la six mademoiselle

KORA

Me chamo Kora. Sou a gêmea que nasceu por último, e de verdade, as vezes penso que por isso herdei os traços mais perfeitos.

As pessoas estão sempre por aí comentando que posso não ser a mais velha mas com certeza sou a mais bonita. Não que eu não ame minhas irmãs e nem as admire. Muito pelo contrário, eu adoro todas elas, como partes de mim.

Meus cabelos são como fios de ouro fino, e meus olhos são os mais verdes que você já viu. Meus traços são delicados e há quem diga que a luz do meu sorriso faça inveja ao sol.

Ás vezes posso ser bem manipuladora. Mas nunca o fiz por mal. É que gosto de ter autoridade sobre as pessoas.

Não perco tempo com muita conversa fiada mas ainda assim me resta tempo para acreditar no amor. Devo admitir que essas habilidades podem me ajudar a governar um dia. Uma rainha nunca foi tão perspicaz.

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Corro no salão para alcançar o papai. A essas alturas ele já se envolveu em alguma reunião e quando isso acontece ele mal tem tempo de conversar conosco. Mas mesmo assim sou persistente e aguardo.

Bufo algumas vezes cansada de esperar. Até que finalmente, papai abre a porta acompanhado do Marquês Makyo Dion.

Eu cumprimento o Marquês com um sorriso, e ele faz o mesmo. Depois que o homem vai embora, o papai lança um olhar curioso  pra mim e eu sorrio para ele também.

— Kora. Aconteceu alguma coisa com você ou com alguma de suas irmãs?

— Não, não. Estamos bem – me apresso a dizer.

Ele respira aliviado.

— Então o que houve?

— É sobre a conversa que tivemos hoje mais cedo, no café. Eu estive pensado sobre isso.

— Essa era a ideia querida, que vocês refletissem e fizessem boas escolhas.

— Tenho certeza disso — sorri.

— E o que mais? – ele direciona mais uma vez aquele olhar pra mim.

— Eu estive pensando que, bom, eu pudesse saber um pouco mais sobre as habilidades que gostaria de encontrar num futuro rei e marido de suas filhas.

Nesse momento, papai deposita um beijo na minha testa e por um segundo eu fecho os olhos me lembrando o quão bom era quando ainda recebíamos beijos de boa noite.

— Kora, minha filha. Se conhece meu coração, saberá exatamente quem escolher. Eu amo muito você e com toda essa formosura, és capaz de encantar qualquer nobre desse país.

E então ele simplesmente vai embora.

— Talvez se tivermos mais tempo? –gritei mas não obtive respostas.