capitulo 6

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Acordei com um cara sacudindo meu ombro.

-Moça, chegamos no ponto final.

Assenti ainda meio sonolenta e desci do ônibus. Estávamos em uma rodoviária e eu não tinha a menor idéia de onde tinha ido parar. Sentei toda esparramada em um banco que tinha ali ,onde havia uma senhora lendo um jornal,provavelmente esperando um ônibus chegar. Derramei a bolsa aos meus pés,  colocando os cotovelos nos joelhos e massageando minhas têmporas.  Que dor de cabeça.

- Está tudo bem, minha filha? - Era a senhora que estava no ônibus quado eu entrei.
Ela tinha uma expressão preocupada no rosto e fiquei meio espantada por ela realmente parecer preocupada com uma estranha. Não sei bem como aconteceu isso,ou se pelo fato de alguém estar  realmente se importando,ou por eu estar ainda com  a adrenalina à flor da pele,mas comecei a chorar. Realmente chorei dessa vez. Enfiei minha cabeça nas pernas e comecei a soluçar. Nem vi quando a senhora se sentou ao meu lado e ficou dando tapinhas desajeitados em minhas costas.

- O quê aconteceu minha jovem? precisa de alguma ajuda?

Eu sabia que não devia contar minha vida pra estranhos,mas quando vi,  estava contando um pequeno resumo de meus problemas para aquela senhora. Contei só o essencial ,mas a julgar pelos olhos arregalados dela,tinha sido o suficiente para deixá-la horrorizada. Acho que eu só precisava de alguém pra desabafar depois de tudo que ocorreu, então bombardeei a senhora com tudo.

-Nossa! Mais que desastre minha jovem. Mas...você acha que sua mãe está bem nesse momento?

Quando ela disse as palavras "sua mãe", um arrepio gélido subiu por meu corpo.

- Sinceramente?  Não estou me importando muito com Mônica no momento. Para falar a verdade, pode parecer muito insensível da minha parte, mas não estou nem aí para ela.

- Entendo...-  Ela se endireitou no banco - mas acredite, não é culpa sua se sentir assim em relação  a ela. Foi sua mãe que cultivou tudo isso e você não pode simplesmente se sentir culpada pelos erros dela. Mas agora que você fugiu, vai pra onde? Se virar com que dinheiro?

Eu simplesmente dei de ombros. Ela não sabia dos meus planos. E nem iria saber.

- Olhe, eu tenho um bar aqui perto no Brooklyn ,que é na frente da minha casa. Se você estiver interessada,poderia me ajudar lá. Poderia ficar  até você decidir oque fazer... não sei. Se você quiser...
Eu não queria ir incomodar aquela senhora,  então neguei gentilmente, sem ter noção para onde eu iria.
-Tudo bem, mas, se mudar de idéia e precisar de ajuda, venha me procurar- Ela anotou seu número e endereço, e me ergueu o papel com um sorriso - Meu filho está para chegar em uma visita, fora isso, vivo sozinha-  Ela riu.
- Pode deixar, obrigada por tudo mesmo assim.
Peguei minha bolsa e andei para fora da rodoviária.
Tudo bem, calma. Respire fundo e se localize, disse para mim mesma.
Olhei uma placa na esquina da rua e , como a senhora já tinha me falado, estavamos perto do brooklyn.
Devia ser umas onze horas da noite, e eu avistei uma movimentação mais adiante na rua escura. Parecia ser um bar ou algo do tipo.
Andei atentamente até la, pronta para correr ou gritar se necessária.  Aquele lugar era bem assustador a noite.
Chegando no local,  que de fato era um bar, fui até a bancada e pedi informações sobre algum lugar que eu poderia passar aquela noite, e por sorte, ali em cima mesmo, eles alugavam quartos super baratos, mas que não incluiam comida nem nada.
Fiquei por ali mesmo, pois não tinha nenhuma opção melhor no momento.
A mulher morena de roupas justas me entregou as chaves com a maior má vontade do mundo enquando se apoiava no balcão, mascando um chiclete. Só se deu o trabalho de apontar com a cabeça atrás dela.
Me entortei um   para o lado tentando ver aonde ela indicava. E dei um sorriso bem seco me endireitando de volta assim que vi uma escadaria atrás dela. 

Subi as escadas pensando no que faria depois. Eu realmente não fazia ideia.

1 mês para amarOnde histórias criam vida. Descubra agora