"Uma atitude muda tudo, acaba tudo, ou inicia algo."
- Olha, por muito tempo eu fui um rapaz muito difícil, falo no sentido amoroso. Eu não era de me apaixonar ou entrar em um relacionamento sério com alguém, me envolver... O que eu queria mesmo era me divertir, só isso, não queria responsabilidade. Mas esse não era o meu problema, na realidade isso nem é um problema, não é!O triste foi a pessoa que eu me tornei por entender esse "estilo de vida" de uma forma totalmente distorcida.
Deixe eu te explicar:
Não há problema em não ver uma pessoa ao seu lado nos seus planos para o futuro, não mesmo, é totalmente natural e saudável. Mas a questão é que eu escolhi não colocar ninguém nesses planos por motivos ridículos, e acreditar neles me levou a fazer coisas mais ridículas ainda.Eu tinha medo de relacionamentos.
- O que?
- Vou te contar dois casos que resumem bem esse episódio da minha vida.
Lembro de namorar uma garota, Melissa, era o nome dela. Ela era ótima, era bonita, educada, minha família adorava ela. Tivemos um caso por um bom tempo, mas aí a palavra "namoro" surgiu. E eu a dispensei sem mais nem menos.
Era assim que eu fazia, com a maioria.- Com a maioria?
- É, porque infelizmente eu já fiz coisas piores, se é que tem coisa pior que isso, né.
Com outras garotas eu ainda namorei, mas escondido, porque quando os meus amigos descobriam e começavam a citar uma lista enorme, repleta de coisas que elas certamente esperariam de mim como namorado, eu congelava e novamente sem mais nem menos acabava com tudo. Sempre sem permitir que a moça me dissesse algo ou argumentasse tentando salvar a relação...Eu tinha aversão por relacionamentos, corrigindo.
- Ah como eu queria poder dizer que você foi um idiota. - eu o disse - Sorte que você mudou. Você mudou, não é?
- Eu sei que fui, odeio pensar em quantas garotas magoei e frustrei. E é claro que eu mudei, você sabe disso! Aliás, que bom que eu mudei. Senão teria deixado passar a coisa mais preciosa desse mundo. Enfim, a história mudou quando eu fiz meus vinte e poucos anos, foi quando eu me mudei para a cidade. Como não fiz muitos amigos por aqui, pude passar um bom tempo sozinho comigo mesmo e isso acabou me deixando mais reflexivo sobre tudo. Acho que morar sozinho faz isso com a gente. Fui analisando a minha vida e as coisas a minha volta... Esse tempo que passei sozinho foi a minha salvação, porque foi quando caí em mim e percebi o que tinha feito com cada uma daquelas garotas, e que nunca poderia saber inteiramente o que elas passaram, tudo por pura ignorância e estupidez minha.
Tudo isso passou como um filme na minha cabeça enquanto eu pegava o carro e ia para casa, encontrar Hannah.
- O que? Calma, você saiu da casa da vó Amália e correu pra procurá-la naquela mesma noite?
- Sim (risos). Eu lembro que cheguei em casa, corri para o telefone, tentei telefonar para Hannah, mas nada. Ninguém me atendia, deixei uns três recados para a secretária eletrônica, foi a minha vez de esperar por uma resposta dela. A terra gira, não é o que dizem?
- O que você disse?
Ele riu e eu já sabia que viria mais uma daquelas respostas hilárias e completamente vergonhosas.
- Acho que falei uma mistura de: "preciso te ver" com "caramba, tô achando que você é o amor da minha vida!" com mais uma lista de coisas que provavelmente gaguejei. Estava eufórico, mas não fui correspondido. Ela não atendeu, não retornou, até que duas horas depois, o porteiro me ligou dizendo que uma garota estava me procurando.
Era ela. Eu o disse que deixasse ela subir, e enquanto isso escondi todas as bagunças da casa, afinal não esperava que ela fosse aparecer lá. Para o azar da minha casa bagunçada, Hannah chegou rapidinho na minha porta. Mas eu estava tão feliz, mas tão feliz... quem ia se importar com a casa, não é mesmo?Eu suava frio, a vi pelo olho mágico da porta e ela estava linda, incrivelmente linda. Vestindo um perfeito vestido vermelho com estampa de flores, de cabeça baixa e sorrindo, balançando o corpo como quem está ansioso por algo.
Então eu respirei fundo e abri a porta. Ela me olhou tímida mas como quem já sabia o que queria fazer, sorriu e sem pensar muito...
Disse exatamente o que eu queria ouvir, sem precisar de palavras.
[...]
- Uau, então ela também sentia o mesmo, a sua bagunça gagueijada funcionava tanto assim!?
- Pelo que eu me lembro, era uma bela de uma bagunça mesmo, mas parece que sim né!
Ficamos a noite inteira curtindo, assistimos programas juntos, fizemos comida, jogamos cartas...
- An, passaram a noite inteira acordados?
- SIM.
- Não precisava ter respondido com tanta ênfase, mas tudo bem eu entendi.
- Quando amanheceu ela foi para a minha janela do quarto de onde dava pra ver aquele azulão do mar e a faixa imensa de areia.
E ficou lá, olhando tudo por um bom tempo. Era linda a paisagem, a minha, a observando encantada com a praia. Tentava desvendar de onde vinha toda aquela paixão pelo mar, pela natureza...Até que ela se virou na minha direção, num movimento repentino como um flash, me pegou a admirando da mesa da cozinha e disse que teve uma ideia.
Ela nem precisou terminar a frase, eu olhei para a janela, ela sorriu e estava feito.
Tomamos um banho, a levei na sua casa para trocar de roupa e se arrumar...
Continua...
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Hannah
RomanceHannah é a personagem principal desta obra, a minha criação favorita e a garota mais encantadora que você vai conhecer. Ela por si só já é uma grande história de amor. O amor cotidiano, amor de manias e paixões, presentes e sonhos. O amor que pode...