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Coréia do Sul
Tempos atuais

Park Jimin

Eu sempre acordo chorando, o que é extremamente cansativo e bem embaraçoso principalmente quando eu não estou sozinho e tenho que arranjar uma desculpa para explicar que não, eu não sou um esquisito que chora horrores todas as manhãs por um mesmo sonho que nem sei o que significa.

O pior, é que é exatamente isso que eu sou.

No meu peito falta alguma coisa e a ligação disso com os meus sonhos é tão plausível que chega a ser sufocante. Desde que eu era bem novo eu sentia a ausência muito forte de alguma coisa e como qualquer sem noção, eu achei que era pelo fato de não ter um pai presente. Mas não era isso. Então eu e minha mãe - vulgo meu anjo nessa terra - começamos a imaginar que era falta de amizade, uma vez que eu sempre fui muito solitário. Só que quando eu tive um sonho muito esquisito onde eu era uma criança e ele aparecia, nossos olhos se abriram.

Com quatorze anos eu ouvi uma lenda na escola sobre um fio vermelho e almas gêmeas e então eu não tinha mais dúvidas sobre o que era isso que tornava não meus dias, semanas ou meses ruins, mas fazia dessa minha vida um inferno.

Sim, eu acredito em reencarnação e provavelmente na minha outra eu fui Judas porque céus, quanta desgraça! Os sonhos começaram a se montar como um quebra cabeça para mim e aos poucos eu começava a entender algumas coisas e a principal delas era um nome: Taehyung. Era a única pista que eu tinha daquela pessoa com quem eu sentia dividir a alma; eu não via rostos, a voz era irreconhecível e nada mais me dizia coisa alguma.

Era sempre aquele nome, sempre! Era o primeiro nome que aparecia nos meus pensamentos quando eu tentava desenhar algum personagem no meu caderno de desenhos, o nome dos personagens principais dos meus livros favoritos e se bobear, era o nome do primeiro namorado da minha mãe.

A essa altura, eu me sentia perseguido. Em todos os lugares que eu ia ficar procurando por algo que eu não sabia o que era se tornou um hábito horrível e chato. Me sentir vazio, mesmo quando eu estou completo de mais formas que sou capaz de descrever, e completar 23 anos com aquela pessoa ditando todos os meus passos estava me matando por dentro. Aquele inferno de fio vermelho tinha se amarrado no meu pescoço e eu não conseguia respirar por causa das coisas que o destino estava me fazendo pensar.

E foi uma semana depois de eu tatuar o nome bem pequeno no meu dedo indicador, que eu dei um basta naquilo tudo. Eu chorei mais do que jamais tinha chorado na minha vida porém senti que era necessário. O ar me faltou quando fui dizer à minha mãe que eu havia desistido de encontra-lo; as vezes parecia que ela acreditava mais nisso do que eu.

Mas os sonhos não pararam, apenas se tornaram mais realistas. As paredes já estavam cansadas de me ouvir gritando no meio da madrugada, chorando e sendo consumido por um sentimento esmagador e terrível. Parecia que o monstro da tristeza deitava em cima do meu corpo e eu não conseguia me acalmar.

Você já se viu amarrado à algo que não consegue ver, tocar ou soltar? Como se você estivesse destinado a algo apavorante e nada do que você fizesse adiantasse alguma coisa?

Entrar para uma agência de modelos adiantou bastante, eu conseguia me distrair com aquelas pessoas que diziam que eu sou muito bonito - menos o Kihyun hyung, ele se acha o cara mais lindo do mundo, e talvez ele fosse se eu já não ocupasse esse posto, me respeita -, eu só lembrava dele algumas vezes no dia.

Sem essa de Destino! [vmin]Onde histórias criam vida. Descubra agora