❝ »II Capítulo« ❞

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Chego em casa e vou direto para o meu quarto, estou muito cansada, então jogo minha bolsa na cama e vou preparar um banho.

Depois de alguns minutos relaxantes e tranquilos, pego minha bolsa. Assim que abro, dou de cara com o sketchbook, aquele bendito caderno, a minha mão coça para abrir, mas controlo o meus impulsos e  consigo diminui-los a uma simples lida no aviso novamente, o que me faz rir pela leveza das palavras escolhidas, - bom Laura chega - penso e então anoto o número e o coloco de novo dentro da mochila

Salvo seu número em meu celular como "Jacob Whiteland" , quando vou pegar meu caderno para fazer um trabalho. Percebo que há uma pequena foto da frente da universidade, acho estranho, mas sigo. Então lembro que nesses 2 anos lá, eu nunca tirei foto da faixada.

A imagem do sketchbook  é uma tentação, não estava afim de quebrar a única regra, mas infelizmente tive que quebra-la.

Vejo que há um marcador, preto com detalhes em dourado, abro no local que ele marca e dou de cara com uma espécie de varal de fotos, muito bonito e bem trabalhado, com várias fotos coladas, consigo sentir o cheiro da cola ainda fresca.

O cabeçalho diz:

First Month In the University

Photography and Design

Que no português fica "primeiro mês na faculdade. Fotografia e design" . Curso que ele e Amelie fazem. As outras fotos se tratam de lugares, uma delas é a visão da janela do ônibus, outra é o por do sol visto pelo pátio da faculdade.

Percebo também que há uma foto tirada da vista da arquibancada, vejo alguns meninos do curso de educação física em sua aula prática. Que pela roupa e bastões posso chutar que seja de lacrosse.

Uma foto me chama a atenção, mas não por ser bonita e bem tirada como as outras, mas por eu reconhecer aquelas figuras.

Espera é porque sou eu?! Como assim?!

As protagonistas da foto somos eu e a Amelie, estamos sentadas na grama, com lanches, eu estou com meu macacão jeans que uso para pintar, agora vejo o porque das reclamações da minha mãe, ele realmente está todo sujo de tinta, mas cada manchinha tem sua história e por mais que eu lave, elas não vai sair, já secaram a única coisa que posso fazer é aceita-las.

Estou colocando uma margarida na orelha da Ames, as duas com sorrisos enormes é verdadeiros, lembro logo depois uma abelha tentou nos picar, mas fomos mais rápidas e conseguimos fugir dela.

Nossas peles são iluminadas pelo sol da manhã, parece que nossas vidas são perfeitas, apenas jovens alegres curtindo sua juventude, mas esse dia não foi cheio de maravilhas assim.

Afasto os pensamentos ruins e lembro do calor do momento, da brisa que corria por nossos cabelos, das tintas em meu macacão e das sardas iluminadas pelo sol que formam uma obra prima.

Me vejo perdida em todas as memórias daquele momento único, fotografado pelo Jacob, um estranho, mas que algo me diz que ainda teremos alguma história. Sou arrancada desse momento por uma batida firme em minha porta:

- Laura??! Você tá aí garota?? Veste a roupa que tô entrando okay - Diz Blake, minha irmã mais velha.

Ela tem 24 anos, sou 4 anos mais nova. É formada em psicologia e noiva de Daniel, que também é um amor. Tem cabelos negros longos com ondulações e olhos azuis claro bem marcantes. É muito linda, diferente de mim, que tenho apenas cabelos castanhos chatos e uma coisa que me faz ser diferente de todos, única. Meus olhos, eu tenho heterocromia, que é uma condição genética onde um olho tem a cor diferente do outro, no meu caso é bem visível, pois um deles é verde, enquanto
o outro é castanho. O que chamam na ciência de "anomalia" eu chamo de "meu detalhe", uma coisa que só eu tenho, o que me faz especial, o que me faz ser eu.

❅»Maldito 103«❅Onde histórias criam vida. Descubra agora