Samara abriu os olhos devagar, acostumando-se com a claridade. A primeira coisa que viu foi a cor azul, predominante no céu e mesclada com os tons de branco e amarelo das estrelas brilhantes. À sua frente, um grande cipreste que, Sam sabia, era uma árvore associada à morte em várias culturas. Sentiu um arrepio.
Levantou-se do gramado e envolveu o próprio corpo com os braços finos por conta da brisa que soprava. As correntes de ar movimentando-se em espirais, assim como ela sentia seu estômago.
Onde estou?
— Você não sabe? — Uma voz melodia respondeu.
Samara olhou ao redor, mas não enxergou ninguém. Apertou mais os braços em torno de si.
— Aqui em cima! Ei!
A menina levantou o olhar e encontrou uma estrela mais brilhante que as outras. Sorriu, curiosa, ao mesmo tempo em que cerrava o olhar.
— O que… Onde…? — Acabou por deixar as palavras presas na garganta, sem saber direito o que iria perguntar.
— Me chamo Juniper, mas você pode me chamar de June. Igual a cantora, sabe? Por minha causa que ela foi uma estrela da música!
Samara franziu o cenho, ainda mais intrigada, enquanto a estrela continuava a falar sobre June Carter e seu sucesso. Como aquilo estava acontecendo? Aliás, o que estava acontecendo? E por que ela estava ouvindo — literalmente — uma estrela?
— Ei! Preste atenção em mim! — A estrela mais brilhante exigiu. Samara levantou o olhar novamente e arqueou as sobrancelhas. — O que você veio buscar, minha doce menina?
— Ora, nada! Eu nem mesmo sei como vim parar aqui. Deve ter sido um acidente. — A garota soltou uma lufada de ar e deixou seus braços caírem ao lado do corpo.
— Acidentes não acontecem aqui. Há uma razão para isso tudo. Como você se chama, minha cara?
— Samara. — Ela murmurou, incerta.
A estrela passou a brilhar ainda mais, fazendo com que Sam desse um passo para trás e fechasse os olhos.
— Você é a Srta. Revedance? — A voz agora alta e estridente. — Oh meu Deus, você voltou! Finalmente! Não acredito que serei relembrada!
— Como você sabe meu sobrenome? E… Deus, meus olhos doem!
— Oh, perdoe-me, Srta! — O brilho foi diminuindo, ao passo que voltou ao normal e Sam abriu os olhos. — Todos aqui sabemos quem você é, minha cara. Estávamos esperando por você.
As palavras da estrela fizeram Samara abrir a boca, mas sem emitir som algum. Por que estariam esperando por ela, a filha de um banqueiro que nada mais fazia além de estudar, como qualquer jovem?
— Você não é apenas a filha de um banqueiro, Srta. — A garota inclinou o olhar em direção às fonte da voz melodiosa. — Estava contando que você se lembraria de nós, mas tudo bem, você era mesmo muito pequena.
— Como é? — Sua voz saiu esganiçada por conta do nervosismo crescendo no seu âmago. Quanto mais June falava, mais confusa Samara ficava.
— Ora, se você voltou, está na hora. — A estrela ignorou a dúvida da menina e apenas brilhou mais, levemente, como se sorrisse. — Faça-me a pergunta.
— Eu tenho a muitas perguntas, June! Por que estou aqui? Como posso ouvir você e… Por que você fala como se eu já conhecesse esse lugar? E como se soubesse quem eu sou?
Samara cuspiu todas as sílabas, sem dar atenção se estava atropelando as palavras ou não. Suas mãos suavam e sua respiração falhava.
— Não, nenhuma dessas perguntas era a que eu esperava. — Samara pensou ouvir um suspiro, mas a essa altura, não tinha certeza de qualquer coisa. — Mas tudo bem, posso responder algumas por enquanto. Eu certamente ganharia algum crédito por isso! Imagine, falar mais que as outras estrelas com a Srta….
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Starry Girl
RandomUma breve narrativa sobre a garota que abriga coragem, encantos, doçura e genialidade em cada pedaço que a constitui. Cercada de mistérios e questionamentos, ela parte numa aventura mágica a fim de documentar aquilo tudo que ainda não entende.