Prólogo

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PRÓLOGO

Vozes atrás de mim, tiros, estão vindo, estou correndo, mas para onde? Só sei que quando chegarem estarei morto, minha vida depende disso, depende da minha fuga. Eu tenho que sair daqui. Vivo.

Tem alguém comigo... uma garota, não consigo focar o rosto dela, mas é loira tem a pele clara aparentemente com 15 anos de idade e deve ser mais forte que a aparência frágil e delicada apresenta ela tem o pedaço que completa meu yin-yang, a parte branca, o yang, por mais que eu tente não consigo lembrar o nome dela, minha cabeça está girando, tudo muito confuso, não sei onde estou só sei quem sou e que estou correndo para salvar minha vida... E a dela.

Estamos correndo por corredores repletos de portas, luzes piscam acima de nós no corredor tingindo as paredes de vermelho e deixando-o numa escuridão intensa quando se apagam, as portas são negras com exceção da fechadura que é de um prateado intenso e polido. Ela parece saber qual a porta que procuramos, pois não para nem para checar nenhuma delas.

Tropeço e ela pega em minha mão por um instante me dando apoio necessário para retomar a corrida quase instantaneamente. Lembrei-me de uma coisa, eu confio nela, confio minha vida a ela, algo naquele toque me fez lembrar disso. Temos algum tipo de ligação. "Que droga! Por que não me lembro de mais nada? Eu poderia estar ajudando a fugir mas parece que ela está já fazendo tudo. Só me resta não atrapalhar", pensei.

Estão chegando perto, algo me diz que não vamos conseguir. Ela parece ver o medo em meu rosto pois, entre um sorriso tímido, diz:

- Vai ficar tudo bem, já estamos perto.

Viramos à direita e, depois de passar por uma infinidade de corredores e curvas que não se diferenciava em nada um do outro, ela para diante de uma porta, não vejo nada de diferente em relação às outras, mas ela parece saber exatamente o que está atrás daquela, "será nossa liberdade? Ou mais um caminho por corredores com luzes piscantes?" Está trancada. Eles estão cada vez mais perto, já consigo ouvir a respiração ofegante e as botas de borracha se arrastando no chão liso do corredor que acabamos de passar, eles reduziram a velocidade, devem saber que estamos presos. Pois não demonstram mais urgência em nos alcançar.

Tentamos forçar a fechadura que não cedeu então ela faz algo que para qualquer humano normal é impossível... "não, acho q vi coisas, minha cabeça está me pregando peças? Ela soltou um raio pela mão na direção da fechadura? Ou a adrenalina em meu sangue está me fazendo ter visões surreais?"

O que quer que tenha feito funcionou e a porta se abriu. A fechadura parece estar torta, as luzes piscam mais uma vez e vejo que na verdade está deformada. Entramos na sala está escuro "espera tem alguma coisa errada" tento segurar a mão dela para sairmos desse lugar, mas é tarde de mais. As luzes se acendem e nos dá uma visão do lugar que entramos, tem soldados cobrindo toda a extensão da parede que parece fazer um círculo exato, apenas um pensamento me ocorre "eles chegaram antes de nós".

Estão todos vestidos iguais, colete preto, camisa branca, calça estilo exercito, mas ao invés do verde camuflado estão estampadas as cores pretas e brancas, além disso, estão armados muitos deles carregam pistola de choque o que sugere que nos querem vivos, alguns poucos estão com metralhadoras sub-automáticas, talvez pro caso de os choques não funcionarem prefiro que não consigam usá-las. De repente a ideia de voltar para o lugar que estávamos, seja lá onde for, me parece ser melhor que morrer aqui. Mas não posso "ela fez tanto para nos trazer até aqui e vou estragar tudo? Não, nem pensar, se for preciso vou lutar". Olho o rosto de cada um deles e tento lembrar de algo em relação a aquele lugar. Então olho para ela agora que percebi eu e ela estamos com a calca igual a deles mas não usamos coletes ou temos alguma arma, estamos apenas com camisas brancas, as botas de borracha e calças camufladas como se tivesse perdido a cor e só tivesse sobrado o preto e o branco, algo me tira do meu pequeno devaneio e me trás para imediata realidade, na tentativa de lembrar de algo, esqueci completamente da situação.

Estamos lado a lado cercados por homens armados numa sala ampla, um pouco parecida com uma sala de espera, sem janelas ou algo que indique que estamos perto de sair. Ela me indica, discretamente, uma porta, que até então eu não tinha notado, do outro lado da sala:

- Quando eu der o sinal corra com toda sua velocidade até aquela porta. E não olhe para trás, não importa o que aconteça, só pare quando estiver em segurança.

Eu estava prestes a protestar e perguntar o que ela ia fazer quando escutei:

- AGORA! VAI!

Sem mais tempo corri. Os homens ficaram por alguns segundos atônitos, mas logo se recuperaram e começaram a atacar. Esquivei do primeiro passando por baixo dele e dei um soco no segundo que caiu desmaiado "de onde veio essa força?" Me perguntei, mas continuei sem respostas, voltei a correr, agora eles evitavam contato direto o que me dava mais espaço para correr, mas não evitava que um ou outro entrasse no caminho e tentasse me impedir, um tentou me agarrar pelo braço, mas eu com um braço livre soquei o ombro dele que acabou por se deslocar e o homem ficou se contorcendo no chão, enquanto eu ainda olhava para o soldado com o ombro deslocado um se aproximou sorrateiramente por trás e por pouco não me acertou uma cacetada me desviei no último segundo e alojei um soco na costela do agressor um terceiro tentou a sorte lutando de frente a mim, mas antes que ele pudesse fazer algo acertei um gancho certeiro no queixo. Uma das armas de choque me atingiu nas costas, senti apenas um formigamento nas costas e um desconforto, continuei abrindo caminho correndo ate a porta mais três me atingiram e vi que um estava se preparando para atingir a garota "nossa, como eu pude me esquecer dela?" uma raiva se apoderou de mim e as armas elétricas se desvencilharam do meu corpo, o piso se quebra num ponto à minha frente e aparece um pequeno pedaço de rocha, pego ele no chão e arremesso com toda força contra o atirador "uma pedra? Mas como o piso quebrou do nada? Deve ter sido a sorte". Quando cheguei à porta, vi com minha visão periférica as paredes da sala em que estávamos ceder a uma enxurrada de agua "de onde veio àquela água toda" pensei, então ouvi um estrondo atrás de mim, não tive tempo de olhar a origem do barulho. Estiquei uma mão numa tentativa em vão de tentar proteger a garota misteriosa, mas era tarde uma explosão me atingiu em cheio pelas costas.

Escuridão... Por um breve momento vejo neve mas não sinto frio, o cheiro de fumaça quase impossível de respirar invade meu nariz, então vejo um carro vermelho... e a escuridão toma conta de mim novamente.

O experimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora