Me perdoe.
A loucura sempre fez parte de mim, mesmo eu nunca percebendo. Nos meus sonhos sempre tinham gritos e cores, cores brilhantes de cabeças inocentes. Viver sempre me pareceu algo fácil, principalmente quando tive uma liberdade que nunca pedi. Eu precisava dele, acho que pensou que estava me deixando livre, quando na verdade estava solitário… e ai te conheci. Uma simples conversa foi o suficiente para saber que, como você eu não me sentia solitário, você era o Faygo da minha garrafa, um filho da puta de um milagre, e nunca me senti mal por demonstrar isso, mesmo não sendo aceito, porque você parecia gostar mais de aranhas. Malditas aranhas, elas arrancam pernas em uma só mordida, mas eu aprendi a viver com isso, afinal, palhaços devem sorrir, ninguém gosta de um palhaço triste, mesmo que para continuar sorrindo ele precise se encher de drogas, mas quem liga? Eu não. E essa foi minha vida, até o dia em que aquele que me deixou voltou para morrer, e realmente senti uma dor verdadeira, ele nunca mais iria voltar, nada mais seria igual, o mundo acabou em fogo e fui obrigado a encarar um a um de meus manos.
Eu tentei, tentei de verdade continuar, mas não conseguia mais envenenar a mim mesmo, aquilo estava começando a doer de verdade, então eu parei, mesmo com os avisos da pessoa que chamo do melhor amigo.
Eu deveria ter escutado.
Novamente me vi cercado de cores brilhantes, dessa vez pegajosas em minhas mãos, eu estava atrás do vermelho,tinha o índigo, o oliva, azul, fúcsia e marrom… marrom.
Marrom
Marrom
Marrom
O marrom da sua cabeça. Porque você não acorda? Eu tentei, eu chamei, você não me ouviu. Você era um milagre, mas acabou igual a qualquer um, e eu? Tirei as tintas dos corpos sem vida para pintar as paredes, mas faltava uma cor. Vermelho. Eu fui atrás e achei a cor de cereja junto da jade, turquesa e ouro, o violeta já não estava mais lá, e eu queria. Eu podia sentir o cheiro do sangue dele, eu podia ver o quão lindo seria tê-lo na parede… foi aí que ouvi. O “Shhh” ecoou pela minha cabeça calando todas as buzinas, eu fui salvo pelo melhor amigo, mas não podia continuar lá, então me escondi, fazendo o que devia ter feito desde o início. Ficar nas sombras. O espetáculo havia acabado, mas a tenta não tinha sido desmontada. Ainda faltava o show de espadas. Espadas negras de um dragão turquesa. Foi realmente divertido, eu queria ser toureiro, mas acabei por ser matador de dragões.
Eu falhei novamente com isso. Desculpe, melhor amigo, mas o messias me chamou e as buzinas haviam voltado, os sons sempre são mais altos no escuro, você não vê?
Minha mente foi controlada me forçando a calar a boca, e quando isso acabou, foi o fim. O fim de tudo. Eu tinha finalmente o vermelho em minhas mãos, era um vermelho fogo, que eu não queira mais. Eu nunca quis essa raiva, eu nunca quis ser esse monstro. Eu não pedi pra nascer assim.
Pelo menos ao fim, um corte lento e doloroso me parou do jeito que merecia. A minha vida toda chamei tudo e todos de “Filha da puta”, mas na verdade, eu sou o verdadeiro filha da puta… não. Eu sou um monstro. O monstro da raiva.Me perdoe por não conseguir conter.
Me perdoe por ser um filha da puta.
Me perdoe por ser um monstro.
Me perdoe, Tavros.
Me perdoe, Karkat.
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Perdão em 12 Cores
FanfictionMe perdoe Não pude ser oque você precisava Não pude te salvar Não pude viver E agora tudo que me resta é escrever esta carta, como um último pedido de desculpas... Tudo que jamais pude dizer, e jamais direi. (Repostagem)