III

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Rosália Sánchez

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Rosália Sánchez


Eu quase levei um tombo quando vi Mercedes entrando com o seu filho, eu literalmente não me lembrava dele, porque eu jamais iria esquecer um homem como ele, não mesmo.


— Amiga... — Sinto Steven cutucando meu ombro. — Me diga que você está vendo o mesmo que eu.


— Impossível não ver.


Olho para Steven que está de boca aberta na direção do homem gigante e fardado que vai tomando espaço da sala. Ele transmite virilidade, com a barba e o cabelo raspado. Eu me perco nos braços fortes, e apenas imagino como ele deve ser definido por debaixo de todo pano, e minha boca seca só de imaginar.


Dou uma lufada de ar quando noto os olhos – estupidamente azuis – dele analisando todas as pessoas que estão presentes, e Steven quase desmaia do meu lado, quando ele sorri, e meu Deus, que sorriso. Todo alinhado, e branquinho. Será que havia creme dental e escova no Afeganistão?


O homem some no corredor e eu volto a minha atenção ao meu amigo. Noto uma gota de suor escorrer pela testa dele, e eu nem vou falar de onde eu estou minando líquidos.


— Olha, eu estou impactada, muito impactada.


— Será que ele está ansioso para tirar o atraso? — Ele pergunta, e eu olho confusa para ele. — Qual é, não vai me dizer que você não irá se candidatar para pegar ele?


— Você acha que ele é gay?


— Ai, amiga, eu orando para que seja.


Rio da idiotice dele, e vou até a cozinha pegar uma cerveja para mim. Vejo minha mãe conversando com meu pai e me aproximo dos dois, para saber sobre o que estão falando.


Dificilmente meu pai vem em festas, ou confraternizações, ele nunca foi muito sociável, e ficou mais chato ainda quando começou a frequentar a igreja, não que eu veja problemas nisso, mas eu me irritei muito quando ele começou a querer que eu mudasse o meu jeito, sorte que a minha mãe conversou com ele, ou eu iria sair da casa deles.


Dona Mercedes se aproximou de nós, e eu suei ao ver o poste humano atrás dela. Coloquei meu cabelo atrás da orelha, talvez eu esteja nervosa e não consiga parar de sorrir.


— Eu não apresentei vocês, Dom, essa é a menina responsável por me deixar com um cabelo lindo. — Ela apontou para mim. — Rosália, esse é o meu filho Dominic. Dom, essa é Rosália.


Ele estendeu a mão para mim, com um sorriso amplo no rosto, e eu quase caio para trás. Aperto a mão dele, que cobre toda a minha mão.


— Acho que não preciso de uma cabeleireira ainda. — Ele brinca passando a mão na cabeça raspada.


— Pois é. — Digo, rio totalmente sem graça por estar ao lado dele.


Meu pai engata uma conversa com Dominic, e eu aproveito a distração dele para observá-lo melhor de perto. A barba crescendo sem cuidado algum, seu maxilar é bem quadrado e dar um ar mais másculo a ele. Mas os olhos, meu Deus do céu, eu havia visto de longe, mas de perto são de tirar o fôlego. E ele demonstra uma felicidade genuína quando sorri, pois seus olhos brilham. Eu estaria feliz no lugar, imagino a saudade que sentia de sua família e amigos.


— A Lia, ela é massoterapeuta também, acredita, meu filho?


A atenção da conversa volta para mim, e eu volto a sorrir quando os olhos azuis invadem a minha visão.


— Ah sim, faço diversas massagens.


Ele ergue as sobrancelhas e eu me ligo na besteira que eu acabei de falar. Ah papai...


— Interessante. — Ele sorri.


— Massagens terapêuticas, relaxantes, antiestresse. — Tento me explicar.


— Eu fazia a antiestresse, é muito boa, acho que você deveria fazer. — Mercedes fala, e eu quase me engasgo.


— É uma ótima terapia. —Digo.


— E qual você me indicaria? — Ele pergunta casualmente, enquanto bebe um pouco da sua bebida.


— A ayurvédica, é ótima para diminuir o estresse, deixa as pessoas mais calmas e ajuda até na respiração, enxaqueca, pessoas que tem depressão, ansiedade, síndrome do pânico, essas coisas... Você acabou de voltar da guerra, creio que não tenha visto coisas bonitas.


— Você tem razão. — Ele diz sério.


— Eu pagarei a primeira sessão do meu filho então, tenho certeza que será bastante benéfico a ele, só me diz seus dias disponíveis.


— É só me ligar e eu vejo um horário. — Sorrio. — Vou adorar fazer massagem em você.


Eu sorrio sem graça, mais uma vez, e saio de perto, bebendo quase todo o líquido já quente da minha cerveja. Olho para Steven e ele começa a rir de forma histérica.


— Amiga, você está roxa!


— Você não vai acreditar na merda que eu falei. 

Campo de Guerra (COMPLETO NA AMAZON)Onde histórias criam vida. Descubra agora