Após cuidar do homem ferido, Karila aproximou-se de onde Lauren dormia e sentiu a costumeira onda de desejo. Ela estava em seu reino, o deserto. O universo primitivo que lhe pertencia.Na noite anterior, quase enlouquecera de medo de não poder salvá-la e jamais se esqueceria da visão de Lauren, parada à porta da tenda, com os traços de excitante beleza banhados pela luz das fogueiras do acampamento, e o medo refletido em seus magníficos olhos verdes.
Também não se apagaria de sua mente a sensação do corpo frágil, mas tentador, colado ao seu durante a cavalgada. Mesmo frente ao perigo daquela fuga alucinada, com os nômades muito próximos, sentira-se excitada por aquele contato íntimo. O vento do deserto jogava os cabelos negros para trás, e ela mergulhara o rosto entre os fios sedosos.
Quando acordou, pouco antes do meio-dia, Lauren estava sentada e com os olhos fixos nela.
— Bom dia... Sabbah ai kair.
— Bom dia. Não entendi o resto do que disse.
— É um cumprimento e significa uma manhã de felicidade. Você precisa aprender a falar um pouco de árabe. — Karila não sorria. — Será útil enquanto estiver por aqui.
— Mas nós iremos direto para Marrocos, não é?
— Talvez você gostasse de tomar um banho — disse ela, ignorando a pergunta de Lauren.
— Claro que sim, mas...
— Pedirei que coloquem alguns cobertores em torno do lago. — Ao notar que ela parecia em dúvida, prosseguiu — Não há nada a temer da parte de meus homens.
Lauren gostaria de lhe perguntar se também não teria motivos para sentir medo dela, mas faltou-lhe coragem.
Em poucos minutos, a pequena lagoa fora protegida de olhares curiosos por vários cobertores espessos. Karila voltou para junto dela com um traje oriental nas mãos.
— Suas roupas estão rasgadas e sujas. Vista este kaftã depois de se banhar.
Ela começava a se afastar quando Lauren a chamou:— Espere! Tenho muitas perguntas a lhe fazer. Foi meu tio quem lhe avisou que eu havia sido raptada? Como você...
— Courlaine me telefonou na noite de seu desaparecimento. Não acreditei nele. Achei que tudo não passava de mais um truque sujo de vocês dois.
— Fingir meu próprio rapto? — questionou ela, com os olhos brilhando de indignação.
— Mal eu desliguei, um homem chamado Hamid Nawab me telefonou, então eu soube que era verdade. Você fora mesmo raptada. Fui até o quarto dele e... — A expressão de Karila refletia uma frieza tão cruel que Lauren recuou alguns passos, atemorizada. — Bem, convenci-o a me levar até o responsável por seu sequestro. Como aconteceu? Foi forçada a ir? Estava sozinha na rua?
— Não, fui raptada no hotel. — Ela explicou o que ocorrera. — Ainda não a agradeci por ter me salvado. Tudo aconteceu depressa demais... o ataque, os gritos e entre eles uma voz que parecia ser a sua. Custou-me acreditar que fosse verdade. Não sei por que decidiu vir a minha procura, mas sou-lhe eternamente grata.
— Não é apenas a sua gratidão que eu quero — murmurou ela.
Chocada com o desejo primitivo refletido nos olhos de Karila, Lauren perdeu a voz e, sem nada dizer, pegou o traje que ela lhe estendia.
Hesitante, ela se dirigiu para o biombo improvisado com os cobertores e entrou na lagoa. Sabendo que ninguém a veria, despiu-se completamente. Depois de lavar as roupas íntimas e colocá-las sobre um arbusto para secar, relaxou na água muito fria, mas reconfortante.

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Habib
ФанфикLauren Jauregui sempre sonhou em conhecer o Marrocos, com suas palmeiras, o luar prateado do deserto e o aroma de perfumes exóticos. Em suas fantasias, desejava ser raptada por uma atraente princesa, que a levaria para sua fortaleza, onde a amaria c...