A casa de espelhos (parte 3)

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-Sim, senhor! – Respondeu quatro dos cinco legistas.

Apenas Soyeon não se manifestou, invés disso ela acompanhava o chefe com o olhar, observando todos seus passos. Jimin a viu de relance e estremeceu, o que ela queria com ele? Perturbar ainda mais sua cabeça?

Park saiu do laboratório e foi em direção à sala.

-Detetive! – Chamou Seokjin. Ele estava ofegante e parecia ter corrido. – Que bom que achei o senhor, andei atrás de você essa delegacia toda.

-Bem, me achou, o que houve? – Respondeu e cruzou os braços enquanto o homem recuperava o fôlego.

Jin estendeu o braço com a mão fechada.

-Aqui, senhor. Estas são as imagens da câmera de segurança da casa de espelhos.

Jimin pegou o pen drive da mão de Seokjin e agradeceu, voltando ao seu caminho original.

-Senhor! – Chamou outra voz, desta vez vindo da sala ao lado.

Park se virou com raiva, ele só queria chegar na sua sala e descansar um pouco e tomar seu café.

-Diga, Eunkwang, o que você quer?

O homem deu um passo para trás, parecia ofendido com o jeito de Jimin.

-Desculpe, o que houve? – Falou novamente.

-Conseguimos entrar no celular da vítima, descobrimos com quem ela veio e já ligamos avisando o que houve e pedindo para que eles viessem reconhecer o corpo. Tem certeza que não quer mandar para a Tailândia e ser reconhecido lá? Isso pode dar problemas diplomáticos, senhor.

O detetive abanou a mão, descartando o comentário.

-Faça o que eu pedi, Eunkwang, não vai acontecer nada, vamos mandar o corpo e colocar nas mãos da polícia tailandesa de avisar a família, eu preciso desse corpo reconhecido e despachado, não posso ficar com ele muito tempo, a diretoria e eu não estamos em bons panos.

O homem assentiu e se voltou para sua sala, fechando a porta.

-Mais alguém para me interromper? – Perguntou Jimin no corredor, todos ali o olharam como se fosse um imbecil e seguiram com suas vidas. –Ótimo!

[...]

Sentado com um copo de café ao lado, Jimin clicou na pasta de arquivos do pen drive e esperou todas as imagens carregarem, havia quase vinte vídeos ali, ele desceu o visor e colocou o primeiro deles.

Não havia nada demais, pessoas passeando e conversando com seus algodão doce e pipocas, seguindo com suas vidas como se não soubessem que um assassinato estava prestes a acontecer, o que era verdade, mas mesmo assim. Ver aquelas pessoas felizes o fez pensar como qualquer uma delas pode aparecer morta amanhã ou como qualquer uma delas poderia ser a responsável pelos crimes que estão acontecendo e pelos que ainda virão, a vida é tão ordinariamente frágil, pode acabar a qualquer momento, seja nas mãos de um assassino sádico ou com um ataque cardíaco, é simples, puff, acabou. Enquanto estamos vivos tudo parece tão impossível e tão difícil, não paramos em momento nenhum para pensar como as coisas são frágeis, sonhos interrompidos, famílias sem mães e pais, mães sem filhos e filhos sem pais... quando essa noção de fragilidade nos atinge ela nos deixa ansiosos e assustados, nos fazem perguntar para onde vamos e quando esse momento vai chegar, queremos sempre saber de tudo...sobre tudo, mas nunca quando vai ser nossa hora. Por que tanto esforço, por que trabalhar tanto se todos vamos morrer e não vamos deixar nada além de uma pilha de ossos jogada em algum saco ou cova por aí, que diferença faz ser bom ou ruim se no final não sabemos o que existe e se realmente existe algo, existem tantas perguntas sem respostas e mesmo trabalhando com isso a tanto tempo, Jimin nunca havia parado para pensar nisso. Tudo é...complexo demais, por que precisa acabar? Por que não podemos ser imortais? A sensação de decidir quem morre e quem vive é realmente tão viciante assim, se sentir como deus? Park não sabia a resposta mas tinha a sensação que esta seria sim, é realmente gratificante ser o responsável por essa decisão, por cortar a linha da vida, por fazer com que pessoas que nunca pensaram em como morreriam acabam descobrindo da pior maneira como seu fim chegaria. Ser um assassino vai muito além de matar, tem a ver com a sensação de poder, de força, sentir que seu papel está sendo feito.

Think of me ~ KTH+PJMOnde histórias criam vida. Descubra agora