IV

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Dominic Bennett

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Dominic Bennett


Fiquei rindo da massagista quando ela própria se tocou no que havia falado. Mas eu não quis dizer mais nada para não a constranger mais ainda, porém confesso que a minha língua coçou para dar uma resposta atrevida a ela. Soube que a tal de Rosália é filha da dona Glória, uma amiga de anos da minha mãe, mas eu mal me lembro dela.


Circulo pela sala, onde todos os convidados da minha mãe estão, e agradeço a cada um deles pela presença, quando passo por Rosália, que está acompanhada de um carinha que não tira os olhos de mim, eu apenas aceno com a cabeça, e ela faz o mesmo.


O que mais me chamou a atenção nela, foi o amplo sorriso, e o furinho em seu queixo, que é quase igual ao meu que fica escondido pela barba. Rosália tem um corpo lindo, com curvas e coxas grossas, o tipo de mulher que me atraí. É pequena, mas tem um corpo robusto, com seios e uma bunda redonda, boa para dar uns tapas. Mas não irei ficar pensando nisso, porém não irei negar a massagem também.


Converso com Leonard, meu amigo mais próximo aqui no Oregon, ele me diz como está sendo a sua vida de recém divorciado, e que não vê a hora de sairmos para beber. E eu devo dizer que também estou ansioso por esse momento.


— Qual delas você vai querer? — Ele diz apontando discretamente para as várias mulheres solteiras espalhadas pela sala.


— Eu não sou muito fã de loiras e nem de mulheres magras. — Digo.


— Tem umas três mulheres morenas aqui, qual interessou você? — Ele pergunta com um sorriso sacana nos lábios.


Olho para Rosália, que estava conversando com o amigo dela. O cabelo longo e castanho escuro me chama a atenção, e imagino como seria se eu tivesse os fios dele entre meus dedos. Ah, eu preciso de uma mulher urgentemente, e posso ser um boçal em dizer, mas não me importo quem seja.


— A Lia? Sabe que ela só tem 19 anos, né?


— Você está falando sério? — Pergunto, um pouco incrédulo.


— Sim, cara, o pai dela ficaria putão se você chegasse perto dela, nunca vi homem mais rabugento que ele.


— Você tem certeza que ela tem apenas 19 anos? — Pergunto, ainda sem acreditar nessa história.


— Absoluta, minha filha, a Candice, faz cabelo e massagem com ela também, então sei da idade dela.


Olho mais uma vez para a menina, e nossos olhares se cruzam, e ela volta a olhar para seu amigo quando percebe que eu estou de olho nela. Mas perco todas as minhas expectativas ao saber da idade dela. Eu tenho 33, então ela está fora de questão.


No final da noite todos vão embora, e eu ajudo a minha mãe a colocar as coisas no seu devido lugar. Ela insiste que eu deveria descansar, mas não quero deixá-la com todo o trabalho, já fez a festa para mim sozinha, não custa nada eu ajudá-la.


Sento no sofá com um copo de água em minha mão, e olho para o teto, observando a hélice do ventilador girando, e girando...


— Socorro! Capitão! Minha perna!


Ouço gritos de um dos soldados em meio ao barulho ensurdecedor de tiros, e eu tento correr agachado para chegar até ele. Sofremos um ataque aéreo, e ainda escuto o som do helicóptero se afastando.


Esses filhos da puta! São tão covardes que nem esperaram a gente revidar.


— Um médico! Chamem a porra de um médico, agora! — Gritei no rádio. — William, olha para mim, olha para mim!


Seguro a cabeça do meu soldado, e ele já está gelado e tremendo. Parece que uma granada foi jogada na direção dele, e pouco sobrou de suas pernas. Eu não sei como esse homem não explodiu inteiro.


— Minha família, capitão. — Ele sussurra. — Minha filha...


— Não, olha para mim, você vai viver, entendeu? Você vai sair dessa, e vai encontrar a sua filha e sua esposa, entendido?


Ele apenas responde com a cabeça. Está perdendo muito sangue. Eu tiro meu cinto e o dele e tento fazer um torniquete nas pernas dele para tentar estancar o sangue. E logo eu fico todo sujo com o sangue dele. Vejo meu soldado agonizando, e um desespero começa a tomar conta do meu corpo.


— William! Não, você não vai morrer, seja forte.


A equipe médica chega, e eu tento acompanhar tudo que é feito, mas a minha visão começa a ficar turva, e eu me sento no chão começando a sentir a minha boca seca, e a respiração ofegante.


— Dom! Meu filho, o que está acontecendo?


Acordo sobressaltado com a voz da minha mãe e fico de pé. Droga! Cochilei no sofá e tive um pesadelo tão vivido de um dos piores dias que eu passei no Afeganistão.


— Você está suando, tudo bem? — Minha mãe me olha preocupada e eu apenas afirmo com a cabeça.


Vou até meu antigo quarto e me acomodo na cama em que eu passei grande parte da minha adolescência, e 1/3 da vida adulta. Tento me concentrar e dormir, mas ainda tenho a sensação de não estar seguro, de que estou correndo um perigo de vida. E só então tenho a consciência de que você sai da guerra, mas a guerra não sai de você. 

Campo de Guerra (COMPLETO NA AMAZON)Onde histórias criam vida. Descubra agora