Perdão em 12 Cores

Dualidade de Ouro

Me perdoe.

Nunca soube direito como lidar com emoções, principalmente quando se tratava de você… mesmo assim eu tentei. Fui feliz, isso não posso negar, você me mostrou uma visão do mundo que eu não conhecia, a simples alegria de estar vivo. Mesmo quando me arrastava para suas escavações eu ficava feliz, e pela primeira vez na minha vida os dois de mim entraram em um acordo. Sim, os dois te amavam muito, ainda amam… porém aquilo aconteceu, e eu… Deus… o que eu deveria fazer?! Eu deveria ter conseguido controlar, eu deveria te proteger! Ao invés disso, eu quem te destruí, e você estava tão gelada, tão sem cor… eu soube então, que tinha te tirado a vida, e novamente minhas duas partes concordaram. Concordaram que mesmo após você voltar, eu só faria mal à você, não tinha como me perdoar pelo que fiz, então te deixei ir embora, e fui cruel com você, porque sabia não faria bem estar perto de mim… e mesmo assim você continuou voltando, e cada vez que voltava, as abelhas zumbiam cada vez mais em minha cabeça, zumbidos e mais zumbidos me deixando louco, fazendo com que aos poucos o cara legal fosse substituído pelo inimigo. Ambos partes de mim.
Quando vi você com ele, foi a gota final que transbordou o pote de mel, e me tornei completamente o inimigo, troquei minhas emoções e interações por computadores e programação, eles eram exatos, eles não machucavam. E quando achei que tudo estava destruído conheci ela. Ela era gentil, ela me ajudava a entender meus sentimentos, ela ajudava os dois caras a calarem a boca. Eu tinha seguido em frente… ou achei que tinha. Porém quando você me abraçou, eu percebi, que nunca realmente tinha te deixado ir, não eram os dois caras que te amavam, era eu. Apenas eu. Não azul, nem vermelho, mas amarelo. Um amarelo que escorreu dos meus olhos quando você me deixou de novo. O amarelo que novamente escorreu, mas dessa vez por sangue. Sangue que ele tirou de mim, junto com o buraco no peito dela. E então, tudo ficou escuro. Ser cego não é tão ruim, afinal. O que é não ver para alguém que só via o lado ruim das coisas?
Mas aí eu escutei. O som que nunca achei que ouviria outra vez. Sua risada. E que ela era tão linda, que desejei vê-la, você estava viva enfim, mas eu não. Um pé nesse mundo e o outro fora dele. Parece que nem mesmo quando se trata de morrer os dois caras podem concordar, mas quer saber? Quem se importa com eles? Não são eles que seguram sua mão enquanto viajam pelo submundo de bolhas. Sou eu, e apenas eu.

Me perdoe por ser cruel.

Me perdoe por não me abrir.

Me perdoe por te deixar morrer.

Me perdoe, Aradia.
Me perdoe, Feferi.