Capítulo 4

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Tive que agir rapidamente.
Não pensei, apenas corri na direção de Jack e me joguei com força em cima dele, que se desequilibrou e caiu, batendo a cabeça com força no cano exposto em baixo da pia. Antes que ele se recuperasse, peguei a arma dele e puxei a trava de segurança, mirando diretamente em sua cabeça.

-Vai embora agora Jack, ou juro por Deus que estouro seus miolos! -Vi suas costas ficarem tensas e ele apertar os olhos com força, ainda desnorteado, colocando a mão em sua nuca.

- Ei...calma ai docinho...porquê o estresse?Ela nem se importa com você menina! Pare de defender Mônica! Ela é um fardo nesse mundo e você mais do que ninguém sabe muito bem disso- Disse ele ja se levantando.

-A-amor -Mônica gaguejou  - Você sabe que não é verdade, não é mesmo? Eu te amo- Ela tentou dar um sorriso em meio ao choro de desepero.

Lágrimas estavam ameaçando cair dos meus olhos. O que eu devia fazer?Salvar a mulher que fez da minha vida inteira um inferno? Ou simplesmente ir embora agora, e deixar ela nas mãos de Jack?

Não deu tempo de decidir.
Jack virou com tudo a mão na minha bochecha. Pega de surpresa, deixei a arma cair e ele rapidamente tomou posse dela de novo.

Caí com tudo no chão com o rosto ardendo,parecendo que estava em chamas.

Não levantei.Não tive forças.
Só fiquei ali, parada, enquanto as lágrimas escorriam lentamente pelo meu rosto até cairem no chão,  formando uma pequena poça.

Jack  foi em direção a Mônica outra vez,apontando a arma para ela.

- Não Jack!  Por favor! Eu vou pagar...vou dar um jeito, eu sempre dou , não é? ! Por favor não faça isso! Eu sou a melhor do club, você mesmo me disse isso!

Jack soltou uma alta e rouca gargalhada, que fez meu coração disparar.

- Dar um jeito? Sim, eu tenho certeza que você vai dar um jeito Mô- Ele se ajoelhou na frente dela e deslizou a arma por toda extensão de seu rosto e parou na bochecha.Ela estava tremendo visivelmente, soluçando e chorando de olhos fechados - Não quero mais você trabalhando comigo. Você está acabada, Mô . Os caras não te procuram mais como antes. Acho uma melhor bem rapidinho. Mas como você pretende  me pagar? Pense bem...talvez eu te dê uma única chance em consideração ao tempo que estamos juntos.

Sua voz estava mudando para um tom assustadoramente calmo.

- Você pode levar a Carrye! -  Ela disse sem hesitar nenhum segundo - Ela é jovem demais,e iria lhe trazer muitos clientes! Você iria ganhar tanto dinheiro. Ela tem muita beleza, iria quitar minha dívida!

Eu nem sequer esperei a resposta , juntei todas as forças que eu não tinha e disparei escada acima.

- Carrye ! -  Ele começou a subir,  se apoiando no corrimão,  um pouco cansado também- Volte aqui menina!

Entrei no quarto e tranquei a porta rapidamente, me afastando em direção a cama, desequilibrando e caindo sentada nela.
Fiquei sem piscar encarando a porta ate ela começar a ser socada.
Saí do transe me ajoelhando no chão e enfiei a mão debaixo do colchão, pegando o envelope que eu sabia que estaria ali.

A porta tremeu novamente, mais forte dessa vez. Não iria demorar muito até ele conseguir entrar.

- Carrye,abra a porta e vamos conversar!

Abri a caixa  que tinha minhas coisas e taquei um  bocado de roupa e enfiei tudo em uma bolsa.
Merda! O que vou fazer agora???

A porta tremeu novamente, e eu olhei em volta do quarto, procurando uma saída e me deti na janela.
Seria muito alto?

Me aproximei abrindo o vidro e olhei abaixo.
Acho que daria para pular dessa altura. Mas eu estava apavorada demais. Não sei se teria coragem suficiente.
  Houve um grande barulho dessa vez,e vi quando a porta caiu com tudo dentro do quarto levantando poeira. Jack surgiu com uma mão tampando a respiraça e a outra abanando o ar, tentando enxergar.
- Merda de casa velha! Como conseguem viver aqui?
Não demorou muito para ele me ver.
Jack tinha um olhar assassino no rosto .

- Chega Carrye, você não tem mais saída. Vem aqui, quero falar com você docinh...

Ah,mas eu tinha.

Sem deixar ele terminar de falar,voltei o olhar para a janela e agarrei a bolsa com força.

Não tinha jeito.

Não podia pensar.

Pulei .

1 mês para amarOnde histórias criam vida. Descubra agora