Apenas um beijo em seus lábios ao luar
Apenas um toque do fogo ardente
Não, eu não quero confundir as coisas
Eu não quero forçar demais
Apenas um tiro no escuro - Lady Antebellum
Quantas vezes você já se pegou sonhando acordada dentro do ônibus? Com a cabeça encostada no vidro da janela e ouvindo músicas nos fones de ouvido? É um profundo momento de reflexão, não é? Você pensa nas coisas que já fez ou que poderia ter feito e , quando embalando nas músicas certas, tudo parece fazer parte de um clipe digno da MTv. Para a trilha sonora daquela manhã chuvosa, porém movimentada, a caminho do SOHO, coloquei Mad World, do Gary Jules e enquanto ele falava sobre lugares desgastados e corridas diárias eu me peguei lembrando a manhã de domingo que tinha passado com meu chefe. Oliver me convencera a fazer aquela loucura e sem querer pensar muito no depois eu entrei no quarto, me sentindo uma completa estranha ali, mesmo que tenha sido eu a escolher o papel de parede de cor neutra.
Talvez Oliver não estivesse pensando na mesma coisa, porque naquele exato momento ele tirou as calças.
Evitei olhar para baixo, não que não soubesse como era um homem de cueca, mas porque ainda era estranho estarmos ali, indo contra qualquer ideia que eu pensara ter da nossa amizade.
Os shorts que estava usando foram desabotoados, devagar, como se prolongar aquilo lhe desse tanto prazer quanto o que ia acontecer em seguida e, quando suas mãos seguraram minha calcinha e a desceram junto com a peça jeans me arrepiei do dedão até os fios finos de cabelo da nuca, mal podendo acreditar ainda. Eu não era puritana, nem virgem, já tivera a cota de sexo para minha idade, o bastante na faculdade... Só que fazia um bom tempo que não ficava com ninguém dessa maneira – agradeço mentalmente por ter depilado o necessário naquela manhã -. Depois, foi a vez da blusa, a qual Oliver retirou num só movimento de mão, jogando-a em cima da cama.
Pronto.
Estava nua. Pelada. Do jeito que tinha vindo ao mundo, na frente de Oliver, tentando não lembrar o que ele era meu. E Deus sabe o que se passava pela sua cabeça, que, numa velocidade questionável, tirou a cueca, ficando na mesma situação que eu.
Uma gota monstruosa de chuva se arremessou contra a janela, tirando-me bruscamente dos pensamentos, ou melhor, da imagem de Oliver nu. Bem que gostaria de dizer que tínhamos feito sexo, como o planejado, pelo menos, mas acredite, eu seria louca se não quisesse isso depois do que vi, foi assim que a ficha caiu e então aceitei que o calor no meu corpo não era apenas por ansiedade ou hesitação, sequer embriaguez e sim excitação, luxúria, desejo. Eu queria Oliver, muito. Por tal motivo o beijei, surpreendo-o, e ele me beijou de volta, surpreendendo a mim, só que dessa vez foi mais do que um simples beijo estalado contra a porta do escritório. Muito mais.
Passo os dedos no lábio inferior que fora alvo de diversas mordidas de leve.
-Seu danado. – O banho foi demorado. Ênfase no demorado. Extrema ênfase no demorado. Houve mãos, toques, bocas... E um box embaçado. No entanto, sem sexo. De acordo com Oliver:
- Eu quero te saborear aos poucos, Antoinette. – E apertou meus quadris com as duas mãos. – Não é uma mulher de uma transa só, seria uma pena acabar com todo o suspense hoje.
E assim foi, depois de "selarmos" o contrato, voltei para a cozinha na companhia de Oliver e tomamos café da manhã, comigo sentada no sofá, de frente para ele, tentando à todo custo prender o sorriso, nem sabia porque sorria tanto. Eu não era nenhuma modelo de revista, tinha plena consciência do meu corpo, das sutis marcas de arranhões e machucados espalhados por ele, decorrentes de uma infância agitada de desobediência à mãe que levava a mão aos cabelos que ficavam brancos de tanta preocupação. Não que tê-las parecesse surtir algum efeito enquanto Oliver me tocava. Ele não deu a mínima.
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Secretária
ChickLitVocê nunca vai precisar de duas, porque vou ser sua número Um As outras garotas são superficiais Mas eu sei que você sabe que eu sou única (Dance for you - Beyoncé)