nome e sobrenome.

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Morar com duas fofoqueiras natas as vezes era bom, menos quando quem tentava manter um segredo era eu. Rose e Syd estavam sentadas no sofá com ambos celulares em mão quando adentrei pela porta. Ambas saltitaram para fora do sofá ao me ver.

— Você está viva! — Sydney gritou, me puxando para si.

Eu, no auge da embriaguês, ri.

— Nós já estávamos pensando em chamar a polícia do campus. — Rose disse com os braços pousados na cintura.

— Eu.estou.bem. — disse pausadamente, procurando as palavras certas.

— Ella, você está bêbada? — Syd perguntou cheirando meu hálito. Ew.

— Talvez. — eu larguei minha bolsa sob o sofá e me joguei por cima.

O cheiro de perfume masculino então invadiu minhas narinas, eu ainda estava com o seu casaco. Um casaco lindo e cheiroso.

— O que aconteceu? — Rose perguntou sentada no chão. Ela e Sydney se entreolharam.

Nem eu sabia explicar o que havia acontecido. Um cara gato e misterioso e eu dividimos uma garrafa de uísque barato no bar em frente ao campus. Ele me deu uma carona, fiquei com seu casaco, talvez nunca mais o veja, contei pra ele todos os meus problemas. Talvez isso não parecesse prudente de ser feito.

— Eu só bebi alguns shots de vodka e whiskey no bar em frente ao campus. — murmurei com o rosto enfiado debaixo da almofada.

— E achou um casaco masculino. — Sydney puxou o casaco de mim. — Tem cheiro de homem. — ela arqueou uma sobrancelha. Syd era o tipo de garota que sabia de tudo, impossível de mentir. 

Eu soltei um arquejo derrotado e me virei para as minhas amigas, que não haviam se movido.

— Eu conheci um cara no bar, ele me trouxe em casa e esqueceu o casaco comigo. Ponto.

— Nada sexual? — Rose perguntou.

— Não, claro que não. 

— Qual o nome dele? — Sid indagou dessa vez.

— Sei lá, eu não perguntei. — prendi meu cabelo em um coque e permaneci deitada. — Eu preciso dormir.

Eu precisava fugir daquela conversa, e não tinha forças para continuar falando. Tudo girava e girava, a parte ruim de ficar bêbada era que se você não estivesse completamente apagada, ficaria se sentindo uma merda.

Minhas amigas cansaram de me fazer perguntas e saíram para fazer algo, estudar, coisas do tipo. Eu permaneci ali. Bêbada e presa nas horas anteriores, aquele cara havia sido o mais legal que eu já conhecera naquele lugar. Era como se nos conhecêssemos a tanto tempo. Não houve estranheza em abrir o meu coração, tampouco ele. Seu semblante era de alguém cujo coração parecia quebrado de alguma forma, ele só precisava de alguém para conversar e eu pareci a pessoa certa, o que me deixava feliz de certa forma. E então, eu me senti triste. Eu sequer sabia o nome daquele cara, não sabia se ele estudava na faculdade, e ele pareceu feliz com o nosso encontro enigmático. 

Patrick Lee surgiu na minha cabeça feito uma bactéria e então a professora Michaels, e eu grunhi com a cabeça abafada pelo travesseiro. Eu precisava de uma boa noite de sono.


Sete horas eu já estava de pé, acordei cedo o suficiente para fugir das garotas que iriam me bombardear com perguntas. Eu tinha duas aulas antes de passar o restante do dia me preparando para o trabalho da professora Michaels e iria direto para o trabalho. E já havia separado o meu roteiro, mandara um e-mail para o treinador contando minha proposta e ele me permitira assistir alguns dos treinos durante a semana, claro, sem interromper. Me perguntei se ele achava que eu era alguma tiete louca. 

Antes Que Acabe.Onde histórias criam vida. Descubra agora