Quando acordei, já era manhã do dia seguinte. Demorei alguns segundos até processar onde estava e a noite anterior. Mas não demorou muito até que eu percebesse que estava exatamente onde eu tinha vontade de estar naquele momento. Um olhar preguiçoso me encarava junto a um sorrisinho de canto.
— Bom dia... — Hugo disse com a voz rouca. Um bocejo veio em seguida.
— Bom dia! — Respondi enquanto me espreguiçava.
— Você ronca, sabia?
— Só Deus pode me julgar. Tenho problemas respiratórios, tá bom?
— Mais de vinte anos vivendo em São Paulo, é isso que dá. Bom, tô considerando que você tenha mais de vinte né...
— Claro que tenho — Respondi rindo. — Mas e você? Não vai me falar que é menor, pelo amor.
— E se eu for?
— Eu te mato por não ter me contado!
— Relaxa, vovô. Tenho vinte e dois.
— Dois anos mais novo que eu e tá me chamando de vovô? Cria vergonha na cara.
— Ok, pode deixar. Eu sempre aprendi que tenho que respeitar os mais velhos... — Ele disse estampando um sorriso gostoso no rosto.
— Vou fingir que nem ouvi, chato. — Respondi e cruzei os braços de brincadeira, olhando para o teto.
Nesse momento, Hugo começou a me encher de beijos e é claro que não consegui manter a cara amarrada por muito tempo. Ele logo descobriu o meu fraco com cócegas e não perdeu a chance de usar isso contra mim. Eu estava rendido.
As cócegas até poderiam ter levado a mais beijos, mas só nas histórias perfeitas que a galera consegue encarar beijo matinal por muito tempo sem se incomodar. Eu e Hugo decidimos ir escovar os dentes pra podermos continuar de onde paramos. Minha sorte é que quando saímos da pousada na manhã anterior, eu tinha levado minha escova.
Hugo deveria estar no quiosque às nove. Era sete. Tínhamos algo entre uma hora e uma hora e meia. E não desperdiçamos nem um minutinho. Ele me jogou em sua cama. Os beijos levaram às mordidas, as mordidas levaram a gente a começar a tirar a roupa, e dali pra frente não tinha mais volta. Nossos corpos pediam a conexão que a gente tinha experimentado na noite anterior e nós dois estávamos muito prontos pra atender. Naquela manhã, então, transamos mais uma vez. E, de novo, vivemos um orgasmo intenso e diferente de qualquer coisa que eu já tinha sentido. A sensação da noite anterior não tinha sido sorte ou acaso, aparentemente.
Nos dias que seguiram foi mais difícil passar muito tempo com Hugo, porque ele precisava trabalhar. Mas felizmente a gente podia se encontrar na pousada. E é claro que eu não perdia a chance de passar algumas horas no quiosque da praia assistindo ele trabalhar, sempre sentado numa mesa ímpar. Cada vez que ele passava por mim, nós trocávamos olhares bem cúmplices. Meu coração ardia, minha cabeça pirava. Quando eu sentia que seria difícil manter o volume no lugar, corria pro mar para evitar qualquer constrangimento.
Ali na praia não havia muito como responder a vontade que tínhamos. Mas na pousada a história era outra. Precisei inventar um problema no banheiro. Sabia que Rosane iria mandar Hugo pra dar uma olhada. Era a ideia perfeita. A gente não tinha muito tempo, mas ainda assim era maravilhoso e intenso. Sentia uma dificuldade enorme em não poder fazer muito barulho. Nossas bocas se encontravam e tentavam abafar a vontade de gemer mais alto. A minha mão segurava o lençol com toda força possível. Não que precisasse disso tudo, mas era extremamente sexy fazer aquilo, então eu fazia.
Não vou descrever todos os momentos que passamos, mas posso deixar o saldo por aqui. Na quinta, transamos duas vezes no horário de trabalho dele. Na sexta, transamos mais uma vez dentro do horário de trabalho. Na segunda vez daquele dia, Rosane apareceu com Hugo e queria ver o problema também. Então só disfarçamos e demos o problema no banheiro como resolvido. Ela parecia satisfeita e convencida. Ufa!
Naquela noite de sexta pra sábado tivemos a brilhante ideia de dormir juntos e escondidos no meu quarto. Era impressionante a nossa disposição, porque naquela madrugada transamos mais duas vezes. E eu transaria uma terceira, se não fosse o horário. Ele precisava dormir.
Era manhã de sábado. Tivemos que tomar muito cuidado pra que ninguém visse Hugo saindo do meu quarto e nem mesmo andando ali pela pousada de manhã. Rosane era nosso maior medo, afinal ela sempre estava por ali. Como a casa dela era um anexo a pousada, ficava fácil de estar por ali checando tudo e todos o tempo inteiro. Felizmente, tivemos sucesso na escapada.
Fomos juntos pra praia naquela manhã. Antes que ele entrasse em serviço, resolvemos dar um mergulho no mar e, depois, ele seguiu para o quiosque e eu pra mesa ímpar. Tudo seguia como tinha sido nos últimos dias. A troca de olhares, as piscadinhas, os mimos - preciso acrescentar que todo dia ele me dava um pedaço de um bolo de brigadeiro com licor, por conta dele. Mas não muito mais tarde, algo pareceu estranho.
Enquanto Hugo caminhava em direção a mesa de um cliente, uma moça apareceu ao seu lado e Hugo pareceu bem surpreso. Por um instante imaginei ser uma outra cliente, mas ele largou a bandeja em uma mesa e seguiu com a garota para a lateral do quiosque. De onde eu estava, ainda conseguia ver os dois conversarem. Ok, aquilo estava me deixando preocupado. Quem era aquela? Ela parecia ter uns vinte e poucos anos, não parecia estar vestida pra curtir a praia. A conversa não parecia bem uma conversa. A garota começou a chorar. Hugo colocava a mão na cabeça, tentava acalmar a garota. Porra, o que estava acontecendo ali?
Hugo seguiu em direção ao quiosque e foi até o caixa, onde estava seu Geraldo. Eles pareceram conversar alguma coisa séria e, em seguida, Hugo deixou o quiosque junto com a tal garota.
Ele estava indo embora no meio do horário de trabalho com uma garota chorando e eu não fazia ideia do que tinha acontecido.
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Amor de Areia (Romance LGBT)
Любовные романыRafael é um cara paulistano que se vê pressionado quando o trabalho, o ex-namorado, a sexualidade e a família se tornam questões muito mais complicadas do que geralmente são. Pra relaxar, ele procura refúgio no litoral norte, onde uma nova pessoa e...