❝ »I Capítulo« ❞

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Meu alarme toca e acordo no primeiro momento, pra falar a verdade nem dormi direito, mas quando que eu durmo direito? eu respondo: nunca, dou de ombros e sigo a minha rotina, tomo banho, visto uma camisa branca e dou um nó no meio, visto minha calças jeans e chego na pior parte, meu dilema de cada dia:

all stars confortáveis e bonitos, porém não tão formais ou um salto bege plataforma menos confortável porém formais

e como sempre, acabo escolhendo meus all stars de cano baixo branco, arrumo meus cabelos em um rabo de cavalo meio frouxo, deixo a franjinha pra fora e me pergunto "por que eu não fiz essa franja antes?" ela combina perfeitamente com meus cabelos castanhos sem graça e dar um ar mais alegre e elegante, depois de alguns minutos no banheiro me maquiando e falando comigo mesma, vou para a cozinha preparo um café preto e um omelete.

Ainda são 6:20 da manhã e já estou no ponto, fico orgulhosa de mim mesma por não ter me atrasado, meu ônibus passa as 6:30. 103, unica linha de onibus que passa aqui no meu bairro e vai para o centro da cidade, onde fica minha faculdade, a dita fica uns 20 minutos de distância da minha casa, essa linha é bem tranquila, em 2 anos nunca fui assaltada, mas só os velhos e algumas outras pessoas que trabalham no centro pegam esse ônibus, o que o torna muito tranquilo para ler, escutar música e etc. Conheço tanto o motorista quanto o cobrador, além de alguns passageiros recorrentes, assim como eu.

Dou sinal e o ônibus para.

- Bom dia seu Nestor! - comprimento o motorista com um aceno e ele acena de volta - Como vai seu Carlos?! - falo, agora direcionando a pergunta ao cobrador

- Vou bem, e você, como está na faculdade?

- Tô bem também, Obrigada por perguntar - passo a catraca e vou me sentar.

Meu assento de sempre está ocupado por uma senhora, Dona Madalena, ela pega todas as segundas para ver as netas que moram perto do centro, então acabo indo para um que tem dois lugares e me sento perto da janela, coloco minha bolsa em cima do meu colo, deixando um lugar livre ao meu lado, pego o meu livro e coloco os fones de ouvido, estou pronta para a viagem.

♡}//Quebra de tempo//{♡

Hoje o dia foi mais cansativo que o normal e eu ainda tive que ficar até mais tarde naquele inferno, pelo menos poderei ver minha amiga, Amelie Amber, estudante de fotografia, ela estuda em outro anexo da mesma faculdade, mas sempre sai mais tarde que eu. Somos melhores amigas desde o fundamental, moramos no mesmo bairro, ela é ruiva, de olhos verdes e um pouco mais alta que eu, o que não tão difícil assim já que só tenho 1,67.
Avisto ela e vou correndo em sua direção:

-O que está fazendo aqui essa hora ein peste?? - Ela diz enquanto nos abraçamos.

- Camélia, minha professora de teoria do arte, nos forçou a ficar lá até mais tarde para terminamos uma redação sobre o assunto - falo e dou de ombros

- Nossa parece tediante, mas pelo menos podemos ir juntas- ela diz radiante e concordo retribuindo o sorriso

Pegamos o mesmo ônibus, mas ela mora umas 6 quadras antes da minha, o que é bem longe. Sentamos juntas e conversamos por um tempo, sobre vários assuntos e então ela cita os calouros, está na temporada de calouros aqui na faculdade, então vários trotes e mudanças estão acontecendo em diferentes cursos.

- Você acredita que na minha sala tem mais de 10 calouros?? essa gente consegue ser muito chata, só existindo - Amelie diz com desdém

- Não deve ser tão ruim assim Ames, você gosta de exagerar, dramaqueen- Digo em tom de brincadeira o que faz ela rir

- Você só diz isso por que na sua sala só tem apenas 2. Pelo menos da pra rir deles, por conta dos trotes que os veteranos estão fazendo - Fala e em seguida da uma gargalhada, provavelmente se lembrando de alguns dos trotes, já tinha até esquecido o quão engraçada e escandalosa é a risada dela.

- Quem é aquele?? - pergunto e aponto para um garoto, ele tem olhos verdes e cabelos castanhos que caiem sobre os seus olhos, está de cabeça baixa lendo um livro, então não sei dizer se ele é bonito ou não, mas seus olhos parecem esmeraldas brilhantes

- Quem?? Aquele ali kkkkk, "Jack o bibliotecário zumbi" kkkkkkk - Ela fala debochando dele, fecho a cara ela percebe e continua

- Perdão..kk - Fala tentado se recompor - o nome dele é Jacob Whiteland, sofreu um trote essa semana e todos estão rindo dele, sim ele é um calouro, não fala com ninguém, sempre com a cara nos livros ou em um sckethbook e vamos concordar que ele é bem estranho né.

- O que fizeram com ele? o casaco tá todo sujo. - indago apontando pra ele com o queixo

- Ele tava na biblioteca, sendo um zumbi, como sempre e os veteranos jogaram dois baldes de tinta nele, um azul e outro prata, alem de penas, acredito que pra simbolizar a faculdade

- Coitado!

-Concordo, mas foi ben engraçado, pelo visto ele ate que conseguiu se livrar bastante das penas, enfim eu desço aqui, só não se apaixona pelo zumbi tá, beijos docinho - Ela diz e me da um beijo na testa

Fico um pouco atordoada com as informações, mas tenho quase certeza que ele deve ser legal, só não teve uma oportunidade de mostrar seu caráter.

Ele olha pra trás e finalmente consigo ver seu rosto, ele é muito bonito e também percebo que ainda há vestígios de tinta azul e cinza, as cores da faculdade por seu rosto, como se ele não tivesse conseguido tirar tudo, exatamente como Amelie salientou.

Três pontos antes do meu, escuto o sinal para descer tocar, Jacob pega sua mochila e casaco e desce. Percebo que um pequeno caderno com capa preta foi deixado no banco, me aproximo e pego o caderno, abro a primeira página e está escrito com letras de forma:

Esse sketchbook pertence a: Jacob Whiteland

e se você está lendo isso, imagino que tenha o encontrado, então por favor ligue para esse número e comunique onde estou

ps: EM NENHUMA HIPÓTESE FOLHEIE ESSE SKETCHBOOK ou sofrerá consequências

tenha um bom dia :)

é sério devolve o sketch por favor, se não um pobre menino vai ficar muito triste :')

Logo embaixo desse aviso, tinha um número de telefone, provavelmente do Jacob, então guardei o sketchbook em minha bolsa e assumi a missão de devolve-lo ao dono.

O único problema é que eu sou muito curiosa e vou ter que lutar com todas as minhas forças para não violar a única regra contida no aviso.

Dou sinal e desço, enquanto caminho até minha casa, penso em como eu consegui o número dele fácil, nem precisei pedir, mas calma Laura, você só vai devolver o caderno, que é o certo a se fazer e depois não vai falar mais sobre isso, tá louca, você só sabe o nome dele e pelo o que a Ames falou, ele parece ser meio metido, antisocial e cá pra nós, muito estranho, pelo menos vou ter uma chance de provar minha teoria.

❅»Maldito 103«❅Onde histórias criam vida. Descubra agora