Parque e confusão

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A doutora Haruno mais uma vez pediu permissão para entrar, Sasuke não pareceu resistente, a considerava muito diferente dos outros psiquiatras que tinha visto, mas ainda assim havia uma imensa desconfiança presente no Uchiha.

O ambiente estava diferente, — como se aquilo fosse aliviar a tensão de estar dentro daquela caixa de vidro e saber que está sendo vigiado — haviam árvores de artesanato pelo local, um TNT verde cobria o chão para similar a grama e haviam banquinhos de madeira espalhados pela sala. Quando a porta imaginária foi aberta ele pensou estar diante de qualquer pessoa, menos da doutora que o visitara um dia antes. Sakura usava um vestido com flores que lhe cobria até a altura do joelho, seu jaleco não era mais branco, combinava com o vestido e também tinha flores espalhadas por ele, ela não calçava os saltos, muito pelo contrário, usava botas de cano curto e seus cabelos estavam presos num rabo de cavalo. A figura de séria e focada no trabalho sumiu, era como se estivessem saindo para um encontro de verdade, era como ela tinha prometido.

— Como se sente? — a voz macia encheu seus ouvidos de alegria e um sorriso escapou de si.

— Muito bem, doutora. — a rosada fechou os olhos e voltou a abri-los como se quisesse ter certeza que ele estava sorrindo. — Eu gostei...

— Gostou?

— Gostei do parque... A senhora tinha prometido isso. — Sakura sorriu, quase riu, mas conteve-se ao lembrar que haviam outras pessoas ouvindo e observando seu trabalho. — Sabe Sasuke, é difícil que eu não cumpra com minhas promessas, ainda mais quando soube que você se comportou bem de ontem para hoje.

— Você sabe de tudo? — ela acenou positivamente. — Vai chamar minha atenção se eu não me comportar? — ela negou, o Uchiha franziu a testa tentando entender sozinho.

— Quando você não se comportar eu não irei vir.

O silêncio reinou. Então ela pretendia dar a ele um tipo de sofrimento? Será que já não era suficiente tudo que ele já sentia?

Sasuke escondeu o rosto nas mãos e balançou a cabeça negativamente, mas Sakura não hesitou e não voltou atrás com a decisão, o acompanhou até um dos bancos e o ajudou se sentar, o Uchiha respirou, o peito subia e descia como se estivesse tentando se controlar, e agora ela sabia o porquê.

Há vinte anos a família Uchiha foi vítima de um massacre, um massacre que ainda era um mistério para os investigadores, Sasuke era a última alternativa deles para tentar entender o que aconteceu naquela noite. Quando presenciou a família ser assassinada ele tinha apenas oito anos, mas sabia exatamente como e porquê todos tinham morrido, o único obstáculo que o impedia de falar era o medo. Medo que se transformou em transtorno, e todos os médicos se lembravam bem do porquê precisaram chamar Sakura, e tinham plena noção que seu método de abordagem era o melhor para ajudar o paciente.

— Não quero que a senhora não venha. — as palavras pareciam sinceras, mas ainda soavam como necessidade. — Eu gostei do nosso encontro...

— Eu também gostei. — a rosada desfez o rosto sério, abriu um sorriso sincero e colocou a mão sobre o ombro do paciente. — Podemos ter incríveis encontros e se você conseguir melhorar vamos sair dessa caixa, eu prometo.

— Não sei se posso melhorar... — o Uchiha baixou o olhar, os cabelos foram para frente e por um instante ele próprio achou que fosse sucumbir à vontade de chorar, mas sorriu, sorriu como se sua situação deplorável fosse engraçada. — Você é como eles, não é?

— Como eles? — Sakura franziu o cenho sem entender. O corpo de Sasuke se balançou para frente e para trás, ele passou os braços em volta dos joelhos e os trouxe contra o próprio peito. — Sasuke...

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