||The House ||

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- Alô? - Lilith soava ofegante do outro lado da linha, Yumi de início estranhou, mas se manteve em silêncio tentando ter coragem para ir em frente com o motivo da ligação. - Eu posso ouvir sua respiração, sei que está aí. Quem é?

Ouvia-se vozes distantes onde quer que a mulher estivesse e pensou que provavelmente estava sendo uma inconveniente e atrapalhando tudo, por isso retirou o telefone da orelha, disposta a não ser uma pedra no caminho de mais uma pessoa.

Mas, olhando para aquela ligação e depois olhando ao seu redor, que mais tinha para fazer?

- Você me deu o seu número...- Ela disse baixinho ao colocar o aparelho de volta aos ouvidos e o segurar firme com as duas mãos, com medo que de alguma forma o objeto escapasse de seu tato.

- Dei? - Ouve um longo minuto de silêncio entre as duas, Lilith tentava trazer à memória a lembrança de quem poderia ser, já Yumi se condenava mil vezes por ter se posto nessa situação. - Ah!É... Yumi?

Ela lembrava seu nome.

- S-Sim. - Gaguejava em um mix de nervosismo e espanto.

- Aconteceu alguma coisa? - Perguntou preocupada.

- Não... Quer dizer,sim. - Não sabia bem o que dizer ou como dizer, mas precisava descobrir logo ou sua vergonha aumentaria ainda mais por não conseguir sequer pedir ajuda. - E-Eu preciso de ajuda.

- Onde você está?

[ Break of time]

O assento quente já começava a agoniar suas pernas sensíveis e descobertas, visto que usava apenas o fino vestido da noite passada, regada de arrependimentos. Suas mãos tremiam por antecipação sem saber o que de fato estava por vir.

- Tem certeza que não quer algo, Yumi? - Marli perguntava já pela quinta vez e recebia, de novo, uma resposta negativa. Estava preocupada com o claro nervosismo da morena que não deixava de tremer as pernas e bater a ponta das unhas cumpridas na mesa fria de metal reluzente com uma das mãos, enquanto a outra judiava de um guardanapo, amassando-o sem controle.

Quando Lilith pediu para que ela fosse para a mesma cafeteria em que se conheceram, Yumi não teve escolha a não ser acatar a sugestão, era ao menos um local conhecido por ambas. Agora o ambiente estava mais cheio do que da primeira vez e a incomodava profundamente que a ruiva gastasse mais tempo se preocupando com ela do que atendendo os outros clientes.

Barulhos de risadas e conversas paralelas atingiam seus ouvidos, mas ela não conseguia prestar atenção em uma conversa sequer para quem sabe se distrair. Refletia consigo mesma se aquele seria um estabelecimento tão bom assim, visto que era próspero até mesmo no café da manhã de uma terça feira, mas talvez fosse pela simpática balconista, quer dizer... Ela voltaria lá pelo atendimento.

Por mais que fosse um absurdo em sua mente contraditória, não podia negar que sua primeira conversa com a ruiva foi o bastante para não só a deixar à vontade, mas também suficientemente atraída por sua amizade, ou pelo menos o que ela julgava ser só amizade. 

Mas Marli não era o probelma aqui, a pessoa que seria capaz de a deixar tão nervosa como estava era outra completamente diferente, bem mais desafiadora.

Apesar da audição ora bagunçada ora silenciosa, sua visão se encontrava extremamente focada em um ponto específico. Observava a rua com afinco, quase sendo capaz de se teletransportar para lá fora vez ou outra em busca de sanar suas ânsias.

EGO {HIATUS}Onde histórias criam vida. Descubra agora