Contos Lannister

Tommen e Myrcella: Proteção e amizade

Mesmo perdendo o posto de filha mais nova tão rápido, Myrcella não sentia ciúmes de Tommen. Muito pelo contrário: Aceitava que ele a seguisse pelo castelo e brincava com seu irmão caçula, além de o proteger de Joffrey.

Sentia um profundo amor pelo caçula, e desejava vê-lo logo mesmo quando era apenas um bebê, ele ainda estando na barriga da mãe. "Tem neném", ela dizia. Cersei, mesmo enormemente grávida, pegava a filha no colo e brincava com ela.

Quando Jaime as via desse modo, pensava que sua irmã soava radiante, e tinha mais vontade ainda de reivindicá-la, além das crianças que tanto a faziam feliz.
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Quando Myrcella tinha quatro anos e Tommen três, brincavam com pequenos blocos de madeira. Empilhavam-nos até formarem fortes com torres e eles caírem, recomeçando a brincadeira. Em um desses dias, Tommen tentou escalar a torre montada por eles e caiu, pisando em uma das quinas de um bloco e gritando.

Myrcella consolou o irmão e fez carinho no pé machucado, dizendo que ia passar, acalmando-o. As duas servas que apareceram após o grito do pequeno príncipe acharam admirável a capacidade de uma menina tão pequena conseguir lidar tão bem com outra criança, sendo esta segunda praticamente um bebê.
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Mais velhos, quando ela tinha oito e ele sete, saíram pelos jardins da Fortaleza Vermelha, correndo dos dois guardas que tentavam vigiá-los por ordem da mãe.

Tommen parou frente a um arbusto com frutinhas e arrancou uma, quase pondo-a na boca. Myrcella o interrompeu e disse: "- Cuidado! Temos que perguntar a alguém se é de comer. Alguma dessas pode ser venenosa."

Os guardas os alcançaram, e os dois irmãos perguntaram se aquilo era de comer. O mais baixo e jovem da dupla disse que sim e que era gostoso. As crianças e o guarda comeram, aproveitando o sabor.
***

Mais tarde, no mesmo dia, quando Myrcella terminou sua aula de costura e seria ensinada pelo meistre junto com Tommen, os dois leram prazerosamente sobre Aegon, Rhaenys, Visenya e seus dragões, auxiliados pelo velho homem. Os filhos mais jovens de Cersei e Jaime apreciavam a leitura desde que puderam distinguir as primeiras letras.
Joffrey então adentrou o aposento, acusando Tommen de ter-lhe roubado a besta:

"- Você vai me devolver agora ou vai provar dos meus punhos!" – Disse, com muita raiva, indo pra cima do irmão sentado.

Myrcella se levantou e se colocou no meio dos dois.
"- Joffrey, ele mal vai ter força para segurar aquilo. Peça a um servo para procurar por você, veja se deixou em outro lugar." Disse, apaziguadora.

"- Vai sobrar para você também se continuar na frente – ele ameaçou – saia!"

Nesse momento, Myrcella deixou sua doçura de lado e foi bem incisiva com seu irmão mais velho:

"- Tente. Tente nos bater. Somos tão príncipes quanto você. Veja se a nossa mãe vai gostar disso... Ela já disse que você não deveria encostar em nós. – Myrcella pegou um livro grosso – O que está mais perto, sua besta ou este livro? – Joffrey recuou diante da ameaça – Deixe-nos em paz."

Quando o mais velho dos três foi embora, Tommen abraçou a irmã e a agradeceu.

"- Você é tão valente. Quero ser como você um dia. Ou me casar com você, como acabamos de ler." Ele disse, em sua inocência. Ela riu.

"Irmãos e irmãs são apenas amigos agora, só se casavam entre o sangue do dragão e séculos atrás. Você será valente, e cavaleiro como nosso tio. Joffrey apenas se aproveita agora porque você é pequeno. – Beijou-o na bochecha – Mas você tem que comer seus vegetais, é chato quando você reclama da comida." Ela respondeu, em tom cordial. Se eles soubessem...

"- Tá bom - ele respondeu contrariado, pois odiava vegetais – só espero que quando Joffrey for rei, ele não mande me prender."

"- Eu mandaria um corvo furioso mandando-o te soltar. Descobriria algum segredo dele e usaria isso, de onde quer que eu vá morar quando me casar. " Ela respondeu, protetora como sempre foi.