III.

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Taehyung chega o mais tarde possível em casa. Ele sabe quem é o Sr. Min mas não o conhece (e também não tem vontade de conhecer), e ainda que seu plano de chegar após às dez parecesse eficaz, ele toca a campainha e é recepcionado pelo Sr. Min - e sua mãe e novo irmão atrás, conversando como amigos.

Ele odeia todos eles antes mesmo de passar pela porta de sua nova casa.

Na verdade, ele odeia todos eles antes mesmo de conhecer, mas...

Ossos do ofício.

Por que todos eles já são amigos assim, sem mais e nem menos?

Sua relação com a sua mãe não é das melhores, mas o Kim tenta ao máximo eximi-la dos pensamentos nebulosos que tem, afinal, nem tudo é culpa dela. Boa parte, talvez quase tudo, não é e nem foi culpa dela. Ainda assim, há uma parte de Tae que a ressente, e ele não quer perdoá-la mais do que já tinha perdoado até hoje.

— Oi. - Ele diz, segurando a mochila com força. Taehyung gostaria de dizer que não está nervoso...

Seria mentira. Mas para quem estava o assistindo, ele era a pessoa mais cheia de si da face da terra.

— Olá. - O Sr. Min abre os olhos comicamente, sorrindo demais pra quem está recebendo às dez da noite o filho babaca da sua namorada. Após essa reação contente, o Sr. Min abre a porta para que ele passe com uma expressão cheia de expectativa, e Taehyung sente pena dele.

— Mãe. - Diz em cumprimento, depois seu olhar recai sobre seu irmão com desinteresse. - Oi.

Não que seu irmão alfa fosse feio.

Muito pelo contrário.

— Oi. - Ele responde com igual desânimo.

Ok. Taehyung gosta dele.

— Filho, pega pro Taehyung uns cookies e refrigerante. Ele deve estar com fome, está tão tarde...

Taehyung assente em confirmação, sentando do lado da mãe - que o empurra com o cotovelo discretamente.

— Sim, pai. Você quer também?

Ah...

Taehyung está desapontado.

Uma relação boa de pai e filho?

Ele não gosta nada disso.

As conversas são breves porque está tarde, e Taehyung só tem parte secundária nelas. Até o horário de dormir, ele não diz nada, só mexe no celular.

Tae tem um quarto aconchegante "do lado do seu irmão!", e se pudesse ser sincero consigo mesmo por meio segundo, ele não quer dar uma de filho rbd no momento. Vai sim usar a cama e vai dormir tranquilamente, porque ele merece isso.

~

Pela manhã as coisas parecem ainda mais reais e só um pouco mais assustadoras.

Taehyung acordou numa cama que não se parece com a sua antiga e num espaço maior, que também não se parece com o seu quarto pequeno e infestado de pôsteres, dois pcs cheios de fotos controversas e duas estantes cheias de livros.

Ele suspira, tendo a absoluta certeza de que será uma merda viver debaixo do teto alheio, comendo da comida alheia e tomando banho no chuveiro alheio.

Ele odeia isso com paixão. A dependência é um mal, e ele não pretende permanecer doente disso. Principalmente para ômegas, sempre rebaixados, sempre precisando de ajuda, sempre à deriva da sociedade.

Taehyung vai tomar banho com o coração cheio de raiva e um nó na garganta, mas se recusando a chorar por nada em especial. Quando ele acorda assim, geralmente o dia só tende a piorar...

Os Príncipes de Oxford -- ym+tkOnde histórias criam vida. Descubra agora