Sempre me perguntei como deveria me sentir, ou como as pessoas normalmente se sentem em situações como esta. Eu deveria querer correr e sumir dali? Deveria chorar até esvair todo o líquido do meu corpo?
Pensar no dever de reações esperadas é como se estivéssemos automatizando os nossos sentimentos, para que estes se moldem em ações pré-configuradas. Mas afinal, o que somos? Máquinas em embalagens modificadas?
Quando saí da sala do xerife Benson, Josie e Dylan já esperavam por alguém que necessitasse ser amparada, mas não era assim que me sentia naquele momento. Depois do baque, talvez em decorrência da adrenalina, curiosidade, anseio por respostas, o que realmente queria era ir mais e mais à fundo nessa história. Se é uma loucura, ainda não sei. Mas eu vou continuar, por mais irracional que seja!
Me despedi dos dois na porta da minha casa. Josie ainda cogitou a possibilidade de faltar o trabalho, e Dylan também parecia disposto a permanecer na casa. No entanto, não queria os dois lá. Precisava falar com Dominic, não poderia mais esperar.
Dylan acabou por ser convencido de levar a irmã ao trabalho. Ainda vendo o carro se distanciar na pista, peguei o celular e liguei para o detetive.
📱
– Alô! Dominic?
– Sim, Srta Baker! E então, como está? Eu esperava por sua ligação, só não imaginava que seria tão cedo!
– Preciso falar sobre o Colecionador. Ele voltou a agir!
– Sim! Já estou ciente do fato…
– Como?
– Tenho contatos na polícia. Como estávamos investigando-o, pedi para que fosse informado de todo à qualquer atentado similar às ações do Colecionador que ocorresse.
– E por que não falou comigo antes?
– Qualquer pessoa estaria abalada com o fato para pensar em investigar alguma coisa; imaginei que precisasse de tempo. Ainda quer mesmo continuar com isso?
– Com toda a certeza! Poderia vir aqui?
– Já estou à caminho!
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Esperei por ele, andando de um lado à outro na sala. Eu só pensava no que poderíamos fazer; não dava para esperar até que houvesse uma segunda vítima.
Após cerca de vinte minutos, a campainha toca.
– Detetive… – Dei passagem para que este adentrasse. – Conseguiu alguma informação sobre o ocorrido?
Dominic sentou-se no sofá, observando minha inquietação. Por um momento fiquei constrangida por estar sendo tão ansiosa e incisiva em relação ao assunto.
– Quer alguma coisa? Um copo d'água, um café? – perguntei atentando-me aos bons modos.
– Não, tudo bem! Obrigado!... Soube que você esteve presente no momento do crime… Realmente não viu nada? – sondou ainda me observando.
Foi efetivamente uma situação patética. No fundo, era como se precisasse fechar os olhos. Procurava tanto conhecer a face do bicho papão que assombrava os meus sonhos, e quando finalmente tive a chance me neguei a encará-lo.
– Não!... Não o vi!... Eu… – Desviei o olhar, sentindo minhas bochechas queimarem. – Não tive coragem de abrir os olhos, só me escondi e esperei que ele se fosse.
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Vai me dar seu coração?
Mystère / ThrillerAté que ponto a mente humana é capaz de chegar para suprimir a dor de uma perda? O cérebro humano as vezes consegue mascarar lembranças pesadas, para se proteger da dor que elas causam. Mas elas sempre buscam uma forma de mostrar que ainda estão lá...