For everything I long to do
No matter when, or where or who
Has one thing in common, too:
It's a sin.
—
It's a Sin,
Pet Shop Boys
♫
O tráfego de pessoas estava consideravelmente mais intenso que o esperado para aquela hora da noite, mas isso não impediu Jimin de fugir pela janela do quarto com a intenção de ir até à casa de Taehyung. Precisava de falar com alguém sobre a tarde que tivera e sobre o que devia fazer naquela situação inusitada para não parecer um babaca com o Jeon, e com certeza não pediria esse tipo de ajuda para os irmãos.
Precisava urgentemente do seu melhor amigo, o seu guru dos conselhos pessoal.
Como a sua fuga teve de ser feita a pé — já que tirar o carro do pai da garagem faria barulho demais a uma hora daquelas —, quando Jimin finalmente se colocou em frente do quartinho minúsculo da pensão em que Taehyung morava, o relógio de pulso já marcava pouco mais da meia noite. Ignorando o horário tardio, ele bateu várias vezes na madeira da porta, insistente, ficando sem receber resposta por longos segundos. Só após ter ouvido uns ruídos esquisitos vindos de dentro do cômodo é que o Kim abriu finalmente a porta, porém, apenas a distância que era permitida pela corrente da trava. Ao notar o amigo ali, o ruivo rolou os olhos e fechou a porta com força, apenas para a poder escancarar de novo e encarar Jimin do jeito puto que ele merecia por estar batendo na sua porta a uma hora daquelas. Jimin ainda teve a audácia de sorrir para os olhos cansados que o encararam com uma boa dose de desconfiança.
— O que foi, diabo?
Jimin deu uma boa olhada em redor antes de invadir o apartamento — não arriscaria entrar ali sem checar o perímetro antes, não depois da última vez onde viu coisas que com certeza o deixaram com um trauma para o resto da sua vidinha miserável —, apenas para perceber que não havia nada de novo para ser visto. O lugar continuava pequeno, com uma cama e uma mesa, e uma portinha do outro lado do cômodo que Jimin sabia que levava a um banheiro tão minúsculo quanto o quarto. O pôster de Star Wars continuava milimetricamente colado na parede, e o rádio vagabundo que Taehyung se recusava a trocar continuava tocando um dos muitos álbuns dos Pink Floyd. Estava tudo a mesma bizarria de sempre. O diferente eram os livros e papéis que agora decoravam todo o chão do cômodo, e que fizeram Jimin concluir que Taehyung provavelmente estava estudando antes de ele chegar ali.
— Vai ter prova?
Taehyung bufou um tanto contrariado e assentiu com a cabeça ao fechar a porta. O sonho dele era conseguir se tornar um grande médico, salvar a civilização.
Ou matar o que restava dela, ele ainda não sabia direito.
— Vou. E você está no caminho do meu sucesso, então eu acho bom você ter uma boa desculpa.
Jimin manteve o sorrisinho no rosto ao largar o corpo de maneira relaxada na cadeira velha do lado da cama do Kim, mas ele desfez-se quando ouviu o rangido assustadoramente alto que a cadeira fez. Por um momento, ele pensou que ela quebraria juntamente com algum osso da sua bunda e estilhaçaria totalmente a sua dignidade — ou o que restava dela, pelo menos.
— Quase que eu morro nessa porra, mas que caralho, viu Taehyung? — Jimin resmungou, se levantando num pulo e dando um chute fraco na cadeira antes de se sentar no pouco pedaço de chão que estava livre de folhas e livros com os braços cruzados na frente do peito, sempre com o cuidado de não encostar em nada para não bagunçar ainda mais a bagunça do Kim.
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Eu, Você E Três Doses De Coragem Líquida
Fanfiction[CONCLUÍDA] Enfiado nas suas jaquetas de couro e com um leve vício em cigarros de cereja e doses de tequila com gelo, Park Jimin era alguém que certamente não via necessidade nenhuma em ser arrastado todo o sábado à tarde para as traseiras da igreja...