Toda a comoção
As brincadeiras bobas
Faz as pessoas falarem (Sex on Fire - Kings of Leon)
Sábado à noite.
A revista geralmente não funcionada nos finais de semana, portanto, eu estava muito bem acomoda no sofá do apartamento que dividia com uma amiga chamada Jena, da faculdade, ela era enfermeira e por conta disso, seus horários eram nada convencionais, mas isso não a impedia de prestar atenção aos meus. E de fazer perguntas, muitas perguntas, e dentre elas, a mais recorrente era:
-E então, quando vai arranjar alguém? – Eu sempre desconversava, ria, dizia que era loucura, mas, no fundo, sabia que uma hora ou outra teria de sorrir para algum estranho no bar e deixasse, a contragosto, que me pagasse uma bebida. Então no fim da noite seu número estaria na minha agenda telefônica. – Não sei como consegue. Uma semana e eu já fico subindo pelas paredes!
Dou de ombros.
-Certo, eu tive folga hoje e quero, muito, sair para beber alguma coisa. – Claro que queria, álcool movia essa garota, sem sombra de dúvida.
Eu adoraria, mas os pijamas, a pipoca e o sorvete de cereja dentro da geladeira me pareciam mais convidativos do que usar saltos de novo.
-Pode usar os tênis, Toni. – Yes! – Mas... Vão ser os novos, com glitter e o vestido vai marcar até o seu útero.
-Melhor do que isso: Os tênis vão ser os novos, mas eu vou pegar o short jeans claro e a camisa, ah, garota, ela vai ser a azul, sem sutiã. – Apontei infantilmente para meus peitos. – Essas belezinhas vão pagar as rodadas de hoje! – Jena riu e esperou que eu colocasse a roupa e fizesse qualquer coisa com meu cabelo, o limiar entre sexy e misteriosa, não bagunçando o suficiente para parecer desleixo e com certeza não muito arrumado para passar a ideia de que passei horas na frente do espelho me olhando de diferentes ângulos porque, bem, não foi o que aconteceu, por sorte, os genes do meu pai me permitiram ter um cabelo fácil de manusear e rápido para não perder a hora de manhã. A cor ficou por conta da mamãe.
A rua estava animada, ainda, com adolescente indo de lá para cá, rindo e fingindo que a noite seria mais divertida do que realmente estava parecendo.
Esse bar era um achado perto do nosso apartamento, não era tão conhecido, mas por se encontrar exatamente no centro de bairros/dormitórios se tornara bastante movimentado, uma vez que todos que precisavam de algumas horas de liberdade à noite iam para lá, e durante o dia, desfrutavam das deliciosas bebidas e lanches, já que funcionava como uma lanchonete, também. Era bem simples, na verdade, começando pelo nome na fachada e sua três letras em neon vermelho: BAR. E por dentro, era um misto de paredes de tijolos aparentes pintados de preto cobertos em partes por nomes do mesmo material da fachada, a maioria era propaganda de cerveja e refrigerante, como as placas de Coca-cola perto do banheiro das mulheres ou o de Budweiser em cima do balcão de bebidas, tudo isso detrás das portas espelhadas e um segurança sério, Toe, era como todos que frequentavam ali o chamava, porque ele parecia um grande dedão do pé, sempre imóvel e sério, atento a tudo que se passava.
-Hey, Toe, noite agitada? – Digo assim que o vemos, sorrindo, mas uma tremida nos lábios era o máximo de cumprimento que podia se esperar dele, e, acredite, só fazia isso quando gostava de você. Então, eu me sentia privilegiada por ser digna da simpatia do leão de chácara.
Jena não perdeu tempo quando entramos, sequer deu a famosa checada em volta para ver se tinha algum gatinho à vista, tratou logo de arranjar uma mesa para nós no meio de toda aquela gente e eu, fiquei responsável por pegar as bebidas. Ou deveria ter ido, mas parei no caminho quando o telefone vibrou no bolso de trás. Duas vezes.
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Secretária
Literatura FemininaVocê nunca vai precisar de duas, porque vou ser sua número Um As outras garotas são superficiais Mas eu sei que você sabe que eu sou única (Dance for you - Beyoncé)