Jimin encontrava-se deitado no sofá no lado escuro do escritório, a lua estava em seu auge do lado de fora e a única coisa além dos barulhos emitidos pelas corujas na árvore não muito longe eram os suspiros pesados e angustiantes do detetive. Era o sonho, ele estava de volta.
De novo não, por favor de novo não. Vou fechar os olhos, não quero ver, se eu não ver não irei ouvir o som. Não, não, não posso fechar os olhos, alguma coisa está impedindo! Meu deus, o corpo, por favor não se vira, não se vira! Eu quero olhar seu rosto, largue a faca por favor, não machuque o homem, não vire, me deixe aproximar de você, não se vire, NÃO!
Minha cabeça, minha cabeça vai explodir, por favor não olhe para mim, me ajude, me mate agora, não me deixe assim, meu corpo não vai aguentar, por favor me tire daqui...
-Detetive Park? – Chamou Hoseok.
Jimin se levantou com um pulo que fez seu corpo cansado cair do sofá, Jung também se assustou, não viu que o chefe estava ali.
-Detetive Park! – Falou aliviado e fez sinal para ajudar o homem a se levantar.
-Não se aproxime! – Respondeu irritado.
Jimin apoiou as mãos no sofá e se levantou, sentando ali e suspirando, seu corpo estava tão dolorido quanto sua cabeça e com a roupa grudada no corpo pelo suor. Esse sonho estava acabando com ele.
-Detetive, precisamos do senhor. Outro corpo foi encontrado no circo perto do cais. – Hoseok ficou observando o homem por alguns segundos antes de oferecer a xícara de café que havia trazido. – O senhor está bem?
Jimin pegou e assentiu.
-Só dor de cabeça.
-O senhor deveria ir no médico ver isso, detetive.
Jimin sorriu fraco.
-Não se preocupe, eu sei me cuidar. Mas que aposta foi essa que você perdeu para ter que ser o responsável por me acordar todas as madrugadas, hein Hoseok?
Jung riu.
-Uma bem grande, senhor.
-Esse maldito está começando a me encher as paciências, o que ele tem contra uma noite de sono? Já está ficando pessoal.
Park se levantou e pegou o casaco que tinha usado como travesseiro poucas horas antes e fez sinal para que Hoseok se retirasse que ele já o seguiria. O oficial obedeceu as ordens que não precisaram ser ditas e saiu, Jimin se levantou e pegou de cima da mesa seu distintivo e a arma, ele odiava andar com isso por todo lado, mas era necessário.
Antes de sair, o homem olhou em volta e suspirou, era quatro da manhã, seria um longo, longo, longo dia.
[...]
A entrada para o público estava fechada e por isso Jimin estacionou na parte de trás. Havia cinco viaturas e uma ambulância no local, ao sair do carro, se deparou com Namjoon e foi perguntar o que havia acontecido.
-O guarda disse que ouviu um barulho de espelhos quebrando e quando foi checar, encontrou o corpo. Os seus legistas já estão trabalhando, senhor. –Jimin assentiu enquanto caminhava ao lado do policial. – Os outros estão entrevistando o policial e o dono daqui, mas não há muito o que eles podem dizer.
-Entendi, obrigado, Namjoon.
Kim assentiu e deu meia volta, deixando Park caminhando sozinho em direção às escadas que dava visão por cima do labirinto de espelhos. Por alguns segundos, Jimin parou ali e ficou observando toda a movimentação lá embaixo, os flashes das fotos, a conversa da sua equipe trabalhando. Aquele lugar era estranhamente familiar para ele, mesmo que ele nunca tenha vindo em um lugar como uma casa de espelhos antes. O detetive desceu as escadas e entrou pela primeira abertura que encontrou, não havia saído do campo do primeiro espelho quando viu uma sombra passar ao seu lado, Jimin se virou abruptamente e sentiu que algo estava atrás de si, ele não via, mas sentia. O vidro refletor retorcido dava a imagem perfeita e nem um pouco distorcida como deveria, com cuidado e sentindo que deveria fazer isto, Park levou a mão até a superfície do espelho, tudo ao seu redor estava estático e a única coisa que era possível sentir era aquela estranha e invisivel presença. Quando seus dedos tocaram o vidro frio, conseguiu ver uma sombra, como se aquilo não fosse um vidro refletivo e houvesse alguém do outro lado, imitando-o.
-Detetive, que bom que o senhor chegou! – Chamou Chaeyoung.
Jimin se virou para a mulher e abriu a boca para falar se ela conseguia sentir aquilo, mas quando voltou a olhar para o espelho, sua figura estava distorcida. Incrédulo e tentando disfarçar – pois iriam achar que ele estava ficando doido, e talvez realmente estivesse ficando – forçou um sorriso para a mulher.
-Oi, desculpe a demora.
A mulher sorriu e fez sinal para que ele o seguisse pelo labirinto, passando por alguns policiais que o cumprimentaram e chegando até um corredor longe o suficiente de qualquer abertura para saída. Era uma mulher, estava com um vestido florido, tinha cabelos loiros e curtos, sua boca estava fechada e a mão repousando pacientemente no colo. Sua cabeça estava um pouco tombada para o lado e seus olhos... seus olhos sim chamaram a atenção de Jimin. Todos ali se afastaram para que ele se aproximasse, retirando uma luva azul do bolso, Park se ajoelhou na altura do rosto da menina, podendo ver seu reflexo nos dois fragmentos de espelhos colocados cuidadosamente em seus olhos. Jimin aproximou a mão para tocar o rosto da vítima.
-Já tiraram as fotos? – Perguntou.
-Sim, senhor. – Respondeu Im Hyunsik. Ele carregava uma carteira nas mãos.
O detetive retirou os fragmentos de vidro do corpo e os ergueu contra a luz, observando seus próprios olhos.
-Achamos a carteira dela, senhor. Seu nome era Lalisa Manoban, ela era tailandesa e provavelmente estava passeando na Coreia. Achamos o celular e já mandamos para a equipe do laboratório de informática desbloquear e ver o que conseguem.
-Obrigado, Hyunsik. – Respondeu Jimin, ele ainda estava concentrado nos espelhos, aquela estranha sensação não havia passado.
O detetive se levantou e colocou os dois fragmentos no saco plástico que Kim Jisoo segurava, a mulher o fechou e saiu em direção a saída para guardar. Park passou o olho pelo lugar e viu que não muito longe, havia alguns cacos de vidro no chão e uma enorme rachadura no espelho, logo acima de onde faltava um pedaço razoavelmente grande.
-Achamos que foi daí que vieram os pedaços que foram colocados no rosto dela, mas tem outro quebrado mais à frente, mas não acho que isso tenha muita diferença, não é detetive? – Comentou Jisoo atrás de Jimin.
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Think of me ~ KTH+PJM
Fanfiction"A imaginação é a única coisa que nos diferencia de todos aqueles estúpidos". Park Jimin era o detetive especialista em assassinatos da delegacia da cidade de Seul e nunca se incomodou com seu trabalho. O detetive nunca sentiu nada além de repulsa p...