O coração de Sam disparou em seu peito acelerado. Ela imaginava muitas coisas que Ana Paula fosse capaz de fazer para separá-la de Matt, mas sequestrar seu filho era algo que ela não esperava nem em seu mais terrível pesadelo. Porém demonstrar desespero naquele momento, só favoreceria ainda mais sua inimiga, que claramente já estava em vantagem. Assim, esforçou-se ao máximo para parecer calma, ainda que em vão, pois uma mãe não é capaz de esconder o desespero de sequer pensar que algo de mau possa acontecer com seu filho.
-Ana Paula, por favor, não machuque João Calvino. O que você quer?
-Você sabe o que eu quero!
-Você quer meu marido? Você sabe que isso é impossível. Juramos no altar que ficaremos juntos até que a morte nos separe. Jamais nos divorciaremos.
-Divórcio? - Ana Paula riu - Você acha que é isso que eu quero? Apenas seu marido? Vou ser bem clara com você Samantha, eu quero sim o seu marido, mas também quero seu filho, quero morar na sua casa e ler seu exemplar de As Crônicas de Nárnia. Eu quero a sua vida!
-O quê? Falas como uma louca!
-Você tem 24 horas para sumir do mapa e o Matt vir me pedir pra ser sua esposa e mãe de seu filho. De qualquer forma, você vai ficar longe do seu querido filho, mas cedendo a mim, ele continuará vivo e bem. Do contrário, te garanto que ele não ficará nada bem. E já te aviso, se envolver a polícia, será pior.
Sam correu para casa, desesperada, sem conseguir pensar numa saída na qual ela ficaria ao lado de seus amados. Ao chegar, lançou-se aos braços de Matt, contando o acontecido, entre soluços e lágrimas.
-Matt, meu amado, o que faremos? Não vejo saída além de fazer o que ela quer. Terei que fugir e nunca mais ver vocês, para que vocês vivam.
-Minha amada, não podemos ceder e deixar que Ana Paula tenha o que quer. Isso está fora de cogitação. E você consegue imaginar o quanto eu e João Calvino seríamos infelizes vivendo com ela? Infelizmente só vejo uma saída. Terei que fincar uma estaca na fonte de Ana Paula, como Jael fez à Sísera e dar um fim nisso de uma vez por todas!
-Não Matt! Por favor, não! Mesmo em um momento crucial como esse não podemos usar as escrituras como nos convém. Você se lembra de Davi e Saul? Ainda que tivéssemos a oportunidade de matá-la enquanto ela faz suas necessidades fisiológicas, sabemos que não é o que devemos fazer.
-Mas então o que faremos, minha Sam? Precisamos agir. E não há tempo para pensar! Nós iremos até a casa dela, vamos fazê-la achar que vamos ceder e daremos um jeito de trazer nosso filho pra casa - disse Matt decidido.
O casal foi até Ana Paula, com medo do que pudesse acontecer, mas confiantes de que mais uma vez venceriam aquela batalha juntos.
-Ana Paula, eu vim para te entregar o que você pediu, podemos entrar? - Sam disse pelo interfone do lado de fora.
-Olá querida, ou devo chamá-la de pobre coitada? - Ana Paula respondeu - Deixar vocês entrarem para pegarem o João Calvino e fugirem? Não sou boba. Eis o que faremos: apenas o Matt entrará, e para nunca mais sair. No dia em que tentar sair, João Calvino sofrerá as consequências. Pode se despedir da sua vida perfeita, Samantha.
Sam olhou fundo nos olhos de Matt, da mesma forma que olhou quando se despediu para ele ir à guerra e Matt entrou.
-Que bom que vocês tomaram essa decisão, Matt - disse Ana Paula, agora com uma voz suave e calma.
-Ana, já que vamos começar uma vida juntos, eu vou ser honesto com você. Eu confesso que pensei em muitas formas para escapar disso e voltar pra casa com o João e a Sam. Mas de tanto pensar cheguei a uma conclusão. Eu acho que na verdade, a intrusa de toda a história é a Sam - Ana Paula que a princípio estava desconfiada, começou a sorrir quando Matt disse isso - E eu também acredito agora que estava predestinado que eu e você ficássemos juntos...
-Sim, Matt! Finalmente as escamas caíram dos seus olhos e você está vendo a verdade. Tudo o que eu fiz, todos esses anos, foi tentar te trazer de volta ao seu propósito que é estar comigo.
Matt a abraçou e disse:
-Tenho apenas um pedido. Que você não me chame de Boaz como a Samantha me chamava. Eu quero que você me chame de Pedro.
-Pedro? - Ana Paula perguntou sorrindo e acariciando o rosto de Matt com as mãos - Não lembro de nenhuma história romântica com Pedro. Por que você quer que eu te chame assim?
-Por causa do que Pedro fez com Malco! - respondeu Matt com bravura e rapidamente cortou a orelha de Ana Paula com uma faca. -Nunca mais mexa com a minha família! - ele gritou.
Ana Paula caiu no chão gritando de dor e sangrando enquanto Matt, como um herói, saiu pela casa procurando o pequeno João. Quando encontrou, o pegou nos braços e correu para fora ao encontro de Sam que mal podia acreditar no que havia acabado de acontecer.
-Meu filho! - disse Sam abraçando a criança com todas as suas forças.
-Eu te prometi que não a mataria, Sam. - disse Matt ofegante - Mas eu não podia deixá-la impune depois de sequestrar nosso filho.
-O que você fez?
-Apenas um corte superficial para ter o tempo de resgatar nosso filho. Eu sou médico e sabia o local que a faria sangrar sem prejudicá-la no futuro. Eu vou chamar a ambulância e a polícia. Ela vai ficar bem, mas dessa vez não vai escapar da justiça.
-Matt, você pode perder sua licença por ter feito isso! - Sam questionou ainda assustada com tudo.
-Por você e por João Calvino eu arrisco perder tudo. - Matt respondeu abraçando-os, feliz por ter reunido sua família outra vez, mas temendo as consequências que sua atitude poderá trazer-lhe.
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Não perca próxima sexta-feira o desfecho final de The Presbyterians.
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The Presbyterians - Volume II
RomanceComo estarão Sam e Matt dez anos após o casamento? Muita coisa aconteceu desde que precisaram sair da Tailândia. Agora em território mineiro, trocar o açaí com carne seca por pão de queijo é o menor dos desafios. Diante das dificuldades da vida, Sam...