Leonidas Valdez
Ele sentou na primeira cadeira do pequeno estabelecimento, olhou de relance o balcão com poucas bebidas, muito vazio, em meio a um fim de semana cheio . As pessoas que ali restavam, se acomodavam nas dezenas de mesas, a música não tão alta tocava no fundo e lamentava o fato de poucas garotas entrarem ali. Molhou os lábios ansioso por talvez encontrar alguém aquela noite tranquila para uma cidade tão movimentada, frustrou-se com o olhar inquisitivo do balconista em um sorriso de canto, procurando, talvez alguns trocados a mais.
- Não pretendo pedir nada hoje - disse totalmente certo do que queria. Apoiou o cotovelo no balcão e as costas da mão no queixo, como fosse lançar uma ácida resposta, mas ao contrário deu os ombros e começou a tagarelar fatos aleatórios - sabe aqui costumava ser um local bem cheio. Quero dizer, continua mas.... - interrompeu o pensamento para inserir outro fato sem sentido com anterior - mudando o assunto, sabia que eu faço engenharia em uma faculdade a umas quadras daqui? . Ah, óbvio que não, não há nenhuma possibilidade disso. Sendo que é divertido pensar que sim - gesticulou com uma das mãos alguma coisa só pelo fato de não manter elas paradas por mais de dois minutos .
Não prolongou mais nenhum minuto àquela conversa, quando o balconista percebeu que perderia tempo ali, virou-se para atender os demais que chegavam. O Valdez fingiu-se de indignado, mas logo não teria mais graça e voltou ao ato anterior, observar as pessoas que passavam, ora lançar algumas bolas de papel feitas com o guardanapo, ora remexer-se no assento. Parecia um pre-adolescente no fundamental, não um graduante em engenharia.
Alguém puxou um banco ao seu lado, mas não olhou diretamente para o ser materializado ali. Parecia um fantasma de tão rápido e sorrateiro que apareceu em segundos. Seus cabelos negros eram bagunçados parecia ter uns dezesseis anos. Só que suas roupas estavam dando impressão que ele havia saído de um beco e brigado com gatos, ou lobos raivosos, ladrões sanguinários e coisas do tipo. Valdez achava isso legal, qualquer pessoa consciente sairia dali as pressas, só que o humor de Leo era variantee inusitado. Ele queria provocar o perigo com um "eba" de felicidade. Desenvolverá essa tática pessoal, talvez o menino de mangas compridas e aparência de delinquente fosse alguém legal.
- Prazer - comentou colocando as mãos no balcão um tanto desesperado.
- Não digo o mesmo - repuxou os lábios investido em um comentário ácidoe cheio de rancor
- Ah que ótimo. Gosto de pessoas frias e arrogantes, principalmente que parecem que vão me matar no primeiro sussurro - era ruim provocar alguém desconhecido
- Eu podia muito bem fazer isso - comentou um tanto sarcástico. Suas sobrancelhas estavam erguidas - Você sempre fala com pessoas aleatórias assim é? - provavelmente foi um comentário para afunda-lo deixá-lo constrangido mas ele estava só constatando uma verdade.
- Hábitos - bateu os dedos uns contra os outros apertando esticando olhando sinuoso.
- Mas tenho pena das pessoas que querem realmente ter um trabalho por aqui. Então vou ser direto - aquele garoto enfiou as mãos nos bolsos antes de levantar - Se quer conversar com uma pessoa. Chame menos atenção. Menos fatos, simplesmente. É estranho. Constrangedor. Isso é inconveniente - continuou despejando as palavras sem medir mas não sentia-se magoado.
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I will make you smile - Leico
AcakLeo Valdez esperava que sua vida fosse cheia de desafios e emoções. Ele gostava de concertar o irreparável e Nico di Ângelo era uma pessoa quebrada. Ambos precisavam de alento que só um poderia oferecer ao outro.