lar doce lar | parte final.

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CHASE

Já era cerca de onze horas da noite. Eu estava sentado em minha cama, ainda pensando se deveria ir ou não. Procurei o nome de Ella em meu celular, e lhe enviei uma mensagem. Eleanor já havia me ligado para saber se eu ia. 

Eu: O que está fazendo? 

Desci as escadas, papai estava vendo televisão enquanto tomava algo. Provavelmente uísque. Sentado em sua poltrona, ele tateava algo na mesa de centro.

— Tchau, vou sair. 

— Aonde vai? — perguntou. O que estranhei, ele normalmente não se importava.

— Vou dar uma volta. — olhei-o sem sorrir.

Pela sua expressão, percebi que arrependeu-se de ter perguntado, assentiu e virou-se para mim.

— Sua mãe quer que tenhamos um café da manhã em família, tente chegar antes do amanhecer. — ele cuspiu.

Escutei-o, mas não respondi. Abrindo a porta e sendo chicoteado pelo frio mordido do alto da colina. 

Dentro do carro, observei a casa durante um tempo. Quando meu avô morreu, foi a primeira vez que eu entendi o que realmente era a morte. Me escondi no quarto durante quase dois dias, achava que se não saísse dali, as coisas voltariam ao normal algum dia. No primeiro dia, Mason ficou horas parado em minha porta, no segundo, ele não apareceu até o fim da noite. E então apareceu com um pássaro, eu abri minha porta pela primeira vez para aquele pequeno pássaro amarelo. Depois da morte de Mason, eu me fechei novamente em um pequeno lugar único, onde a vida era fácil demais, onde se eu não sentisse absolutamente nada, eu não teria que passar por aquilo novamente.

Apertei a embreagem e acelerei com a direita. O motor ganhou vida e rugiu na noite, debaixo das casas, nas ruas vazias.

Me peguei pensando em Ella. Eu gostaria que ela estivesse ali. Gostaria de lhe contar sobre minha vida na pequena Swanton. Eu deveria te-la convidado. Ri pensando no seu sarcasmo idiota, nas tentativas falhas de me afastar. Mas que merda ela havia feito comigo?

Do lado de fora do carro, pude ver a fogueira. Era do tamanho de uma maldita casa. Todos estavam por ali, picapes estacionadas, pessoas bebendo. Conforme me aproximo, eu vejo rostos conhecidos. Ou melhor, todos me vem. No meio dessas pessoas, Eleanor surge com uma cerveja em suas mãos.

— A estrela da cidade veio! — ela estava bêbada. Me abraçou novamente, tão forte quanto mais cedo. — Como está?

— Bem, e você? — perguntei.

— Bem.

Permanecemos um momento em silêncio, música tocava no fundo. Então de longe, pude ver de dentro de uma picape, um rosto conhecido. Samuel Keller, ou melhor — um dos meus melhores amigos até o ensino médio. O grande pequeno Sammy.

 Ele parou e observou em nossa direção. E então, começou a caminhar.

— Quando eu disse que todo mundo voltou, eu quis dizer realmente todo mundo. —  Eleanor disse, e então se afastou. 

Comecei a caminhar em direção de Sammy, e assim que nos encontramos, ele me puxou para um abraço.  Era estranho pensar que a faculdade conseguia separar tanto o que achavamos que era para sempre.

— Seu filho da puta maldito! — ele gritou. — Eu senti sua falta. — riu logo em seguida.

— Você não estava na merda da Inglaterra? 

— Eu estava, mas, algumas coisas aconteceram. — ele coçou a nuca. — Então voltei. 

— Que coisas? — perguntei.

Antes Que Acabe.Onde histórias criam vida. Descubra agora