Magia Violeta

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Me perdoe.

Eu nunca quis ser um desesperado, mas foi inevitável. Eu sempre me senti tão sozinho, todos que se aproximavam de mim apenas se interessavam em tirar o que eu tinha, em me ferir, e principalmente me saquear como certa aranha sempre fez com gosto. Eu sou um príncipe, e sempre pensei estar acima da situação, sempre pensei saber lidar com tudo e todos… ai te conheci. Você era tão brilhante e cheia de vida, chegava a ser ofuscante. Todo o ouro que vestia não se comparava nem a metade do que seu sorriso era. Uma verdadeira pérola no meio do oceano frio e escuro. Por isso não acreditei quando me ofereceu seu diamante. Você estendeu a mão, disse para compartilhar minhas inseguranças, meus medos, e pediu para ajudá-la a caçar animais marinhos para saciar a fome de seu monstro, e eu, sem pensar em qualquer consequência aceitei. Você foi a primeira que me deu algo, então tinha plena consciência de que era errado pedir por mais, porém havia que encarar os fatos, me apaixonei por você, por sua bondade e brilho… mas você não me quis, e ainda quebrou oque éramos. E foi nesse momento que me toquei: Magia não é real. Uma vez me disseram que o amor é a coisa que temos mais perto da magia, portanto se o amor não é real, então magia também não é. Foi nesse dia que decidi desistir de esperanças esperanças sonhos inúteis, que servem apenas como um empecilho, uma pedra no caminho da verdade, o caminho da ciência. Ela é fria e exata, pode não ser quente e acolhedora, mas “prefiro uma verdade fria a uma mentira quente”, era o que dizia a mim mesmo. Mas não foi assim, nunca é não importa o quanto eu queira, as coisas nunca saem do meu jeito. Eu senti na pele o desespero da rejeição seguido pelo medo da solidão, eu já não era mais necessário, a vida era próspera, o amarelo se tornou tornou novo violeta, e aquilo mexeu comigo de uma forma que ciência não conseguia explicar.
Nada nunca foi como eu quis, então uma vez, só uma vez, eu fiz as coisas do meu jeito. Destruí nosso último fio de esperança, eliminei a única que me deu uma chance, me livrei do meu empecilho, e você… ah você. Estava tão furioso, que quando me dei conta o fúcsia escorria por uma pilha de buzinas caóticas, eu havia te matado. Minha primeira amiga, a primeira a me dar uma chance, a primeira a estender a mão… eu matei a sangue frio.
Pode ser idiota, mas parece que é muito mais fácil se refletir depois que seu corpo é dividido em dois de forma dolorosa em meio ao caos, e só então fui capaz de perceber: Eu nunca fui o herói da minha própria história. Não mereço nada além de solidão, afinal é o que sempre tive comigo. Serei para Sempre um príncipe sozinho em um barco.

Me perdoe por não te compreender.

Me perdoe por acabar com suas esperanças.

Me perdoe por me tornar o vilão dessa história.

Me perdoe, Feferi. 

Perdão em 12 Cores Onde histórias criam vida. Descubra agora