||The Club||

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As luzes piscavam edênicas de todos os lados, controlando o ambiente de uma forma perigosamente entorpecida. O conjunto de cores jogadas nos corpos provocava uma quebra de imagens de acordo com suas vontades e viam-se coisas diferentes a partir do modo como se olhava.

As batidas repercutiam no local como parte dele, tremendo mesas e copos com estrondos mais fortes e suavizando as paredes quando a melodia soava sensual demais. A atmosfera inteira era levada pelas letras e ritmos harmônicos de forma que quadris e peitorais mexiam-se juntos e sincronizados, com cada um prestando atenção apenas no que queria ouvir sem se importar de naquele momento serem ouvidos.

Toques e mãos fugitivas distribuídas por peles marcadas com ânsia por exploração e necessidade lasciva de contato. As respirações descompassadas e, principalmente, despreocupadas alertavam para a bagunça de anatomias misturando-se sublimes da forma que fosse, sentindo tudo que desejava-se sentir.

Mais um copo era colocado para dentro por múltiplas pessoas, embebedando-se da noite e tragando a boêmia. Os sentidos eram contemplados por urgências oníricas de estar longe da ação da gravidade mesmo com os pés firmados no chão.

O desejo pela ausência de sobriedade cravava fundo nas consciências perturbadas e carregavam os pés em direção aos abismos da perdição, danando-se com as consequências.

A incandecência do profano arrastavasse pelo inconsciente como cobras camufladas, silenciosas e precisas rastejando pelo chão movediço. O paraíso era ali alcançável e momentâneo, goles e estranhos eram mais do que suficientes para atingir os céus.

A eroticidade atenuava-se pelos cantos, sofás, banheiros e até mesmo por debaixo das fortes iluminações. Decisões erradas tomadas pela certeza ecoavam barulhentas saindo pelos lábios em forma de sussurros, segredos e gemidos.

A boate estava viva e respirava ofegante.

Encontrava-se em um dos sofás vermelhos do local, sentada no colo de um alguém, com uma perna de cada lado do seu corpo forte. As bocas necessitadas estavam ocupadas maltratando um ao outro, deixando marcas no pescoço e mordidas ferozes na linha do maxilar. Suas mãos tratavam de explorar o peitoral definido do outro, fazendo um carinho felino com as unhas compridas, enquanto ele apalpava sem pudor as suas nádegas empinadas.

- Qual você disse que é o seu nome mesmo? - O homem perguntou, puxando o cabelo da morena pela nuca para poder atacar seu pescoço macio novamente com a língua.

- Yumi. - Ela respondeu com a respiração pesada, perguntando-se como de fato havia chegado ali.

[Mais cedo]

Depois que saiu da cafeteria mais estranha em que já havia estado, questionou-se para onde diabos iria, mas todos os caminhos apontavam para o nada. Até que lembrou-se de talvez poder pedir ajuda a primeira colega que conseguiu pensar.

- Mary, você está salvando a minha vida, sério. - Exclamou um pouco aliviada enquanto passava pelo grande portão de ferro da casa luxuosa de sua antiga amiga de ensino médio, esta que a recepcionava ainda de pijama e com a cara extremamente fechada.

- Você tem noção que horas são pra você me ligar pedindo favor? - Resmungou fechando brutalmente o portão pesado e logo em seguida dando passos largos em direção à casa, sem se importar com o acompanhamento da outra.

- Mas...Já passou do meio dia...- Falou um pouco acanhada, com medo de irritar mais ainda a "amiga".

- Não importa! Eu odeio ser acordada. - Falou com desdém, finalmente virando para encarar Yumi quando ambas já estavam na sala da residência. Fitou-a da cabeça aos pés enquanto estalava a língua nos dentes com o olhar de julgamento em que era profissional. - Por que você está assim?

EGO {HIATUS}Onde histórias criam vida. Descubra agora