𝑨𝒑𝒓𝒐𝒗𝒆𝒊𝒕𝒆

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Quando o sino da igreja bateu cinco horas, como se estivesse esperando por isso, ela comentou:

"Seu avô adorava essa igreja. Toda vez que íamos passear pela cidade passávamos aqui, e dizia: "Amália, pare bem aqui" enquanto com as mãos nos meus ombros me encostava num murinho cheio de flores que tinha na frente da igreja. "Espere..."  então ele me olhava e sorria, era tão bonito de se ver, Will. Ele dizia "Eu me imagino saindo com você dessa igreja, segurando a sua mão, nossas alianças douradas... Você vestida de branco, a noiva mais linda do mundo. Já imaginou?".

Ela me disse que da primeira vez que ele fez isso, ela ficou sem reação, sem saber o que dizer. Então um dia ele decidiu assustá-la, disse que chamaria o padre ali naquele mesmo instante e o diria que queriam casar. Ela o disse "então vamos!"

— Jura? – comentei.

— Sim! Ele assustado e ao mesmo tempo eufórico com a resposta, saiu correndo para procurar o padre. Amália o seguiu e lá estavam eles, pedindo a benção do padre e marcando uma data para o casamento. Dois loucos. Depois disso tudo ela o olhou e disse "Agora eu me imagino!"".

História bonita, não é?

— Sim, muito! Então o que ele queria na verdade era uma prova de que ela realmente desejava o mesmo que ele?

— Sim. E foi exatamente por isso que ela me contou essa história. Tudo era uma plano dela, e da vida. Você lembra quando eu lhe disse que na mesma semana que conheci Hannah, fui na casa da minha família para almoçarmos juntos e ela não parava de me encarar, mas não dizia nada? Então, naquela tarde, na praça, ela me disse mais uma vez que eu ainda estava com aquele brilho nos olhos. E por algum motivo que hoje eu não sei dizer, eu ainda não tinha contado a ela que estava apaixonado.

Sem que eu quisesse, um sorriso tomou conta do meu rosto assim que ela disse isso. Aí pronto, combo completo para atiçar a curiosidade da dona Amália. Sem perder tempo ela me perguntou quem estava me deixando assim e já foi logo dizendo que se eu negasse contá-la, ela continuaria insistindo no assunto. Mas a velhinha não contava com a minha astúcia. Eu, mudando de assunto, disse que logo anoiteceria e ficaria mais frio, então eu tinha que levá-la para casa. Ela me olhou feio enquanto se levantava do banco e segurava no meu braço para irmos de volta pra casa.

Quando chegamos, ela ficou com a minha mãe e eu fui tomar um banho e me arrumar para o jantar.  E eu vou te dizer, ô lugarzinho bom pra refletir que é o banheiro viu!

— Você ficou pensando no que ela tinha dito, não é?

— Um filme passou na minha cabeça, como tudo aconteceu tão rápido com Hannah, mas também como era forte e bonito o que eu sentia por ela.  Eu já tinha me apaixonado, poucas vezes, mas já tinha sim. Mas nunca foi assim. Enfim, depois do jantar eu procurei a vovó e não resisti, contei sobre Hannah e sobre tudo que estava passando na minha cabeça.

Depois de me ouvir tagarelar por um bom tempo, ela me disse o seguinte:

"Veja só filho, eu acho que sei o que sente mas vou deixar você descobrir sozinho. Porém cuidado, não são todas as pessoas que aproveitam esses momentos da maneira certa e não é sempre que a vida nos dá presentes assim, então escute o meu conselho, por favor. Ele é simples:

Aproveite, faça ela feliz Will, assim como ela está lhe fazendo, assim como seu avô me fez."

Eu senti que era aquilo que eu queria, e respondi:

"É vó, eu vou fazer exatamente isso!"




Foi aí que tudo começou...

HannahOnde histórias criam vida. Descubra agora