cumulonimbus

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n/a praticamente reescrevi esse capítulo só pq senti que tinha que trazer algo digno da demora. deixem votinhos se gostarem, boa leitura, boa quarentena e fiquem em casa pessoinhas

4

Jimin queria culpar o álcool... aliás, vinha fazendo muito disso ultimamente.

Ele era perito em procurar motivos aleatórios – que, às vezes, nem faziam sentido – os quais pudesse culpar ao invés de si, mesmo sabendo da dolorosa verdade: era um impulsivo do caralho. Quando decisões importantes são postas à sua frente, e lhe parece conveniente ter uma escolha irracional, ele passa a bola para o seu alter ego intruso, Park Babaca Jimin. Não sabe o porquê de continuar preso neste ciclo, apenas reza em silêncio para que não se arrependa mais uma vez.

O soalho sofre as consequências dos passos pesados do maior no breve trajeto até o seu antigo lado da cama. Jimin sente seu estômago contrair-se involuntariamente em ansiedade ao tombar para o lado, puxar as cobertas e abrir espaço para Jungkook. O colchão deforma, a fim de abrigar seu corpo e, logo, a cama de casal – a qual o ruivo havia acostumado a ter somente para si – fica subitamente pequena.

Seus ombros esbarram, roçando levemente, porém o contato não desperta qualquer necessidade de afastamento, pelo contrário, Jeon encaixa-se ainda mais no resquício quente do corpo de Jimin. Ele aproveita e enche os pulmões com o frescor de erva-doce do menor que desprende de sua própria pele após o uso do seu sabonete durante o banho.

Era difícil para ambos estar ali, e, mesmo lidando com o fato de que a balança pesa para o lado otimista da situação, o clima com um quê desconcertante persevera, sendo praticamente palpável.

Jungkook percebe no modo como Jimin afunda – mais do que seria considerado normal – a cabeça no travesseiro macio, nos seus olhos distantes que passeiam pelo teto, buscando inconscientemente por alguém que está enfim ao seu lado, ou em como usa da coberta como escudo contra os monstros invisíveis das responsabilidades adultas, parecendo uma criança indefesa, transparecendo sua face mais vulnerável.

Abrigados da intempérie no conforto de um refúgio, seus pés se encontram de maneira sutil sob as cobertas. Cada célula de Jimin reage ao estímulo, fazendo com que ele se vire, deparando-se com um par de bolicas estaladas no breu, as quais refletem o sombreado dos relâmpagos constantes e todo um passado deixado para trás. É quase como parar no tempo.

Um de frente para o outro, o mundo esvanece e nada mais parece ter real importância a não ser esse átimo onde os dois podem despir-se das máscaras e permitir que cada palavra não dita, seja por medo, insegurança ou ambos, flutue como uma névoa densa no espaço.

Park tem o rosto apoiado nas mãos unidas enquanto Jungoo afunda a bochecha na fronha que cheira à amaciante, mantendo um braço por baixo do travesseiro e o outro exatamente na intersecção dos dois. Todas as brigas se tornam pequenas demais, o orgulho cai por terra nos contornos sobressalentes do maxilar do mais velho no qual cada linha de seu rosto é cuidadosamente desenhada. Como magnetismo, suas bocas são atraídas naturalmente. É impossível ignorar.

A mão grande de Jungkook encaixa na face esquerda bem esculpida do outro como um gesto automático gerado pela ânsia de puxá-lo para mais perto. Ele sente sua respiração perder completamente o ritmo com a urgência de toques e estalos, nas línguas que não tardam a providenciarem um novo encontro afobado. O gostinho de menta fresco do creme dental harmoniza um no outro, na ação devota – quase desesperada – equiparada às razões de um último suspiro.

Jimin arde em chamas sob aquilo que não possui controle, a sinfonia quase pornográfica dos lábios em atrito constante o excita de tal modo que ele teme que seu calor incendeie os corpos e os ponha em uma combustão incontrolável. O mais novo se apodera da energia estimulante e passeia, firme e decidido, pelos ombros, cintura, e lombar do ruivo, deixando apertos convictos ao puxar sua perna definida sobre seu quadril. Chupando e mordiscando a pele sensível, Jimin escorrega as beiradas do tecido fino da camiseta do moreno, resvalando perigosamente ao acarinhar o interior de suas coxas e sentir o volume crescente na palma de sua mão.

why don't you have an umbrella? | jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora