A porta do andar de baixo bateu com força. Ela havia chegado.
-Carrye ! - Sua voz estava com um som arrastado e embriagado. Devia ter passado a madrugada inteira no club do Jack de novo.
Comecei a descer as escadas torcendo para que desta vez fosse somente a bebida que estivesse no domínio do seu corpo . Não queria passar por tudo aquilo novamente.
- Estou aqui Mônica! - Gritei já na metade da escada.
-Me chame de mãe, sua pirralha ingrata!
Desde que completei sete anos, não chamava mais Mônica de mãe ou nada do tipo. Comecei a crescer e perceceber o quão pouco ela se importava com o meu bem estar, como as mães das meninas da minha sala. Que ela não me dava carinho, não me protegia, nada disso. Acho que foi a partir daí que eu me toquei que não tinha família. Ninguém para se importar se eu voltava para casa no final do dia.
Então simplesmente achei errado chamar ela de uma coisa que ela nunca foi.Desde que eu completei meus quatro anos de idade,já dormia sozinha nessa casa caindo aos pedaços. Cresci não tendo medo de bicho papão, ou homem do saco,e sim dos namorados drogados e dos cafetões de Mônica. Cresci sem ter ideia de quem era meu pai, nessa vida infernal com ela. Ela me culpava por ter estragado seu lindo corpinho de vinte anos,e por não ter tido dinheiro suficiente pra tirar essa gravidez indesejada.
Mais isso estava prestes a mudar. Eu iria fugir no fim de semana e não iria voltar nem olhar pra traz.
Virei as costas para ela e comecei a subir de volta os degraus. Não estava afim de ouvir estas merdas de novo. Não precisava disso.
-Carrye !Não me dê as costas sua filha da puta!
Andei em passos largos pro meu quarto e bati a porta o mais forte que eu podia sem que ela caísse. Olhei para as paredes do quarto cheio de mofo, e comecei minha diária crise de tosse. Tinha adquirido uma bronquite a uns três anos atrás, desde que nos mudamos para cá. Antes moravamos com um namorado dela, que eu dava o braço a torcer que foi o melhor que ela arrumou em sua vida.
Tudo bem que ele não era perfeito, era ex usuário de drogas mais estava tentando se recuperar. Ele parecia realmente se importar com ela e me defendia sempre que podia. Eles ficaram juntos por 3 anos, um tempo Record para Mônica, mais acabou quando ele pegou ela se drogando com o amante dentro de casa em um dia que ela achara que ele voltaria tarde.
Como eu disse,Matheus queria se recuperar, tentou ajudar Mônica também, mas ela não tem salvação, então largou seu amor e foi atrás de um futuro melhor.
Mônica não se importou muito, a não ser pelo fato que iria pagar um aluguel sozinha novamente.
Nos mudamos para uma cidade vizinha, para essa casa caindo aos pedaços, que não faço idéia de como ela achou. Mônica não me contava como pagava o aluguel, mais acho que tenho uma boa noção do que ela deve fazer com Carlos,dono da casa e nosso vizinho,todo domingo a noite.Me larguei no chão ao lado da minha cama, que era mais um monte de tijolos com um fino colchão em cima,mas era a minha cama, e enfiei a mão em baixo de um dos tijolos.
Tirei dali o envelope com todo o dinheiro que eu vinha juntando.Eu havia trabalhado como uma espécie de faz tudo em uma lanchonete perto da escola, a uns três quarteirões,desde que nos mudamos. E juntei cada centavo do dinheiro para colocar em prática o meu plano.
Eu não ganhava uma grana preta, mas ganhava uma quantia bem razoável.
Tinha juntado o suficiente para o que eu precisava. Pela primeira vez na vida eu estava com um sentimento bom e desconhecido. Estava quase que feliz.
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1 mês para amar
RomanceCarrye não agüenta mais sua vida. A cada dia esta mais difícil. Ela então toma a decisão a mais importante de sua vida. Ela foge de sua vida infernal e sai sem rumo pela estrada,e se da um mês para fazer tudo que não fez durante a sua vida,para depo...