DENISE

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DENISE. Sou tímida e as vezes posso ser subordinada. Me passar de inferior. Fui a única filha que precisou estar sob aparelhos respiratórios porque na hora de me tirarem eu me sufoquei no cordão umbilical.

Então desde sempre andei calada de cabeça baixa. Não me sinto capaz, as vezes até fraca demais.

Então não, não tenho chances de suceder o trono. Acho até que passo despercebida pelo castelo.

Enquanto eu descia as escadas em direção ao baile, espio minhas irmãs que parecem tão perfeitas. Que parecem todas tão autênticas, donas de personalidades tão únicas.

Fico escorada na parede e alguns rapazes pegam minha mão e nela depositam um beijo. Eu agradeci com um sorriso tímido.

Não me sinto muito bem. Eu tenho esse problema idiota chamado asma que me impede de respirar direito.

O médico disse que quando isso acontecesse eu deveria inspirar e expirar forte. E que talvez a ansiedade atrapalhasse na minha respiração.

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Contei em voz baixa e inspirei forte.

— Licença, moça? Você está bem? — um garoto que parece ser alguns anos mais novo que eu pergunta.

Eu levanto a cabeça e quando ele me vê, abre um sorriso de canto a canto na orelha.

— Uau! Denise! Você está tão...

— Filipi. — bagunço seu cabelo com as mãos e ele sorri.

Filipi é o filho mais novo da duquesa de Primavera.

— Por onde você andou? — perguntei, ainda contendo minha respiração.

— Pelo Palácio. Minha mãe me mandou com o Henri porque quer casa-lo com alguma de suas irmãs. Eu só vim porque estou cansado de estar dentro do Palácio tendo aulas de etiqueta.

Assenti.

— Quantos anos você está?

— 15. Mas não quero me casar. Noivas são mandonas e querem nos passar pra trás.

Eu dei risada.

— Por isso que gosto de você Denise. Porque não é igual as outras garotas. Por isso deveríamos ser melhores amigos.

Os olhos azuis cristal do Filipe me fizeram sorrir mais uma vez. Lembrei de como era quando tinham mais festas no Palácio e nós corríamos no salão.

Ele era uma boa companhia e via coisas que ninguém mais via. Sempre foi muito atencioso e gentil.

Começo a tossir freneticamente e minha respiração fica fraca novamente.

— Acho que você deveria ir pra cama. Você está muito fraca.

Entre uma tossida e outra eu escapava algumas palavras da minha boca.

— Não dá. Minha mãe me mataria.

— Então venha, se sente.

Filipe me colocou numa cadeira e eu pude respirar melhor.

— Obrigada, Filip.

Um fracasso total.

la six mademoiselleOnde histórias criam vida. Descubra agora