le matin

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*

Louis não lembrava de ter sentido seu corpo tão quente e confortável como ele estava naquele momento em muito, muito tempo. Um cheiro que lembrava lar alegrava seu olfato e tomava conta de seus lençóis e sua pele quentinha era arrepiada por um toque suave.

- Bom dia, Harry – sorriu leve, mantendo os olhos fechados tentando manter aquela sensação por mais tempo.

- Bom dia, Lou. - mesmo de olhos fechados, pode sentir o riso pequeno que se formava nos lábios de Harry. 

Mesmo após semanas, Louis não havia se acostumado com as manhãs onde acordava rodeado de calor e cheiro de lar. A cada nova manhã, ele percebia o quão viciante aquilo se tornava, poderia acordar desse jeito para o resto da vida. Um vento em sua barriga aparecia sempre que tais pensamentos passavam por sua mente, não sabendo identificar se era receio ou adrenalina por algo novo, jovial e lindo na sua vida. 

A melhor parte era abrir os olhos e encontrar um rosto sonolento, grandes cachos bagunçados e encantadores olhos o encarando de volta, gerando um tornado dentro de seu estomago. 

Louis não sabia como eles haviam chegado a um ponto tão natural de passarem as noites juntos, sem sexo, sem malicia. Não que o desejo não estivesse ali, mas não se fazia necessário quando eles tinham uma conexão tão grande que Louis jamais entenderia como aquilo era possível. Quem sabe as melhores coisas da vida não precisassem de explicação, precisassem apenas serem sentidas.

E ali estavam, passando noites chuvosas juntos desde a primeira vez que Harry entrou como um perfeito ladrão pela sua sacada. 

E ah, as covinhas.

Louis se perdera naquelas tímidas covinhas que vieram assim que lhe fora oferecido uma toalha e um moletom quente, moletom que ficava folgado em Louis, mas apertado em Harry. Lindo.

Ele não lembrava muito daquela noite, era flashes de um Harry tímido, covinhas, sorrisos de canto e verde, verde, verde. Desde então, chás quentinhos, filmes antigos e um moletom esperavam por um Harry molhado que o pegava sempre sem tirar os olhos de Louis que por sua vez, lutava sempre contra uma guerra interna em não olhar para tantas tatuagens e pele macia e molhada bem na sua frente. Harry ria debochado conforme sua timidez fora esvaindo, como se soubesse o que Louis passava internamente.

- Preciso ir. - retirado de suas lembranças por uma voz rouca e grogue de sono, quase parecia um ronronar, Louis puxou as cobertas tapando quase todo seu rosto em forma de protesto fazendo Harry sorrir. 

Ele sempre precisava ir para algum lugar qualquer que Louis não sabia. Sempre antes de o sol nascer, ele pulava a janela - como se o apartamento não tivesse uma porta – e seguia seu caminho sem nunca olhar para trás.

Eram tantas perguntas que Louis gostaria de lhe fazer, onde ele morava, o que ele fazia, por que sempre na chuva? Porém, sempre que fazia menção de saciar sua curiosidade, aquele maldito par de olhos o fazia recuar, como se estivesse passando por alguma linha invisível na qual Harry não queria deixa-lo passar. O máximo que ele chegava era conversar sobre as melhores fotografias dos filmes e tudo que envolvia o mundo cinematográfico, coisas aleatórias sobre a vida (Harry adorava filosofar sobre, mesmo que aquilo nunca fizesse muito sentido para Louis), Niall, Zayn e Liam e a cafeteria, as crianças da aula de francês, comidas e lugares que eles gostariam de conhecer, mas nunca, nunca, especificamente sobre Harry. Era meio torturante, já que Louis não era do tipo que gostava muito de pessoas em geral, se encantar por alguém que ele não conseguia desvendar, sendo que em sua maioria, as pessoas realmente se sentiam confortáveis em contar sobre sua vida a Louis, mesmo quando ele só fingia ouvir por educação. 

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