Os finalmentes, enfim

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"Trancada no hotelHá coisas que simplesmente nunca mudamVocê diz que somos apenas amigosMas os amigos não conhecem o seu gosto" - Camila & Shawn


Eu nunca tinha ido a um baile beneficente, claro que nem de longe pareciam com as festas no galpão do Ray Lance, com os meninos da cidade tocando e revezando o microfone, ou até as quermesses das senhoras da igreja, cheias de pipoca amanteigada e maçãs do amor.

Segui um garçom com mini sanduíches de pepino. E com toda a certeza não estávamos mais no Kansas.

Jonas era uma companhia satisfatória. Ou seria. Se conseguisse falar de qualquer outra coisa que não fosse seus delírios de grandeza em virtude de se aproveitar do trabalho dos outros e de como, em míseros meses, tinha conseguido a boa vida da qual gozava sem pudor algum. Sinceramente, meu estômago estava dando voltas só pelo fato dele se vangloriar de todas as conquistas sexuais. Eu revirava os olhos menos do que ele pronunciava a palavra linda.

-Sabe, linda, - e lá vamos nós – o evento do ano passado teve um Buffet mais interessante. – E deu um gole mais do que generoso na bebida, se minha conta não estava errada, já estávamos no quinto copo e na linguagem de Jena isso significava que... Bem, nem preciso dizer, certo?

Terminei a minha, para limpar a garganta, antes de falar.

-Eles têm bolinho de siri! – Tive pena dos sentimentos dos pobres bolinhos. – O que poderia ser melhor do que isso?

-Ano passado tinha salmão e caviar. Já comeu caviar? – Não e não tinha a mínima vontade, francamente. Era só o que faltava, ele ser esse tipo de cara. Metido. Era o pior tipo de espécie que existia e fora a gota d'água para me fazer perdoar Oliver.

Olhei ao redor, procurando por ele, mesmo sabendo que havia voltado para o quarto depois do discurso, decerto para assistir Tv e pedir serviço de quarto enquanto revisava coisas da revista. Aquele homem não parava de trabalhar e eu respeitava muito esse fato.

-Olha, Jonas, eu acho que vou voltar para meu quarto. – Jonas sorriu. Ah, não. –Sozinha. Preciso ver se o Sr. Byrnes precisa de mim. – Não chegava a ser uma completa mentira. E sem demora o sorrisinho dele se desfez.

-Seu chefe é bem turrão, não é? Certeza que não pode te dar uma folguinha hoje?! – Engoli em seco, mesmo. Só eu podia chamar meu chefe turrão de turrão. E a mãe dele, obviamente.

-Ele é excepcionalmente responsável. – Não tanto. – E gosta do trabalho bem feito, não pode culpá-lo por isso, pode? – Claro que não. – Agora, se me der licença. – E não deixei que falasse mais qualquer coisa, me enfiei entre duas pessoas que conversavam fervorosamente e surrupiei uma garrafa fechada de champanhe junto com uma bandeja recheada dos mini-sanduíches de mais cedo, porque sabia que Oliver não tinha comido nada desde o almoço.

Quando cheguei na porta do quarto, usei o calcanhar para bater duas vezes na porta, imitando a voz polida.

-Serviço de quarto! – Por mais que eu ainda quisesse enfiar o salto do sapato pela garganta do meu chefe, decidi que sua companhia dava de dez a zero na do aprendiz de Dom Juan lá embaixo. – Serviço de quarto? Sr. Byrnes? – O fato dele não estar sozinho não tinha passado pela minha cabeça, mas foi só depois que eu o chamei assim que ele enfim abriu a porta.

E se apoiou nela, pendendo os óculos de leitura na ponta do nariz. Também tinha tirado a jaqueta do terno.

-Eu sinto muito, senhorita, mas receio que esteja no quarto errado. – Sorriu, ainda receoso.

SecretáriaOnde histórias criam vida. Descubra agora