Quatro

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Escolhi morar no sétimo andar do Castellani

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Escolhi morar no sétimo andar do Castellani. Não é muito alto, eu sei, mas ainda assim me arrependo. Não gosto de altura, então quase não vou até minha sacada. Minhas plantas foram espalhadas dentro do apartamento exatamente por causa disso, e a tal "varanda gourmet" nunca foi usada por conta da minha fobia.

Seria, confesso, muito mais prático ter comprado uma casa em algum condomínio fechado, mas, quando o coração comanda, a cabeça sofre. Vim morar aqui para ficar mais próxima "dos meus amigos", mesmo sabendo que Kyra nunca teve intenção de se mudar para cá com Alexios.

Abro a porta do apartamento onde não piso há três anos e suspiro saudosa ao encontrar tudo no lugar. O cheiro de limpeza, dos produtos usados no piso e revestimentos me faz sorrir, mas ao mesmo tempo me causa apreensão.

— Cadê o Godofredo? — pergunto à Kyra, assustada.

— Relaxa, ele está com sua mãe essa semana. — Respiro aliviada. — É a primeira vez que vejo uma tartaruga ficar em guarda compartilhada.

Rio e concordo.

— Primeiramente, ele é um jabuti, e a culpa disso tudo é sua, nunca mandei me dar um bicho que irá sobreviver a todos nós!

Kyra faz careta.

— Como eu ia saber? Eu tinha 16 anos e o achei tão pequeno e indefeso!

Gargalho, pois agora Godofredo é enorme e a odeia! Os pés de Kyra sofrem com mordidas do meu cão de guarda quelônio. Ele é o único a desfrutar do jardim da varanda gourmet, pois passa as manhãs lá tomando sol para não ficar deprimido. É, meu bichinho tem que ter seus cuidados, mas talvez eu o tenha mimado demais!

— Difícil agora vai ser convencer sua mãe a devolver o cascudo para você! — Kyra mostra a língua. — O bicho já era mimado, olhando para todos com aqueles olhos entediados, rosnando e mordendo como um cão quando entrávamos em seu território, mas agora... eu sofro quando é minha semana de ficar com ele!

Olho-a espantada.

— É só um jabuti! — Rio. — Você o trata como se fosse gente!

— Gente, não, homem! — Ela abre minha geladeira e sorri ao pegar uma garrafa de água com gás, seu vício. — Eu deveria ter escolhido uma fêmea, aposto que não seria tão melindrosa!

Ela começa a rir, desistindo de fingir que, apesar das mordidas, é louca pelo cascudo, tanto que briga com minha mãe para levá-lo para sua casa.

Arrasto minhas malas até minha suíte e fico séria quando avisto, em um porta-retratos bem grande, uma foto de muitos anos atrás, onde três adolescentes aparecem abraçados: uma melancólica Kyra espremida entre um zangado Alexios e uma sorridente eu.

— Sente falta dele, não é?

Pulo ao ser surpreendida pela pergunta.

— Sinto falta da nossa amizade, nada mais do que isso — minto, mas sei que não a convenço. — Diego me pediu em casamento.

Alexios - Os Karamanlis #3 (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora