ela faz uma pausa momentânea. – Oh, meu querido, eu sinto tanto. Estou tagarelando. Sim, ele foi operado. Ele foi operado anteontem, e tudo correu muito bem, segundo o que disseram. Tudo certo, sem complicações, e o cirurgião conseguiu remover todo o tumor, de modo que ele não deve reaparecer.

Eu não consigo falar. As lágrimas estão correndo pelo meu rosto. Parece que o meu coração vai sair voando, e que estou voando também. Embora eu esteja chorando copiosamente, sorrio como um idioto no telefone.

— Tudo bem com você? – pergunta Annie. – Você entendeu? Harry vai ficar bem. Eu falei com a enfermeira e ele está se recuperando bem. Tem a dor do pós-operatório, e ele está exausto, é claro, mas tudo isso é normal, ao que parece. Aquelas dores de cabeça horríveis acabaram, e os primeiros sinais indicam que sua visão não vai ser afetada seriamente. Ele ainda vai usar óculos, mas sempre os usou.

Bem Profundo (Adaptação Larry)Onde histórias criam vida. Descubra agora