Sentei no sofá, retirando as botas para aliviar os meus pés. Estava cansada, perdida em meio ao excesso de novidades que chegaram de mãos dadas. A minha promoção, as informações sobre Harold, e o Scott... Não sei exatamente o que está acontecendo entre nós.
O celular tocou. Eu suspirei antes de atender, estava apreciando o silêncio.
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– Oi Maggie! Por que não vem jantar aqui em casa hoje à noite? – Era a Josie ao telefone.Ponderei por alguns segundos, não estava afim de ouvir mais nada do Dylan hoje.
– Estou muito cansada, Josie... Podemos deixar para um outro dia?
– Ah poxa, Maggie!... A gente está trabalhando e quase nunca temos tempo... Anda, deixa de ser preguiçosa!
– Mas não nos falamos hoje à tarde?
– Não! Você ficou calada e depois saiu correndo daquele jeito.
– Então por que você não vem para cá? Te garanto que não tem fantasmas na casa, ou pelo menos eu acho! – Tento segurar o riso, eu sabia que ela ainda tinha um certo temor ao lugar – Você só esteve aqui no dia que cheguei, está me devendo mais visitas!
Ela resmunga baixinho, mas mesmo insatisfeita acaba aceitando.
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Agora eu tenho que cozinhar alguma coisa. Não tinha pensado nisso quando convidei.
Fui me arrastando até o banheiro, tomei um banho tentando recuperar as minhas forças.
Na cozinha, improvisei um strogonoff com a carne que restara. Com certeza não estava à altura da comida da tia Rose mas, dá para o gasto!
A campainha toca; eu já sabia que era a Josie. Assim que abri a porta, ela ainda ficou parada por um tempo considerável, encarava o interior da casa.
– É... Ficou bem diferente do que eu me lembrava!
– Viu! É uma casa normal agora! – Afirmo seguindo em direção a cozinha; Josie vem logo atrás de mim.
– Mas ainda é a casa da senhora Walker! – Ela acomoda-se em uma cadeira, me observando desligar as bocas do fogão.
– E então, sobre o que vamos fofocar? – Sentei-me de frente a ela perguntando.
– Me diz você? Mal chegou na cidade e parece conhecer mais gente do que eu!
Eu já sabia de que, ou melhor, de quem ela estava falando.
– Se refere ao Dominic? – Questionei erguendo uma sobrancelha.
– E a Karen também – ela desconversa – Ultimamente é você quem tem me apresentado as pessoas, mas... de onde você o conhece?
– Ah... Bem... – Me levantei pegando uma jarra e umas laranjas, tentando disfarçar enquanto pensava. Eu não poderia dizer que havia contratado os seus serviços – Foi por acaso... no estacionamento do supermercado...
Considerando o fato de Dominic parecer viver à base de comida por encomenda, não poderia ser uma mentira menos infundada. Espremia as laranjas me repreendendo mentalmente. Eu poderia ter pensado em algo mais plausível, mas agora só preciso pedir para que ele confirme a minha versão.
Antes mesmo que eu pudesse inventar mais detalhes para a minha história, Josie volta a se pronunciar:
– Vocês estão saindo?
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Vai me dar seu coração?
Misteri / ThrillerAté que ponto a mente humana é capaz de chegar para suprimir a dor de uma perda? O cérebro humano as vezes consegue mascarar lembranças pesadas, para se proteger da dor que elas causam. Mas elas sempre buscam uma forma de mostrar que ainda estão lá...