Marcada

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 Por Alexandra;

— Senhor Miller. — senti o toque de sua mão sobre a minha. Estávamos no banco do Jardim onde costumávamos correr. Uma leve brisa passou por nós, não era forte, mas o suficiente para mexer alguns fios do meu cabelo e levantar algumas folhas. Era outono, havia folhas amareladas no chão. Senti sua mão máscula passando sobre o meu rosto e seu dedo polegar contornando meus lábios, vi seu olhar tão pacífico e incompreensível para uma leiga como eu desvendar. Senti minhas pernas tremerem e uma sensação de nervosismo passar por mim.

Céus, me senti uma menina do ensino médio prestes a ser beijada pela primeira vez.

Ele ia recuar, mas segurei sua mão e o encarei.

— Eu quero. — falei desesperada, me senti como os Hebreus que ansiavam pelo maná que caía do céu. Eu queria o beijo dele, eu o desejava e estava pronta para aquilo.

Senti sua boca tocando meus lábios, era selvagem.

Nós dois estávamos naquele deserto e ansiamos pela terra prometida, que seriam os nossos corpos. Ele era o meu desejo e eu não iria largar.

Acordei suada e ofegante.

Olhei para o lado e liguei o abajur, George estava dormindo ao meu lado em um sono de rocha. Passei a mão pelo meu rosto e estava suado. Eu estava surpresa comigo mesma.

Eu sonhei com meu guarda-costas.

Não um simples sonho, um sonho quase que erótico e que me deixou em um estado inimaginável. Meu subconsciente mexeu comigo, me atiçou e me fez desejá-lo.

Meu coração palpitava usualmente.

Olho novamente para o meu marido deitado virado para o outro lado. Por céus, eu sonhei com outro homem e ele ao meu lado. Minha consciência agora estava em um jogo querendo me condenar, lembrou-me o sonho e me acusava de ser casada.

Eu desejei outro homem e sou casada, ela queria me acusar de adultério.

Seria uma pecadora? Talvez.

Mas, no momento, eu não se importava com isso.

[...]

George abotoa suas abotoaduras, elas são feitas exclusivamente para ele. Tem um brasão da sua família e suas iniciais. É um homem bastante elegante e vaidoso.

Ele sorri minimamente para mim e eu ofereço o meu sorriso insosso matinal.

Ele está mais arrumado que o habitual.

— Algum evento especial? — pergunto e parece que o tiro de seu momento narcisista em frente ao espelho.

- Irei até a Câmara dos Lordes, Sasori irá discursar hoje. — o irmão irritante dele. — Ele vai apresentar ao partido sua candidatura.

Fito-o sem piscar os olhos. — Seu irmão, futuro Primeiro-Ministro?

— Sim. — ele arrocha sua gravata no pescoço.

— Vetado. — altero o tom de minha voz.

— Como assim, vetado? Meu irmão será o futuro Premier deste país.

— Eu não quero o seu irmão nesse cargo, por favor, faço-o desistir disso.

— Por que eu faria isso? — Ele se aproxima de mim e eu o encaro firme.

— Não quero ninguém ligado a Monarquia em um cargo tão alto.

— Eu acho que quis dizer. — ele começa com certo deboche. — Da minha família. Não é, Alexandra?

Vossa Majestade (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora