Don't Cry.

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Eu me sentia parte dos móveis da casa. A convivência já não era mais a mesma; papai mal olhava ou conversava comigo. Eu o dou toda a razão, afinal, eu não fui um bom garoto durante esse mês.

Lágrimas silenciosas desciam por minha bochecha, enquanto minha pessoa observava a rua deserta. Bom, não tão deserta assim, já que, havia um único ser de cabelos coloridos em um tom vermelho-cereja tentando se proteger da chuva com uma mochila escolar.

Sei que rir da desgraça alheia é horrível, mas, por mais que eu estivesse triste pelos acontecidos, eu ri da situação do pobre menino. Ele sabia que aquela tentativa de se proteger de toda aquela água que caía era inútil, certo?

Limpei as lágrimas, me desencostando o rosto do vidro da janela, sentando-me no sofá. Não me atrevi a ligar a televisão, já que em meu pensamento eu só conseguia ouvir a voz do papai dizer: "seres humanos ainda não possuem para-raios na cabeça. Desligue essa televisão antes que um raio caia e te mate". Exagero, eu sei.

A tarde estava tediosa, tudo estava silencioso demais.

Minha barriga se retorcia por dentro em pura fome, mas pedir algo para comer estava fora de cogitação. Minhas habilidades culinárias é péssima, então, nada de Park Jimin na cozinha.

. . .

– Jimin.–papai me chamou ao abrir a porta da sala. –filho, já falei para não dormir no sofá. –tirou a capa de chuva, colocando-a no cabideiro que havia no canto direito do hall de entrada. –irá ficar com dores musculares.

– Acabei cochilando. –levantei-me preguiçosamente, indo em direção ao meu pai para abraça-lo; com medo de ser rejeitado por o mesmo ainda estar chateado comigo, o abracei calmamente.

– Já se alimentou? –passou o braço por meu pescoço, usando sua mão livre para bagunçar meus cabelos. Neguei com a cabeça em resposta a sua pergunta. –Vá tomar um banho, irei fazer algo para comermos.

– Que tal o senhor ir tomar um banho? –afastei-me de seu corpo. –eu posso tentar fazer algo. –'nada de Park Jimin na cozinha' vai ter que ser deixado para outro dia.

– Para você queimar os panos de prato novamente? –arqueou a sobrancelha, olhando-me de forma engraçada. –negativo, moleque.

– Qual é, pai? Só foram seis panos. –minha voz saiu de maneira indignada.  –Eu posso procurar uma receita boa de lamén no Naver.

– Nem pensar.

. . .

A pós a chuva ter dado uma acalmada, acabamos por pedir algo em um restaurante de comida tradicional coreana, já que minha tentativa de convencer o velho de fazer o maldito macarrão foi por água abaixo.

As louças acabaram por ficar por minha conta –o que não era algo ruim, já que eram poucas, por morar apenas nós dois na casa–. Ao terminar de lava-las, sentei-me no sofá de forma desajeitada, enquanto senhor Park olhava atentamente as notícias que passavam em um canal qualquer.

Ainda olhando para o rosto de meu velho, pude perceber que tinha muitas coisas em comum em nossa aparência; desde o formato dos olhos, nariz e boca. Somos realmente muito parecidos, o que me fez imaginar se ficaria tão bonito quanto meu pai quando estivesse beirando sua idade. Um sorriso frouxo escapou por meus lábios, fazendo-o desviar o olhar da TV.

– O que está se passando por essa cabecinha oca?–sorriu para mim, suspendendo uma de suas sobrancelhas.

– Não é nada. –falei ainda com o sorriso nos lábios. –apenas estava pensando em quanto me pareço com o senhor.

– Somos bastante parecidos fisicamente, porém, esse seu jeitinho travesso é herdado de sua mãe. –desligou a televisão para que pudéssemos conversar melhor. –a cor de seus cabelos e da pele é herança dela também.

– Não vamos falar sobre ela, por favor. –desviei meu olhar do seu, brincando com os anéis que estavam em meus dedos.

– Filho. –sentou-se ainda mais próximo de mim, já que dividia-mos o mesmo estofado. –iremos ter que respeitar a decisão dela.–acariciando minha nuca, puxou meu pescoço levemente para que pudesse encostar meu rosto em seu ombro. –teremos de superar isso tudo juntos.

– Eu queria a mamãe aqui com a gente. –lágrimas quentes desciam por meu rosto.

– Não chore, meu menino.

E foi nesse momento que percebi que papai havia me perdoado, e que, apesar de todos os meus erros, sendo um péssimo filho, continua me amando.

– Eu te amo, pai.

– Eu amo você, Jimin. –beijou minha bochecha. –agora, vai tomar um banho, seu porquinho. –empurrou-me de leve. –e não demore, preciso de um banho também.

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Boy With Luv -JJK&PJMWhere stories live. Discover now