Toni estava dormindo quando eu saí do quarto.
Calma e feminina, nem parecia a garota de palavras afiadas que era, por ventura, minha secretária.
Ou a mulher intensa e feroz com quem eu acabara de ir para a cama.
Como alguém podia ser tão diferente assim?
Resolvi descer para ter um papo com o Chef do Hotel e pedir algo especial para o café da manhã, não que fôssemos passar a noite ali, mas eu sabia como Toni ligava para comida e queria, como foi que ela disse? Ah, é, criar um clima. Eu não era nenhum homem das cavernas, no fim das contas. Fiquei feliz por notar isso.
O Chef me preparou café preto com torradas francesas e pêssegos cortados, ovos Benedict ao molho holandês e presunto numa fatia de pão. Ainda pedi um copo de suco de abacaxi com hortelã. Num pedido especial em nome da minha superestimada mãe e tudo estava pronto sem que eu pudesse sequer terminar de ler o e-mail que minha secretária muito eficiente me encaminhava do quarto.
Droga!
-Ligue para o Mason e diga que eu quero a matéria pronta até o jornal abrir amanhã ou ele pode dizer adeus ao emprego! – Tudo o que eu ouvia era a respiração pesada dela do outro lado da linha. – Não posso deixar mais uma edição sair do prédio sem essa matéria! Se ele é irresponsável não sou eu quem vai pagar por isso.
Toni soltou um "sim, senhor" e desligou.
Quando cheguei ao quarto, ela estava enrolada no lençol, mas agora tinha todas as pastas e papeis que eu tirara de cima da cama de volta aos seus lugares. Falava ao telefone com aquela expressão profissional séria, movendo os lábios precisamente enquanto dava a bronca no Mason e tentava resolver a situação dele. Toni adorava fazer isso, resolver os problemas dos outros como se fossem dela e isso conseguia ser irritante e bastante proativo ao mesmo tempo.
-Não, Mason, o Sr. Byrnes não pode ser incomodado agora, por isso sou eu que estou te respondendo. Não. Sim. Ele está num evento e não vai, sob hipótese alguma, atender sua ligação. – Rugiu, firme.
Eu me limitei a colocar a bandeja com a comida em cima da mesa e jogar pro inferno a ideia de surpreendê-la, mas, ainda ganhei um sorriso teimoso e faminto.
-Você tem até as três da manhã. – Num ímpeto, procurei meu telefone e me certifiquei que o pobre coitado não tinha a mínima chance de entregar em menos de duas horas algo satisfatório que não conseguira fazer em duas semanas. Toni desligou o telefone e jogou em qualquer lugar na cama, bufando e fazendo a mesma cara que fazia antes da hora do almoço. – Tomara que ele consiga. Caso contrário, já posso contratar um guarda-costas.
- Ele é um homem formado. Se não conseguir a matéria, será pela própria culpa. Não tem nada a ver com você. – Vi aquela mulher pequena colocar um pedaço de pão por inteiro na boca, sem nenhuma cerimônia. – Mas... Devo dizer que achei impressionante a forma como tratou com ele, sem nenhuma hesitação.
Toni deu de ombros, extremamente madura.
-Aprendi com minha vó, ela é uma mulher durona. – Meu telefone vibrava em cima da mesa, nem precisei olhar para saber quem era... Cara, a insistência do Mason era frustrante. – Preciso ir para casa.
-Hum? – Eu imaginei, esperava, pelo menos que terminasse de comer. Ou que... Não, eu realmente esperava que a gente transasse de novo. – Sim. Eu vou chamar um carro para você.
-Oliver, eu posso chamar um táxi para mim. – Eu sequer discordei. Limitei-me a tomar o café-da-manhã e, enquanto observava Toni se vestir para ir embora, eu só conseguia me imaginar pedindo que ela ficasse, só mais um pouco. Beijando a linha do pescoço... – Oliver? – Merda, o que estava acontecendo? – Eu estou indo, se precisar de alguma coisa... Tem meu número. Até segunda.
E foi isso.
Eu não pedi para Toni ficar.
Mas eu queria.
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Secretária
أدب نسائيVocê nunca vai precisar de duas, porque vou ser sua número Um As outras garotas são superficiais Mas eu sei que você sabe que eu sou única (Dance for you - Beyoncé)