estilhaçar.

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ELLA

Eu simplesmente não conseguia parar de pensar nele.

Não sabia como ele entrou na minha cabeça. E eu odiava o fato de que ele pudesse mexer com a minha mente com tanta facilidade. Eu tinha medo do sentimento de ter alguém martelando no meu coração, me fazendo pensar a noite toda se ele também tinha sentimentos por mim.

E eu tinha mais medo ainda da possibilidade de tudo dar errado. Medo daquela dor causada pela rejeição quando você decide dar todo o seu coração a alguém que não precisa. Medo da dor causada pela abertura do meu coração dada tão facilmente e casualmente. E lá eu me encontraria, sozinha, de coração partido, deprimida.

No caminho de volta da cabana, eu permaneci a maior parte do tempo em silêncio. Deus, nós tínhamos tido uma noite incrível, porque raios eu simplesmente não conseguia...me deixar levar? Afinal, eu também queria. Eu queria porque era possível não pensar no seu sorriso brilhante, sua beleza impecável, no som da sua risada. E então, eu caia em mim, e pensava em quantas meninas já tinham sentido aquele mesmo sentimento? Eu não conhecia quase nenhuma garota do campus que não fosse perdidamente apaixonada por Chase Morgan. Então eu disse a mim mesma que ele não era caminho certo. Talvez eu devesse manter distância dele.  

Talvez.

Faltava um dia para a Ação de Graças, e eu já pensava em como seria passar o feriado só. Sid já havia feito suas malas, e Rosie voltaria um dia mais cedo, mas ainda sim, era um bom tempo sem ninguém por perto. Eu estava arrumando o balcão quando Johnny B apareceu atrás de mim.

— Pode cobrir amanhã pra mim? — ele perguntou.

— Amanhã é véspera de ação de graças, feriado, preciso da sua ajuda aqui. — respondi enquanto limpava o mármore.

— Eu sei, e eu vou te dever, porém, uma garota me chamou pra uma festa de Ação de Graças, e ela quer que eu a ajude a arrumar a casa. — ele tinha um sorriso de orelha a orelha.

Respirei fundo.

Johnny B não tinha muitos encontros, ele era apaixonado por Rosie, que era completamente alheia a sua paixão. Seria injusto se eu falasse que não, ele já havia coberto diversos dias para mim.

— Tudo bem. — me de por vencida.

— Obrigada. — Johnny B me abraçou forte, levantando-me do solo, e eu apenas ri. — Aliás, pode vir se quiser. Sei que não vai fazer nada esse fim de semana.

Eu apenas sorri fraco ao me lembrar do feriado. Ação de graças em casa nunca fora algo tão grande, não como nas outras famílias. Depois que mamãe foi embora e a minha avó morreu, era só eu, papai e vovô. Eventualmente, depois que meu avô se mudou para Montana, sobramos só eu e meu pai, que tentava fazer tudo para que fosse o mais normal possível. Acho que por isso nunca foi apenas sobre peru para mim, nem o recheio, nem as batatas assadas. Não me interpretem mal, eu amava todas essas coisas e ação de graças não seria a mesma coisa sem ela. Mas aquele feriado era sobre reunir a família, agradecer por tudo o que tínhamos; um ao outro, nossa casa e a comida que comíamos. Ser capaz de sentar em volta da mesa, e comemoramos como nossas vidas comuns eram boas, até privilegiadas.

Eu me lembro da ação de graças do ano passado, papai comprou a ceia pronta. E depois fomos assistir um filme. Eu não me lembro exatamente do filme, mas lembro que ele acabou dormindo. No dia seguinte, fomos visitar meus primos, mas fomos embora logo em seguida. Éramos sempre somente nós, e eu mentiria se dissesse que estava feliz com não tê-lo presente naquele ano.

Agradeço pelo restaurante estar vazio, mesmo sabendo que no dia seguinte todo o trabalho seria jogado para mim.

CHASE

Antes Que Acabe.Onde histórias criam vida. Descubra agora