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• Lia •

Minha felicidade era impossível de ser contida, estava indo visitar minha mãe e o resto de minha família na casa dela, faz tempo que não os vejo mesmo morando na mesma cidade. As vezes não tinha tempo para vê-los por conta do trabalho e outros imprevistos, mas agora irei visitar meu porto seguro, minha guardiã, uma das pessoas que mais amo nesse mundo, minha mãe.

-Querida! - Corro em sua direção a abraçando, senti tanta falta desse abraço.- Como vai minha, princesa?

-Eu vou bem mamãe, e como está a senhora? -Não consiguia conter o sorriso.

-Estou melhor agora que tenho você aqui.

-Eu senti tanta saudade.-Observo seus olhos derramarem lágrimas e provavelmente eu me encontrava no mesmo estado.

-Minha pequena! - Me abraça novamente.

•••

-Conseguiu falar com o Mingyu? -Estavamos na cozinha fazendo o almoço e esperando a resto da família.

-Seu irmão sempre me liga, mas deve estar ocupado demais, hoje mesmo ele não ligou.

Meu irmão se afastou de nossa família, é muito raro ele ligar ou nos visitar. Desde que nosso pai morreu Mingyu mudou completamente, mamãe sempre fez de tudo para que não sofressemos por não ter um pai, ela sempre foi nosso pai e nossa mãe desde pequenos, ela é nossa heroína.

-Que estranho.

-Pode deixar que eu faço o resto, vá descansar a viagem deve ter sido longa.

-Tudo bem.

Vou para a sala assistir ao noticiário.

-Após uma tentativa falha de criar a cura para doenças provavelmente terminais, cientistas acabam criando um vírus que devora o cérebro humano...zumbi...cabeça...

O canal sai do ar e não consigo entender mais nada. Meu celular toca e vou atender.

-Alô?

-Lia, está na casa da mamãe certo? Saia daí agora e leve a mamãe com você, eu já avisei para nossos tios e a vovó.

-Mingyu? Onde você está?

-NÃO IMPORTA, SAIA DAÍ AGORA!

Escuto um grito vindo da área da piscina.

-DROGA! SAIAM DAI LOGO, MERDA!

Vou até a cozinha não encontrando minha mãe e ao chegar onde o grito veio vejo o corpo de um homem que parecia estar em decomposição puxar a perna de minha mãe e a morder. Me desespero e pego uma pá que estava próxima á mim e batendo-a na cabeça do homem fazendo-a explodir.

Corro até minha mãe e tento levá-la para dentro.

"Mamãe, por que o papai foi embora?"

-Lia não, Lia me solte! - Ela falava com dificuldade e entala com o próprio sangue que saia de sua boca.

-Não, vamos entrar eu irei te ajudar, mãe.- Eu estava tremendo, o pior que podia acontecer estava acontecendo, a minha mãe estava morrendo.

-Lia me escute, eu te amo minha filha, diga ao seu irmão que também o amo, por favor saia daqui, você não pode me ajudar mesmo que queira...eu amo muito vocês.- Seu olhos fechavam vagarosamente.- Por...favor...fuja.

"Ele precisou ir, meus anjinhos"

Seu corpo amoleceu, não conseguia sentir sua respiração nem seus batimentos cardíacos, eu a perdi.

Meu coração doía, minha mãe morreu em meus braços e eu não pude fazer nada para ajudá-la. Eu não conseguia chorar por mais que quissese, minhas lágrimas eram internas, meu coração chorava, eu estava em choque, minha mãe não podia morrer assim.

-Ei...mãe...por favor, me responde...volta 'pra mim, eu não consigo viver sem a senhora...mãe...por favor abra os olhos...

"Agora estamos sozinhos, quem vai cuidar da mamãe?"

-LIA - Escuto a voz de Mingyu mas continuo encarando o corpo sem vida de minha mãe.-Lia...-Ele olha para o corpo de nossa mãe.- Mãe...

-Mingyu salve a mamãe, um homem estranho mordeu ela e eu não sei oque fazer.- Eu implorava desesperada e insistia mesmo sabendo que não era possível. Eu não queria acreditar.

"Eu sei me cuidar, só tenho que me preocupar com vocês"

-Lia...-Ele chorava.- A mamãe está morta, vamos sair daqui antes que o vírus...

Mamãe começa a si mover e levanta de meus braços, estava toda curvada e com a cabeça jogada para o lado. Ela vem em minha direção e sinto alguém puxar meu braço e começar a correr me fazendo o seguir, porém eu ainda olhava para trás. Minha mãe não parecia ter sangue no corpo, seus olhos estavam arregalados, pareciam sem vida e me olhava como se fosse uma presa. Não era minha mãe, minha mãe havia morrido.

Quando saímos de casa vi a bagunça que tudo estava, haviam sangue nas calçadas, janelas de vidro quebradas e gritos de socorro. Me dei conta que estava no carro de Mingyu e ele dirigia em alta velocidade como se sua vida dependesse daquilo, e dependia. Chegamos em uma área mais tranquila e ele parou o carro encostando a cabeça no volante, chorava alto, parecia uma criança.

"Vamos cuidar de você então"

-Me desculpe mamãe, me desculpe por não te ajudar, é culpa minha. -Me aproximo dele e o abraço desajeitamente por estarmos dentro do carro.

-Ela não gostaria de ouvir isso, não foi sua culpa. -Acaricio seu cabelo.

"Eu amo vocês, queridos"

-Eu vou te proteger Lia, eu prometo.

-Eu sei me cuidar.-Desfaço o abraço e o encaro.- Vamos nos proteger daqui 'pra frente.- Ele balança a cabeça em concordância.

Olho pelo retrovisor do carro e percebo um tumulto ao longe, abro a janela e vejo muitas daquelas criaturas horríveis.

"Nós te amamos, mamãe"

Então eu percebi, a ficha enfim caiu...descobri da pior maneira...que os mortos podem sim voltar a vida...agora não viveremos mais...a parti de agora teremos que sobreviver.

Survival.

    •


Sobreviveremos no próximo capítulo....
Talvez....

'Survival...' •Kim Taehyung•Onde histórias criam vida. Descubra agora